A Carta das Nações
Unidas foi assinada em São Francisco no dia 26 de Junho de 1945. A ONU foi
criada e muitos foram os estados que a assinaram. Desde então são muitos os
organismos pertencentes à ONU e que lutam pela salvaguarda da dignidade humana.
O Ciclista apresenta o belo texto,
escrito pelo Marcelo Marinho do 8º E e que permite compreender que existem
muitas formas de tortura, mas que é possível ultrapassá-las…
Sonhar para
viver
Olá! Gostava de vos
contar a história da minha vida.
Sou um simples rapaz
que me encontro preso numa cadeira de rodas desde que nasci.
Sempre que me lembro,
a tortura chegava todas as manhãs, ao ir para a escola e ao ver todos os
meninos a brincar e eu ali sozinho como um cato no deserto, não tendo a atenção
de ninguém e, para agravar a situação, todas as crianças se riam de mim, sem eu
saber qual o motivo da troça. Tudo isto fazia o meu coração ficar em mil
pedaços e eu sem poder falar, sem poder dizer o que me ia na alma, sem poder
revelar a mágoa que marcava o meu coração.
O meu único apoio era
a minha família. Dava-me conforto saber que estavam presentes para o que desse
e viesse. Por outro lado, o único lugar onde me sentia bem era no meu quarto a
dormir pois, a partir do momento que fechava os olhos, começava a sonhar. Eram
momentos únicos os que eu vivia nos meus sonhos, uma vez que era lá que eu podia
sentir o vento a bater-me na cara, correr por aqueles enormes campos de trigo,
apanhar flores com emoção, entre as quais dentes de leão e soprar, para fazê-los
voar como se estivesse a aliviar a minha alma, libertando-a de pessoas más e
sem pensar em ter de ir para a escola e ser alvo de chacota. Eu sentia-me
felicíssimo no meu próprio espaço e com liberdade, jogava à bola e gritava aos
sete ventos: Gooooolo!!!!!!! Enfim,
era um infinito de atividades que podia realizar. Infelizmente, o sonho
terminava de manhã e, ao acordar, lá tinha eu de enfrentar a rotina diária
outra vez.
Finalmente, cresci e passados alguns anos, um
milagre aconteceu. Numa manhã de outono, consegui mexer os meus braços, mas o resto
do meu corpo continuava imóvel. Apesar de tudo, foi um dia muito emocionante.
Mais tarde, aprendi a escrever recorrendo ao
computador, porque queria contar a história da minha vida, escrevendo um livro
e assim o fiz. Nesse ano, foi o livro mais vendido em todo o mundo. A sensação
foi sensacional! E o que mais me satisfez foi saber que aquelas pessoas, que
gozavam comigo, passaram a respeitar-me e a valorizar-me como ser.
Na verdade, eu continuava
sentado numa cadeira de rodas, mas passei a viver a vida rodeado de pessoas que
nutriam carinho por mim.
Caros leitores,
acabámos de ler uma bonita história com uma moral importante. Infelizmente,
mais tarde este rapaz acabou por morrer nos braços dos seus pais. Quiçá,
entrando no mundo dos seus sonhos.
Marcelo
Marinho, nº 19, 8º E
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