O meu nome é Mayara,
nasci em Cabo-Verde. Neste momento estou a viver em Alemanha e vou contar-vos a
história da minha infância.
Tudo começou quando
tinha cinco anos, e tive de mudar de país à procura de melhores condições de
vida. Ainda me lembro como se fosse ontem.
Tudo começou com uma
longa viagem, o barco era frágil, ia sobrecarregado de pessoas, por isso, íamos
quase todos uns em cima dos outros. Também me lembro que naquela noite havia
uma enorme tempestade e estava muito frio. A minha mãe segurava-me com toda a
sua força, pois várias ondas vinham contra o barco que não parava de balançar. Quando
a nossa viagem terminou, felizmente eu e a minha família ficámos a salvo.
Já em Alemanha,
depois de nos termos instalado numa pacata cidade, verificámos que, assim que
saíamos à rua, todas as pessoas nos olhavam de maneira diferente. Por exemplo,
quando eu ia jogar basquete, num campo que havia perto de minha casa, sentia-me
excluída, porque todas as pessoas começavam a ir embora, ficando eu ali sozinha
apenas com a companhia da minha bola.
Ainda me lembro do
primeiro dia de aulas. Toda a gente me olhava com desdém. Eu não percebia o que
eles diziam, mas entendia por pequenos gestos, olhares e tons de vozes que
estavam a falar de mim com desprezo. Seria por não falar a língua deles? Seria
pelo meu tom de pele? Considerar-me-iam, por isso, uma intrusa?
De facto, é de
lamentar que as pessoas sejam vistas de lado por terem um tom de pele
diferente, por pertencerem a outra cultura.
Afinal, onde estão os
direitos humanos?
Onde paira o respeito
pela diferença?
Será que neste mundo
não temos direito de sermos todos iguais?
Todos os dias acordo
com a esperança de as pessoas não olharem para mim com desprezo.
Por pertencer a uma
outra cultura e por ter um tom de pele diferente, nada disto faz com que a
pessoa tenha ausência de sentimentos, que só podem ser descobertos e
valorizados se houver convivência entre as pessoas baseada no respeito, na boa
educação e na aceitação da diferença.
Anastasiya,
nº 5; Mariana, nº 20; Sara, nº 24 e Sofiya, nº 25, 8º Ano, Turma E