Parte I
- Mãe, tenho de sair,
adeus!
- Onde vais Joana?
- Vou até à praia
combinei com a Raquel no café dos pais dela, mas agora tenho mesmo de ir, estou
atrasada! Não almoço em casa. - disse eu num tom apressado a acabar de apertar
os ténis.
Ia eu num passo acelarado quando fui contra
algo. A minha carteira caiu no chão e aprecei-me a apanhar tudo o que nela estava guardado.
Quando olhei para a frente estava o rapaz mais giro de sempre. Parecia um
sonho. Era moreno, alto e de olhos azuis.
- Desculpa! - sussurrei eu envergonhada.
- Não a culpa é minha ia tão apressado que nem
reparei nesta linda menina. Estás magoada?
- Não. Não é preciso preocupares-te.
- Com tanta coisa nem me apresentei. O meu nome
é Duarte. Ia agora para o bar da praia tenho de ir ter com uma pessoa.
- Eu também estava a ir para lá vou ter com uma
amiga. Podemos ir juntos. A propósito o meu nome é Joana.
- Sim claro. Será uma honra acompanhar-te.
Enquanto caminhávamos fomos falando.
- Bem eu nunca te tinha visto por aqui. És
novo? – perguntei eu ainda constrangida.
- Não aliás não vou estar aqui muito tempo.
Estou com uns familiares. Sou aluno na escola da marinha e em breve parto
novamente para o mar alto.
- Mar, eu adoro mar. Não gozes mas toda a minha
vida eu quis ser capitã. Quando tinha 7 anos obriguei a minha mãe a comprar-me
roupas de marinheiro e um leme. Usava sempre essas roupas. Até o chapéu e o
lenço eu tinha. Só faltava a perna de pau. Toda a minha vida li poemas de
Camões, biografias de navegadores.
- Bem já posso dizer que temos coisas em comum.
Eu fiz exatamente o mesmo com a minha mãe. Bem a minha prima está ali.
- Mas essa é a amiga com quem eu vinha ter.
Chegados os dois ao café “Doce do mar” foi a
vez de Raquel falar.
- Vejo que já se conheceram por isso
despende-se apresentações. Joana espero que não te importes que o Duarte fique
connosco mas ele é um familiar e não ia deixá-lo sozinho em casa.
- Raquel chegas aqui à parte um bocadinho?
- perguntei eu. Não sei o que se passava desde que tinha visto o Duarte ainda
não tinha perdido a vergonha.
- Nunca me tinhas contado que tinhas um primo
assim.
-Vá lá Joana não fales assim ele é família.
-Eu sei, mas diz lá que se ele não fosse
“família” te importavas se ele fosse teu namorado. Ele é giro e cavalheiro. Já
há poucos assim.
-Até tens razão. Mas cala-te e comporta-te.
-Sim, senhora capitã. – disse eu a imitar o
gesto militar.
De seguida fomos as duas para a mesa. O Duarte
já tinha pedido 3 coca-colas e três pizas pequenas.
-Bem, como vocês estavam a conversar e eu não
quis interromper já fiz o pedido. Espero que vocês gostem do que eu pedi.
-Olhem o empregado já vem ali com os pedidos.
Estou esfomeada. Hoje ainda só bebi um copo de leite á presa. - afirmou a
Raquel enquanto esfregava a barriga.
De repente tive uma estranha sensação. Sentia
que naquele momento alguém nos estava a observar e toda a minha pele estava
arrepiada. Este pressentimento não passou despercebido e a Raquel fez questão
de perguntar-me o que se passava.
- Não sentes algo de estranho. Parece que
alguém nos está a observar. - olhei em volta e reparei que um senhor de
aparência suja e de meia idade. Estava vestido com uma gabardina bege e um
chapéu preto.
- Joana, se tu preferires vamos para outro
lado. Não quero que te sintas perturbada. Eu só vou avisar os meus pais lá
dentro e já volto.
Estava a ficar com arrepios e o Duarte pôs-me
o braço dele sobre os meus ombros e sorriu dizendo:
- Tem calma. Não se passa nada.
Mesmo depois daquelas palavras não me sentia
confortada. Mal a Raquel nós levantámo-nos para ir para casa dela. Ao andar na
rua reparei que o estranho homem que estava no café estava a trás de nós.
Quando entrámos no beco que dava para a casa da Raquel sentia uma forte pancada
na cabeça e cai no chão desmaiada.
Lembro-me de acordar
numa divisão e sentir-me a mexer. O Duarte estava ao meu lado com a Raquel a
tentarem acordar-me. Senti uma enorme dor de cabeça e quando toquei nesta a
minha mão encheu-se de sangue.
- Joana, estás bem.
Pensava-mos que não ias acordar mais. Tu tinhas razão. O homem que estava no
café segui-nos. A ti bateu-te com um bastão. Quando eu e o Duarte nos viramos o
homem acertou-nos com um gás que nos fez adormecer. Já é de noite os nossos
pais devem estar preocupados.
continua...
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