Desde pequenino que
sempre quis dar uma volta ao mundo de barco. Tirei o curso de ciências do mar,
apesar de ter demorado mais que o previsto, pois tive muitos problemas na
universidade…, mas não quero falar sobre isso! Trabalhei em part-time durante 6
anos para arranjar dinheiro para um barco. Estava determinado e, por isso, foi
mais fácil! Quando comprei o meu barco, batizei-o de “Capitão Freitas”! Dei-lhe
esse nome, pois era o que a minha ex-‑namorada me chamava! Ela foi muito
especial para mim e confesso que ainda sinto qualquer coisa por ela, mas ela já
tem outro namorado, por isso não posso fazer nada! Mas isso não interessa! No
dia 25 de Abril, saí do porto de Lisboa.
Ainda só estava no
15º dia de viagem e já estava cheio de saudades da minha família e dos meus
amigos. Eram 19:00h certas e o sol estava a pôr-se! Passou um barco por mim com
um casal abraçado a ver o pôr-do-sol. Aquilo fez-me lembrar um momento com a
Mariana, a minha ex-namorada: estávamos na praia em cima de umas rochas e, se
fôssemos um bocadinho mais para a frente, caíamos no mar. Era arriscado, mas
lindo. O mar estava calminho e o sol já se estava a pôr. Lembro-me dela dizer
que aquilo era lindo e de eu lhe contar o meu sonho! Ela disse que queria vir
comigo, mas agora estou aqui sozinho… Uma lágrima estava já no canto do meu
olho, não a evitei, porque sempre me disseram que homem que é homem não tem
vergonha de chorar!
Passadas umas semanas
cheguei à Índia. Decidi ir lá durante o dia. Dei uma volta pela cidade e fui
até a uma loja de lembranças que lá havia. Vi uma cruz e rapidamente me lembrei
da minha mãe! Sim, ela morreu! Fez 6 anos no dia em que parti. Sinto imensas
saudades dela! Quando ela desapareceu, pareceu-me que todo o mundo ficou
cinzento e que todas as coisas perderam o seu encanto, à exceção do mar, claro!
Pousei a cruz e levei outras lembranças da Índia. Voltei para o barco, mas
antes fui buscar mais comida!
Assim se passaram
meses… eu ia-me lembrando dos meus amigos, da minha família, e especialmente da
Mariana. Tantas coisas que nós fizemos juntos, atos malucos, atos de
apaixonados e agora… agora ela tem outro e eu estou aqui sozinho! Só eu e o mar…
afinal só o mar me entende!!
Estou de regresso e hoje
vou parar em França, já não vou dar a volta ao mundo, mas apenas à Europa. É
verdade que passei pelo oceano mais frio do mundo, mas valeu a pena… as
paisagens são muito bonitas e não cheguei a navegar mesmo no Oceano Glacial
Antártico, pois naveguei perto da costa.
Em França, decidi
tirar uns dias para ir a Paris, à Torre Eiffel. Estava no último andar e só via
casais felizes… eu e a Mariana sempre quisemos vir aqui juntos… Não!! Já chega
de memórias, não me quero lembrar de mais nada! Desci da Torre Eiffel e havia
uma pequena loja que dizia “L'amour est dans l'air” que significa “O amor está
no ar” se bem me lembro. Entrei lá por impulso e dei-me de caras com a Mariana
e o seu namorado! Ela disse-me logo olá e eu retribui-lhe o olá com um sorriso.
Só me apetecia abraçá-la, mas o namorado dela estava lá… Pelo que ela me disse,
ele chama-se Duarte e tem 25 anos. Conversámos durante um bocado e, no final,
eu perguntei-lhes o que faziam ali e eles disseram que estavam em lua de mel!
Eu paralisei, quando eles me disseram aquilo… a Mariana vai casar-se e eu não
posso fazer nada! Ela perguntou-me o que fazia aqui e eu disse-lhe que estava a
fazer a viagem dos meus sonhos e que tinha vindo a Paris por acaso. Ela sorriu…
o sorriso dela era simplesmente perfeito! Inventei uma desculpa para sair dali,
despedi-me deles e fui embora de Paris.
Passado um mês,
cheguei a Lisboa. Fui ter a minha casa e não estava lá ninguém. Fartei-‑me de
gritar pelo nome do meu pai e da minha avó e ninguém me respondia… procurei por
toda a casa e, na cozinha, o meu pai estava… ele estava… eu não acredito! Ele
estava MORTO!!! As lágrimas não conseguiam parar de escorrer pela minha cara!
Ao lado dele, estava uma carta que dizia: “Querido Lucas, se estás a ler isto é
porque eu estava enganado, mas eu achei que tinhas morrido e, como já não tinha
mais ninguém, não fazia sentido viver, mas não te esqueças de que te amo! Até
nunca, Lucas.” Liguei para o 112 e eles vieram logo ter à minha casa! Viram-no
e confirmaram que ele estava morto… eu não estava acreditar no que estava a
acontecer! Eu tinha acabado de perder o meu pai e não sabia onde estava a minha
avó! Os médicos levaram o corpo para a casa mortuária e eu tentei ir também,
mas não me deixaram! Os vizinhos vieram todos ali ter por causa da confusão e
uma senhora que veio ter comigo disse que lamentava a minha perda, mas que a vida
não acabava ali. Perguntei-lhe logo pela minha avó, pois de certeza que ela
sabia dela! Ela não queria falar, mas acabou por dizer da maneira mais calma possível
que a minha avó também tinha morrido!
Fugi para o barco. Eu
não acredito que isto me está a acontecer! A pessoa que eu amo casou-se e a
minha família morreu TODA! Ninguém devia ter de passar por isto! O único local
que me faz sorrir é o mar… e é por isso que vou fazer o que vou fazer! Escrevi
uma carta a dizer que ia viver no mar, num barco para o resto da minha vida e
que, para sobreviver, ia parando em alguns países, para tomar banho e para
comprar comida. Mas depois lembrei-me: a quem é que eu vou enviar isto?? A
quem?? Ninguém se importa comigo!
Rasguei a carta e
prossegui o meu caminho!
Texto
realizado por :
Beatriz
Duarte, nº 7, 7º B
Escola
Básica nº 2 de Vilarinho do Bairro
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