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terça-feira, 18 de junho de 2013

“O tesouro ainda lá está, na Mata de Roquelanes” - “O tesouro ainda lá está na mata de “Roquelanes”


“O tesouro ainda lá está na mata de “Roquelanes”


  No dia seguinte ao trágico incidente da morte dos três irmãos de Medranhos, Martino, um pobre e sensível serralheiro de Medranhos, reparou naquelas três pessoas mortas num jardim ao pé do lago. Não sabia o que fazer! De repente, lembrou-se de os enterrar num bonito jardim a poucos quilómetros daquele local. Para além de enterrar os cadáveres, “enterrou” também o assunto. Sendo assim, Martino nunca havia de falar deles a ninguém.
  Entretanto, dias depois, decidiu ir outra vez ao lugar, onde os tinha encontrado e reparou que havia um cofre velho com três chaves perto dele. Abriu-o e, para seu grande espanto, viu muitas moedas de ouro e logo pensou:
  - Uau! Isto foi um milagre! Precisava tanto destes valores para melhorar o meu estado de vida e dar umas prendinhas à minha mulher e aos meus filhos que tanto merecem!
  Martino tinha um irmão, o Julião.
  Julião era rancoroso, mal-educado, ambicioso e muito invejoso. Martino não queria assim contar ao irmão o que lhe acontecera com medo que ele fizesse alguma coisa só para ficar com o tesouro todo para si, mesmo que isso afetasse a vida da sua família.
  Martino foi, então, para casa carregado com o baú. Assim que chegou a casa, Gorjete, a mulher, logo lhe perguntou:
  - O que trazes aí? Um baú com lenha a fingir que trazes riqueza?
  - Não, Gorjete! Este baú traz mesmo riquezas! Ouro! Muitas moedas de ouro!
  - Não traz nada! – exclamou a mulher, admiradíssima.
  - Traz, sim! Ora vê!
  Mal Gorjete fixou os olhos no tesouro, uma imensa alegria saltou ao de cima. Pulou, gritou, soltou gargalhadas… Enfim, ficou tão feliz que não conseguiu esconder a sua alegria.
  Gorjete era assim, impulsiva, simpática, humilde, amiga, alegre.
  Seguidamente foi chamar os filhos para verem o que o seu pai tinha encontrado na mata.
  Os seus filhos, Arturino que tinha treze anos e que era magricela, sensível, alegre e impulsivo como a mãe, e Rosalina que tinha catorze anos e que era gordinha, tímida, alegre, inteligente e humilde ficaram muito admirados e muito contentes, já que poderiam recomeçar a estudar. Pode parecer estranho, mas foi na primeira coisa em que estas duas crianças pensaram.
  Bem! Muitos dias passaram até que, sem querer, Arturino comentou com o filho de Julião, Marcos, que a sua família estava rica, porque o pai tinha encontrado um tesouro.
  Marcos era ciumento, ambicioso, coscuvilheiro, rancoroso e muito materialista. E, então, foi contar ao pai o que Arturino lhe tinha dito.
  Julião, de tanta inveja que tinha do seu irmão Martino, foi logo arranjar uma maneira de acabar com a felicidade da família dele. Saiu então do seu local de trabalho e, nesse preciso momento, o seu filho perguntou-lhe:
  - O que é que o pai vai fazer?!
  - Cortar o mal pela raiz!
  - Como assim?
  - Acabar com esse tesouro que lhes trouxe harmonia e felicidade! Eles vão ver! Hão de ser sempre pobres e infelizes!
  Julião foi assim ter com Martino e disse-lhe:
  - Nunca hás de ser tão feliz quanto eu! Nem tão bom quanto eu!
  - O quê?! Do que estás a falar?
  - Do tal tesouro que encontraste!
  - Ah! Então, já sabes?! Sim, é verdade! E sim, estou muito feliz, mas nunca me vais conseguir derrotar, porque posso ser pobre, porém, tenho uma família maravilhosa e feliz, ao contrário de ti, que são todos rancorosos e mal-educados!
  - Pois, mas não fiques tão contente que um dia a tua felicidade vai acabar!
  - Não contes com isso! Só há uma coisa que me podes fazer para que a minha felicidade acabe, que é matar-me!
  - Se for preciso matar-te, mato!
  - Não tenho medo de ti! Vais fazer-me o mesmo que fizeste à tua mulher?!
  De repente, Julião sentiu uma dor imensa no peito, que fazia com que não respirasse. Martino, mesmo com a desilusão que tinha para com o irmão, preocupou-se muito com ele. Contudo, Julião acabou por morrer minutos depois.
  Entretanto passaram os anos, Martino e Gorjete já eram velhos e até já tinham netinhos.
  Na verdade, o tesouro acabou por dar muito jeito a esta família porque, para além de ter trazido harmonia e felicidade, fez com que Arturino e Rosalina tivessem acabado os estudos e arranjado um bom emprego como engenheiros civis.
  Marcos, por sua vez, para conseguir ganhar para comer tinha de trabalhar nas terras.
  O tesouro deu assim para Martino, para os seus filhos e ainda para os seus netos. O tesouro acabou por assim dar mesmo muito jeito a esta família tão carenciada. É mesmo para se dizer: “Trouxe tanta harmonia e tanta felicidade que foram bem merecidas!”

Ana Francisca Marques, nº 2, 8º F

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