Após a
análise do conto “O Tesouro” do nosso célebre escritor Eça de Queirós, foi
pedido aos alunos do oitavo ano, turma F, que imaginassem a continuação do
conto com novas personagens, na medida em que este termina com a expressão: “O
tesouro ainda lá está, na Mata de Roquelanes”.
“O
Ciclista” irá assim dar-vos a conhecer um pouco o resultado desta proposta de
escrita.
Sara Castela, Professora de Língua Portuguesa e O Ciclista
O
reencontro do tesouro
Passou já
algum tempo depois da história dos três irmãos, Rui, Guanes e Rostabal, com um
final doloroso e secreto, pelo facto de ninguém saber o que se passara com eles
e com o tesouro, por não ter sido esta história divulgada.
Sendo
assim, aqui vos deixo com uma pequena história criada por mim, partindo da
célebre frase: “O tesouro ainda lá está, na mata de Roquelanes.”
Certo
dia, três rapazes amigos, o Filipe, o Álvaro e o António, jogavam à bola num
terreno de terra batida, que tinha sido desflorestado há pouco tempo, perto da
mata de Roquelanes. Durante a jogada, a bola foi parar perto de umas rochas.
Filipe, como corajoso que era, decidiu ir buscá-la, mas tropeçou e caiu. Os
amigos vieram-no logo socorrer e ao tentar ver onde ele tinha tropeçado, repararam
num grande cofre de ferro entre duas rochas. Os três amigos ficaram radiantes,
ao verem aquela quantidade de ouro à sua frente e, por segundos, começaram a
imaginar o que poderiam fazer com tudo aquilo, mas voltaram à realidade e só
queriam tirá-lo daquele lugar para o levarem.
O
António gabava-se ser o mais forte e se conseguisse tirar dali o tesouro, ele
ficaria com a maior parte em relação aos outros. Então, ele tentou mil maneiras
mas o cofre, na verdade, era muito pesado e grande. Filipe, por sua vez, só se
preocupara em levar toda a sua parte nos seus grandes bolsos do casaco, das
calças, onde coubesse, sem se preocupar com o que poderia acontecer a seguir,
até que os amigos o avisaram de que aquela não era a melhor maneira de levar
consigo o tesouro, pois poderiam assaltá-lo. Álvaro era o mais alto dos três e
o mais velho. Ele aproximou-se do tesouro, tapou o cofre e propôs que fossem
cada um para sua casa avisar os pais de que tinham encontrado um cofre e que
precisavam de ajuda para o retirar de entre as rochas. Os jovens aceitaram a
proposta, mas esqueceram-se que normalmente o Álvaro fazia sempre más escolhas
em todas as situações e que nunca pensava antes de agir, apesar de eles todos o
estarem a fazer naquele momento. Então, foram cada um para sua casa como o
proposto e contaram aos pais. Eles não acreditaram, porque não era algo comum
de encontrar e visto que tinham sido crianças a fazê-lo, o habitual era poderem
estar na brincadeira. Como tal, para provarem que não estavam a brincar, os filhos
disseram-lhes para irem com eles no dia seguinte à mata de Roquelanes, onde
tinham encontrado o cofre.
Ora,
no dia seguinte, lá foram eles e era realmente verdade o que os três jovens
diziam, para espanto dos pais.
A
emoção era tanta que começaram a espalhar a notícia e, sendo assim, já andava
de boca em boca: “ O Filipe, o António e o Álvaro encontraram um tesouro!”.
Então, iam surgindo propostas de pessoas a oferecerem-se para ajudar a retirar
o tesouro da mata, e a cada pessoa que quisesse ajudar os três amigos ofereciam
10 dobrões de ouro. Com essa oferta, as pessoas ficavam ainda mais interessadas
em ajudar. Porém ,
passavam-se dias e dias, e o tesouro continuava no mesmo sítio. A única coisa
que se mexia era o ouro a desaparecer aos poucos e os três jovenzinhos não
conseguiam guardar nem esconder o tesouro, estando ele no mesmo sítio, onde já
muita gente o tinha visto.
A
cada dia que passava, uma terça parte do cofre desaparecia. Os jovens estavam
preocupados, porque não estavam a conseguir segurar todo aquele dinheiro dentro
do cofre. Até que chegou um dia em que eles repararam que dentro do cofre só
estavam 20 dobrões de ouro. Ficaram pois angustiadíssimos. Como era possível o
ouro ter desaparecido tão depressa?!
No
fundo do cofre de ferro, estava escrito algo ilegível, acompanhado por uma
gravura antiga. Intrigados, retiraram o restante ouro e limparam o fundo do
cofre e leram a seguinte frase: “ O mais
importante é o interior". Eles assim perceberam que o mais importante
era o que estava dentro do cofre e não o exterior, e não havia interesse nenhum
em retirar o cofre do sítio, porque é sempre no interior que está a riqueza.
Neste caso, o interior do ser humano que deverá saber cultivar a honestidade.
Também se aperceberam que antes de agir deveriam ter sido mais prudentes e
pensado melhor no que deveriam ter feito.
Sofia Ferreira, nº 23, 8º F
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