O
tesouro da mata de Roquelanes
Passado algumas semanas, dois amigos de Rui
aperceberam-se que ele e os irmãos já não apareciam há algum tempo. Então esses
dois amigos, o Pedro que era baixo, com bigode preto e tão ambicioso como o Rui
do conto de Eça de Queirós e o outro chamado João que era gordo, arrogante e
com muito mau aspeto, foram à procura do seu amigo e dos irmãos. Percorreram
Medranhos todo até que se lembraram de que os três irmãos costumavam ir à mata
de Roquelanes, à procura de tortulhos, e decidiram ir lá procurar os três irmãos.
Quando estavam a dirigir-se à mata de Roquelandes depararam-se com a égua de
Rui e fizeram uma busca ao local, até que encontraram Rui já morto, no chão e,
ao lado, uma garrafa de vinho. Pela cor da sua face, via-se que Rui já estava
morto há algum tempo. Um pouco mais à frente, encontraram o cadáver dos outros
dois irmãos mortos por uma facada. Pedro e João puseram a hipótese de alguém os
ter matado, mas como parecia que Rui não tinha sido morto à luta, ficaram mais
preocupados. Tentaram ver se havia algum vestígio de um combate dos mouros
contra eles, mas não encontraram nada. Até que olharam mais uma vez para o
cadáver de Rui e viram algo a reluzir no seu bolso. Os dois amigos
aproximaram-se e um deles meteu a mão no bolso e tirou três chaves. Ficaram
intrigados, pois não sabiam para que seriam as chaves e foram tentar descobrir
outras pistas sobre a morte trágica dos irmãos, quando de repente se depararam
com um baú que estava no meio de uma rocha escavada. Ficaram os dois radiantes
ao ver tal coisa e foram rapidamente até junto dele. Abriram-no com muito
cuidado e ânsia, deparando-se com milhares de dobrões de ouro. Imaginaram de
imediato o que teria acontecido com os três irmãos, sendo provavelmente a causa
da morte a ambição e a desconfiança por parte dos três.
Os dois
amigos pensaram o que iriam fazer com tanto dinheiro e, ao contrário dos
irmãos, entre Pedro e João não havia qualquer desconfiança, cada um pegou num
bolso cheio de dobrões e levou-o para Medranhos, deixando o resto do tesouro no
mesmo sítio.
No dia seguinte, quando João foi ver se o
tesouro se encontrava no mesmo lugar, descobriu que o lugar estava vazio.
Procurou por muito tempo nas redondezas e nada encontrou! Dirigiu-se, então, a
casa de Pedro para lhe contar o que se passara, mas esse não se encontrava lá.
Já muito cansado e desiludido, foi ao café beber algo e o empregado perguntou:
-Está tudo bem contigo?
- Não se passa nada! Só quero saber se por
acaso alguém viu o Pedro?
O
empregado rapidamente disse:
- Ele partiu para muito longe, já há algum
tempo.
João, muito aborrecido, dirigiu-se a casa,
ficando assim danado com Pedro pela atitude tão inesperada e desagradável que o
amigo teve para com ele, querendo ficar com todo o tesouro para si e sua
família.
Afinal, a ambição falou mais alto que a
amizade.
Manuel Garruço, nº 15, 8º F
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