Raquel era uma
rapariga muito simpática, alegre e inteligente, tinha uns olhos verdes, uma
pele muito branca, era magra e muito alta e vivia na Mata de Roquelanes, numa
linda casa de campo com a sua mãe e o irmão.
Nessa Mata, havia um
espaço desabitado e era nesse sítio onde Raquel tinha por hábito ir estudar e
estar sozinha. Decidiu assim dar-lhe o nome de Cristal. Na verdade, a rapariga
admirava muito aquele lugar, pois não havia barulhos e só se ouvia o agradável
chilrear dos pássaros e o grasnar dos patos no rio.
Num dia de primavera,
Raquel estava no Cristal, sentada numa rocha, debaixo de uma árvore a ler um
livro e olhou para o rio e reparou que, ao longe, havia uma caixa muito
brilhante e com curiosidade, foi ver o que era, e quando olhou para o baú de
mais perto, não podia acreditar, já que parecia ser um tesouro. O baú tinha
três fechaduras. Raquel, sem saber o que fazer, procurou as chaves e
encontrou-as perto do rio e, quando abriu o baú, viu que estava cheio de ouro,
e foi depressa contar à sua mãe, mas não podia deixar o tesouro ali e então,
arrastou-o para um barracão ali perto, e foi a correr para casa. Quando Raquel
chegou a casa, a sua mãe estava no jardim.
- Mãe, encontrei um
tesouro! – exclamou ela.
- Estás a falar a
sério? – indagou a mãe, incrédula.
- Sim, encontrei-o
perto do rio e escondi-o num barracão!
- Vamos lá ver esse
tesouro!
A vizinha de Raquel,
que se chamava Antónia e era conhecida por ser a idosa mais velha e má da
aldeia, ouviu a conversa e foi até ao Cristal à procura do tesouro.
- Este tesouro tem de
ser meu! – comentava ela – Talvez chegue primeiro que elas!
Quando a vizinha de
Raquel chegou ao Cristal, dirigiu-se de imediato ao barracão e roubou o tesouro
e, assim que se apercebeu que Raquel se aproximava do local com a mãe, foi-se
embora rapidamente.
- Onde está, então, o
tesouro, filha? - perguntou a mãe de Raquel.
- Ele estava aqui,
alguém o roubou!
- Tens a certeza que
não foi da tua imaginação?
- Sim, a pessoa que o
perdeu deve-o ter encontrado!
- Raquel, deve ter
sido tudo resultado da tua imaginação. Vamos para casa!
Mal Raquel chegou a
casa, começou a pensar como podia ter desaparecido o tesouro, e não chegou a
uma conclusão, razão pela qual houve um momento em que pensou mesmo que tudo
tinha sido produto da sua imaginação.
No dia seguinte,
quando Raquel ia a caminho do seu local preferido, foi ao barracão, ver se via
o tesouro mas não o encontrou até que viu ao longe a vizinha com o baú na mão e
aproximou-se dela, perguntando:
- Onde encontrou esse
baú?
- Deram-mo.
- Mentira! Foi você
que roubou o meu tesouro que estava no barracão!
- Não conheço nenhum
barracão!
Depois desta pequena
discussão, a mãe de Raquel apareceu, falou com a filha e levou-a para casa.
Raquel não conseguia esquecer o facto de a sua vizinha lhe ter roubado o
tesouro e pensou num plano para lho tirar naquela noite.
Assim que começou a
anoitecer, Raquel saiu de casa, sem ninguém ver e entrou em casa da sua vizinha
sem ela reparar, e pensou onde estaria aquele tesouro. Então, decidiu ir
procurá-lo, pois reparara que afinal ninguém estava em casa. Entretanto, foi à
janela do quarto e ouviu alguém dizer:
- A Sra. Antónia
foi-se embora, vi-a agora mesmo com uma caixa na mão e acho que foi para o
outro lado do rio. Pois ainda há pouco, a ouvi a comentar isso com o dono da
mercearia.
Raquel foi logo para
o Cristal e quando lá chegou, viu a Sra. Antónia perto do rio, onde havia uma
ponte muito instável, e quem por lá passasse com um simples passo podia cair à
água.
- Espere, não passe
pelo rio, pode cair! – gritou ela.
- Não me interessa,
tu queres é o meu tesouro.
- Sim quero, porque
fui eu que o encontrei, mas não me importo de o partilhar, se mo der de volta.
- Não, tu vais
enganar-me!
No preciso momento em
que a Sra. Antónia começou a passar o rio, a ponte caiu e ela, então, tentou
agarrar o baú.
- Dê-me a mão para
não ir pela corrente! – pediu a Raquel.
- Eu não consigo,
tenho de agarrar o tesouro!
- Deixe o tesouro,
tem de se salvar!
Raquel conseguiu assim salvar a vizinha e de
seguida, ainda tentou ir atrás do baú, mas não o conseguiu apanhar e foi ter
com a Sra. Antónia.
- Está bem?-
perguntou a Raquel
- Sim.
- Ainda bem que não
foi com o tesouro.
A Sra. Antónia, nesse
preciso momento, apontou para o rio, e disse a Raquel:
- Olha, o baú ficou
preso naquele ramo de árvore!
- Eu vou tentar
apanhá-lo.
Raquel foi a correr
até àquele local, e conseguiu apanhar o baú a tempo.
- E agora, quem fica
com ele?- perguntou a vizinha de Raquel.
- Podemos partilhá- lo!
– sugeriu ela.
- Eu ia gostar muito,
mas o cofre precisa de três chaves. Assim nunca o poderemos abrir.
- Eu sei onde estão.
Após terem partilhado
o tesouro, a Sra. Antónia passou a ser mais simpática para as pessoas da
aldeia, e a mãe da Raquel pediu desculpa à filha por não ter acreditado nela.
A Raquel estava muito
feliz por tudo se ter resolvido da melhor maneira e, com uma parte do seu
tesouro, decidiu fazer uma festa para a toda a aldeia.
Sandra Duarte, nº 22, 8º F