O que posso dizer sobre a
abolição da escravatura?
Bem! Depois de tanto tempo
passado, posso afirmar que atualmente me sinto diferente, uma vez que se
completou um vazio que se fazia sentir.
É possível que a palavra escravo seja demasiado forte mas, como
se costuma dizer, “Há algo mais verdadeiro que a verdade?”. Porque não imaginar
este facto através dos “olhos” de alguém que por ele passou?
Vejamos, então!
Hoje posso dizer que sou livre
e assim como um pássaro levanta voo, também eu me levantei e lutei para assim
ser. Na verdade, estava farta de me levantar todos os dias e ser obrigada a
fazer coisas de que não gostava, desde trabalho obrigado e contrariado a
servidão. Tudo isto crimes e violações dos meus direitos como ser humano.
Mas, como tudo o que existe
muda, também eu e alguns colegas meus decidimos marcar a diferença, fazer
frente a tudo e a todos, superar o medo e agarrar em vinte segundos de coragem
e usá-los da melhor maneira possível.
Foi graças a isso que agora
falo em vez de calar, escrevo ao invés de guardar um punhado de histórias só
para mim. Uma coisa é certa, não vou esquecer as longas conversas que eu e os
meus colegas tivemos sobre os nossos sonhos, sonhos esses que realizaríamos se
fôssemos livres. Eram listas de ações que queríamos fazer antes de morrer,
ações que nessa altura pareciam impossíveis e que agora até parecem banais, mas
que fazem com que um pequeno sorriso nasça nos nossos rostos e seja solto como
um sopro leve e fluido.
Decerto estão presentes também,
na nossa memória, todos os colegas que morreram na tentativa da mudança. Pode
ser dos tempos ou da época que escolhemos para a mudança, mas nós tivemos
sorte, a sorte de ter apoio.
Talvez a escravatura tenha sido
pior do que se imagina, talvez nos deixemos levar pelo simples pensamento “se
não acontece, já não vai acontecer” para não sentir medo… O medo que qualquer
pessoa sentiria se fosse obrigada a fazer coisas que não quisesse e de que não
gostasse. Entretanto, a escravatura pode voltar com novas formas, por isso é
preciso estar sempre alerta.
PENSA NISTO!!!
Beatriz Agante, O Ciclista
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