Num dia em que o
biólogo Leonardo estava sentado no sofá a olhar, não a ler, só a olhar o seu
jornal, que comprava todos os dias e nos quais tinha esperança de vir a
encontrar um emprego, algo de inesperado aconteceu.
Este jovem
desempregado há muito que já não exercia as suas funções, devido a um acidente
de laboratório, que ocorreu num dia em que Leonardo se precipitara na junção de dois
líquidos mal identificados e criou uma enorme explosão, provocando a destruição
parcial do seu laboratório e alguns ferimentos nos seus colegas de trabalho,
que também se encontravam no local. Esta situação conduziu-o ao seu
despedimento imediato.
Então, nesse mesmo
dia, quando se preparava para tomar o seu duche matinal, o telefone começou a
tocar, e o biólogo bastante surpreendido atendeu:
-Estou! Bom dia!
-Bom dia!- saudou a
voz do lado de lá do telefone.
-Desculpe, quem fala?
- perguntou Leonardo.
-Daqui fala o
Roberto, almirante da marinha, não sei se me conhece?
-Conheço, mas apenas
de vista! O que pretende de mim?
-Necessito de falar
com o senhor, mas não ao telefone, na medida em que é um assunto demasiado
importante. Não se importa de se encontrar comigo no cais das Colunas?
-Com todo o gosto! E
a que horas? - perguntou Leo, muito entusiasmado.
-Daqui a meia hora, o
que me diz?
-Por mim, tudo bem!
-Então, até daqui a
pouco!
-Até já!
Leonardo normalmente
nunca saía de casa, só quando se deslocava ao minimercado é que utilizava o seu
carro. Um carro que era já muito velho, com a cor desbotada, borrachas de
vedação gastas e os estofos danificados. E sempre que Leonardo acelerava mais
um pouco do que era habitual, o seu carro produzia bastantes ruídos e fumos
fora do comum, motivo pelo qual já tinha ido a muitas oficinas mas, por muito boas
que fossem, ainda não tinham sido capazes de resolver aqueles problemas.
Conforme combinado,
Leonardo vinte minutos após o telefonema entrou dentro do carro, rodou a chave
e dirigiu-se ao cais das Colunas. Quando chegou ao local, já lá se encontrava o
Roberto.
Se Leonardo estava
curioso, mais ficou ainda quando reparou que Roberto estava acompanhado por
outra pessoa.
A conversa durou
vários e longos minutos. Leonardo ficou assim informado de que embarcaria daí a
dois dias na companhia de Charles Darwin, um homem muito barbudo, um pouco
introvertido mas de muito conhecimento na área da biologia. Para Leonardo era
um privilégio viajar com Charles Darwin.
A viagem, que se
sucedeu num enorme navio da marinha inglesa de nome Beagle, foi fantástica. Da
proa à popa tudo estava incrivelmente limpo, a madeira brilhava, os metais
reluziam com a incidência do sol e estar no convés no meio do oceano era
empolgante.
A viagem foi única para Leonardo, pelas
magníficas ilhas que visitaram, onde encontraram figuras míticas como medusas e
sereias muito belas a cantarem docemente. Algo que ninguém tinha visto até ao
momento e ninguém acreditava que existia.
Agora já há um
testemunho pessoal de que tudo o que contam sobre figuras míticas é verdade. O
Leonardo, por sua vez, estava entusiasmadíssimo com tudo aquilo que viu e
sentiu!
Quanto à teoria de
então de que medusas e sereias apenas existiam na imaginação, graças a esta
viagem, acabou por ser completamente ultrapassada.
João Rocha, 8º F
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