Marina
vivera toda a sua vida no Equador. Sua aparência era meiga e negra. Desde que
se lembrava só via terra, areia e mesmo a água era rara.
Seus
pais eram pessoas cultas. Eram os dois médicos e, sabendo que aquele não era um
local saudável para a filha de ambos viver devido à falta de higiene e ao fácil
contágio de doenças, decidiram emigrar. Mariana tinha SIDA o que fazia esta ter
menos resistência que os outros, mesmos até a uma simples constipação.
O
local para onde a família se ia mudar era seguro e sabiam que iriam ter um
futuro melhor. Iriam para Portugal.
A
ideia de se mudar não afetava muito a pequena Mariana. Sempre fora uma menina
tímida e para ela era difícil ganhar amigos. Ao contrário dos pais não estava
ansiosa por ver se as instalações da casa eram boas. Há um ano que andavam em sítios
da internet à procura de um bom lugar para irem viver. A sua casa situava-se
numa cidade designada Seia. A menina
só sabia que era uma terra fria mas para isso nada melhor que usar roupinha
quente.
Ao
chegar ao avião os seus pais estavam a chorar. O seu pai dizia que era uma
“coisa” no olho, mas a sua mãe admitia o choro. Na verdade para eles era
difícil deixar a sua terra Natal mas tinham de pensar no futuro da filha e
viver sem ela era um cenário assustador.
Era
Janeiro e quando chegaram a menina viu pela pequena janela partículas brancas a
cair do céu. O que seria aquilo? Era tão misterioso! Era algo de outro mundo.
Rita, a mãe de Mariana, viu a filha a olhar fixamente para a janela.
Perguntou-lhe o que se passava.
-
Eu nunca vi nada assim. O que é isto mãe?
-
Filha, isto é neve. Como está muito frio a água cai sob a forma de neve.
-
É a coisa mais bonita que eu já vi em toda a minha vida. Parecem diamantes a
cair do céu.
Mariana
nunca mais esqueceu aquele dia. O dia onde sentiu algo diferente. Para algumas
crianças ver neve pode ser uma coisa normalíssima mas para esta menina foi uma
experiência de vida.
Margarida Costa Pereira, O Ciclista
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