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domingo, 25 de novembro de 2012

Dia Internacional para a Eliminação da violência sobre a mulher


Há uns dias estava a ler uma revista de mulheres e vi um título a negrito grande e gordo que dizia: “Diz não à violência contra as mulheres”. Não me apeteceu ler o artigo, mas comecei a pensar cá comigo própria:
Este artigo desta revista refere-se ao que vivi há uns dias…
Estava um dia chuvoso. Portanto, saíra de casa um pouco mais cedo. Com o saco dos livros ao ombro e o meu chapéu-de-chuva na outra mão, caminhava distraidamente pelo passeio que me levava até à escola. Ia a pé porque da minha casa à escola era um saltinho, eu vivia mesmo perto dela.
Ao passar por uma casa enfadonha e antiga, apercebi-me que a janela estava aberta e vi um casal aos berros. O marido dizia à senhora que não queria que ela andasse na rua porque tinha medo que ela o traísse com outros homens.
Claro que não era nada comigo e eu continuei o meu caminho, apesar de não gostar nada do que estava a ouvir. Foi então quando, ia eu já mais à frente, ouvi um grito agudo e histérico da senhora. Ainda pensei em voltar atrás. Mas, o que poderia eu, uma jovem adolescente fazer. Pensei melhor e decidi esconder-me por entre o denso arvoredo e observar a cena pela tal janela aberta. E foi ai que vi algo que me deixou petrificada e veemente horrorizada. O senhor dava chapadas e pontapés na senhora. Ela bem tentava gritar, mas ninguém a ouvia. Ela bem lhe dizia que parasse. Que ela lhe era fiel. Que a estava a magoar. Mas parecia que quanto mais ela tentava fugir e defender-se mais a violência aumentava. E eu, o que estava eu a fazer? Nada, eu estava cheiinha de medo, quase tanto como a senhora. Quase que sentia na minha pele os murros e pontapés que ele deferia nela…
Comecei a virar-me para me ir embora, foi então que pensei que poderia agir, pois tinha telemóvel e com ele poderia contactar alguém, só que não tinha o número da GNR. Então o que fazer?
Já sei! Acabara de me lembrar que tinha gravado no meu telemóvel um número da linha SOS Mulher, que há algum tempo o Cabo da Escola Segura nos tinha dado durante uma ação. Tirei-o da mochila e liguei. Era o 800 202 148. Quem me atendeu fez-me diversas questões e disse que ia de imediato ligar à GNR da minha área de residência. E assim foi, pois a GNR chegou passado pouco tempo e prendeu o senhor com algemas. Como a senhora ficou sozinha eu fui para junto dela e comecei a tratar dela e incentivei-a a apresentar queixa. Pouco depois chegou o INEM e levou a senhora, porque ela estava muito mal e com muitas dores. Eu fui para as aulas.
O senhor acabou por ser condenado a alguns anos de prisão, pela violência que exercia sobre a mulher.
A senhora ainda esteve internada durante alguns dias e eu pedi aos meus pais para a ir ver. Quando ficou melhor veio para casa. Nessa altura foi mais fácil ir vê-la todos os dias.
Entretanto tornámo-nos amigas.
Hoje ela é uma pessoa alegre e que ajuda mulheres que necessitam de ajuda como ela também já precisou.
Depois de contar isto deixo aqui um apelo:
Espero que não haja violência contra a mulher porque as mulheres também são pessoas humanas.
Violência contra a mulher: NÃO!!!

Márcia Sousa, O Ciclista

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