Era
uma vez uma menina chamada Íris, tinha cabelos de um bonito castanho avelã e
uns olhos verdes que faziam inveja a qualquer pessoa. Durante o dia, era igual
a todas as outras meninas da sua idade. De manhã levantava-se, tomava o pequeno-almoço
e ia para a escola, brincava com os amigos e fazia-os rir. Quando chegava a
casa, comia uma taça de cereais, fazia os trabalhos para o dia seguinte,
treinava basquetebol, tomava banho e depois jantava com os pais. Seguidamente
lavava os dentes, lia duas páginas de um livro e adormecia.
A
vida de Íris não podia estar a correr melhor. Era uma boa aluna, tinha amigos e
família que a apoiavam e a sua equipa de basquetebol estava a ter ótimos
resultados. Porém, num dia normal de escola, a mãe interrompeu a aula para a ir
buscar, facto que nunca tinha acontecido. A sua querida avó tinha então falecido
e Íris estava devastada. A sua avó era quem ouvia as suas aventuras e quem lhe
dava os melhores conselhos e a rapariga já não imaginava a vida sem ela.
Sentia-se sozinha e, de um momento para o outro, deixou de ser aquela rapariga
otimista, divertida e alegre que todos conheciam para uma menina introvertida e
indefesa.
O
dia do funeral foi um dia muito triste para a família e Íris não se sentia
muito confortável para falar nesse assunto, portanto decidiu ficar um tempo
sozinha a recordar momentos passados com a avó e a rever fotografias antigas.
Foi então que encontrou um colar. Era um fio de prata muito invulgar com uma
pedra pendente muito brilhante de cor azulada, o que lhe chamou a atenção. Era
igualzinho a um colar que Íris tinha visto na capa de um filme, que tinha ido
ver com os amigos e começou a pensar que talvez não o tivesse encontrado por
acaso. A menina guardou-o, mas rapidamente se esqueceu dele.
Os
dias foram passando e o vazio no seu coração começava a sarar. A rapariga
tímida e introvertida voltara ao normal assim como a sua rotina. Ou quase. Já
não lia duas páginas de um livro antes de adormecer, escrevia sim duas páginas
de uma história para conseguir dormir. Era como se durante a noite vivesse num
mundo à parte, no seu próprio mundo, e era a altura do dia em que se sentia
melhor, porque ninguém podia estragar aquele sentimento de liberdade, ninguém a
podia julgar por ser ela própria.
Entretanto,
fizera um ano que a avó partira para o céu e Íris foi comprar as suas flores
preferidas para a sua campa. Como já era habitual, ficou por lá a falar com a
sua conselheira e pela primeira vez reparou que no seu nome, Cândida, a letra
'C' estava com menos relevo do que as outras. Nesse momento, lembrou-se do
colar que encontrara junto das coisas da avó. Encaixava perfeitamente naquele
espaço. Até podia ser mais uma das suas paranoias mas, intrigada, voltou lá no
dia seguinte com o colar e, quando o encaixou no C, este brilhava mais que
raios de sol. A luz crescia cada vez mais e mais, até que de repente formou uma
espécie de portal. Íris, que não dizia não a uma aventura, deu um salto lá para
dentro e entre rebolões e viravoltas acabou por aterrar num bosque. Era um
espaço que curiosamente não lhe era estranho e não demorou muito tempo a
entender que era exatamente o bosque que descrevera na sua história. Tal como
ela dizia, “era um bosque verde mas castanho, calmo mas agitado, mágico mas
misterioso”. A rapariga sabia todas as criaturas que lá viviam e, se fosse
mesmo a sua história, sabia também todos os segredos. Dirigiu-se então à árvore
mãe, uma árvore que tinha o dom de ajudar a natureza na sua purificação e, ao
contrário do que estava à espera, a árvore estava com os ramos virados para
baixo, sinal de tristeza e preocupação. O 'coração' do bosque não podia estar
em baixo de forma, caso contrário poria em risco todo o bosque.
Íris
não estava a perceber, tinha criado o seu mundo sem imperfeições e, pelo que a
árvore lhe tinha dito, não era um mundo tão perfeito assim. De alguma forma, os
humanos queriam conquistar a árvore mãe pois a partir dela conseguiam voltar à
vida. Sim, voltar à vida! É que os humanos do bosque eram almas que já tinham
gozado a vida e, entre eles, a avó Cândida!
Ao
ouvir isto, Íris não conseguia acreditar. 'Como podia a minha avó querer deitar
abaixo o Meu Mundo? Seria capaz de voltar à vida e acabar com a minha?' pensava
ela cada vez mais incrédula.
Apesar
dos perigos que caracterizavam o bosque, a rapariga foi ao encontro da avó, sem
pensar duas vezes. Íris tinha criado vários tipos de pássaros: os pássaros
inteligentes, os fortes, os faz-tudo e ainda os pássaros cantores. Cada um
tinha a sua função, mas juntos eram imbatíveis. Os pássaros cantores
reproduziam sons e, por saber disso, Íris chamou pela avó. Não ouviu resposta.
Voltou a chamar, mas não ouviu senão silêncio. Junto com este silêncio veio
também uma flor em forma de concha e trazia uma mensagem:
“Querida
neta,
Vejo
que encontraste o colar. Antes de mais quero que saibas que estou do teu lado e
nada vai mudar isso. Vou lutar por este bosque até ao fim, custe o que custar.
Tentei tornar isto mais fácil mas não tenho forças, apenas medo. Mantém-te
forte e, por favor, não desistas agora.
Sempre
do teu lado, C.”
Esta
mensagem fez com que Íris tivesse ainda mais vontade de vingar o bosque e
começou desde logo a planear uma estratégia. Não podia passar dessa noite ou
podia ser tarde demais. Juntou todos os animais à volta da árvore mãe, para
rezar. Porém, as preces foram interrompidas por barulhos de máquinas e de
vozes, eram os humanos. A agitação dos animais era imensa e o medo ainda mais,
mas fé era o que residia em abundância nos seus corações. Os humanos aproximavam-se
a passos velozes, e determinados que eles eram! Os animais, movidos por uma
força interna, uniram-se em volta da árvore e deram as mãos, patas, asas,
caudas e, qual foi o espanto dos humanos, quando começou a surgir um escudo
protetor em forma de cúpula em torno da árvore. Estes ainda tentaram combater
os animais mas nada os movia. Íris, sempre fiel, tinha conseguido salvar o
bosque e fez os humanos prometer que não voltariam a desafiar a força animal.
Tal
como Íris, temos de lutar pelos nossos objetivos e acreditar que somos capazes
de os concretizar para construir um mundo melhor. Mesmo que a vida não esteja
sempre a sorrir para nós, não vai estar sempre a chorar. Sendo assim, desistir deverá
ser uma palavra e um ato a excluir do nosso dia a dia.
Ana Sofia Monsanto, 9º C
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