Olá. Faria ao caro leitor uma breve apresentação sobre mim
neste primeiro “encontro” porém, não acho, nem o meu nome nem a minha vida,
relevantes. Começo apenas por dizer que hoje acordei, lavei a cara com água
fresca e vesti-me como um normal ser humano o faz. Depois, comecei a preparar-me
psicologicamente para uma palestra, a qual lhe vou contar ao longo deste pedaço
de papel ou seja lá onde estiver a ler.
Posso-lhe dizer que para o meu discurso foi-me impingida uma
torre de livros com teorias sobre as coisas de que deveria falar. No entanto,
acho o assunto tão vulgarmente falado que iria apenas maçar os jovens com
matéria já lhes cantada muitas vezes ao ouvido. Por este mesmo motivo, deixei
tudo o que se referia à teoria em casa levando comigo apenas a consciência e,
numa tentativa de os tentar sensibilizar, comecei:
“Por vezes, enquanto sonho, dou por mim a suster a
respiração e a mergulhar num mar de água limpa e cristalina. Mal me encontro
totalmente submerso, abro os olhos e, passado a imensidão de bolhas de ar fruto
do meu mergulho, olho para o fundo: consigo ver nitidamente cada grãozinho de
areia. Com os braços e as pernas faço movimentos e nado em direção ao
horizonte, sempre debaixo de água. Começam-se a ver seres, uns peixes e uns
peixinhos, cada um com as suas cores que dão vida ao monótono mar; algumas
conchas, em tons rosados, parecem propositadamente colocadas em fila indiana a
acompanharem algumas algas que dançam com a corrente. Também pequenos
caranguejos albinos se escondem entre as rochas mais claras, contrariamente aos
mexilhões que preferem as mais obscuras.
De repente, sinto algo a tocar no meu corpo que deduzo, à
primeira impressão, ser mais alguma maravilha do oceano e deparo-me com uma
bola branca meio amarrotada de um material até então desconhecido. Nesse momento,
muito embora saiba que estou apenas a sonhar, encaro a realidade de hoje.
Distinguimos o ser humano dos demais animais por nos
acharmos racionais e conscientes, no entanto, perdemos toda a razão quando,
contrariamente às outras espécies, destruímos a nossa casa.”
Neste preciso
momento, olhei para a plateia de jovens e reparei que muitos me ouviam com
atenção mas ainda havia a quem o assunto não interessasse. Prossegui:
“Certamente, muitos de vocês já ouviram falar das
consequências da poluição e, até aí, todos temos consciência de que é algo mau.
Mas pergunto-me e, gostava que também se perguntassem a vocês, quantas vezes já
fizeram algo porque o outro fez. Quantas vezes concordaram que não se deve
poluir mas passados nem cinco minutos, atiram uma pastilha para o chão porque é
“biodegradável”. Pelo menos alguém vos disse que assim o era. Imaginem se cada
um de nós atirasse uma pastilha para o chão agora. Agora imaginem essa mesma
situação a ser repetida dias e dias sem conta. E agora incluam ainda as pessoas
do mundo inteiro. Não tenhamos dúvidas que construiríamos uma autêntica teia de
poluição.
Assim, se tanta gente com um simples ato pode fazer a
diferença para matar o planeta, porque não fazer um ato igualmente simples para
não o poluir?”
E assim terminei, com uma simples pergunta em aberto, na
esperança não de obter uma resposta por parte do meu público mas de o ter
sensibilizado. A eles e a si, o meu caro leitor, pois não sou apenas eu, nem
apenas eles a fazerem a diferença. Não obstante, começa na consciência de cada
um de nós.
Ana Soares Pereira
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