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sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Escrita Criativa - Texto narrativo concorrente concurso Ler & Aprender

Olá. Faria ao caro leitor uma breve apresentação sobre mim neste primeiro “encontro” porém, não acho, nem o meu nome nem a minha vida, relevantes. Começo apenas por dizer que hoje acordei, lavei a cara com água fresca e vesti-me como um normal ser humano o faz. Depois, comecei a preparar-me psicologicamente para uma palestra, a qual lhe vou contar ao longo deste pedaço de papel ou seja lá onde estiver a ler.
Posso-lhe dizer que para o meu discurso foi-me impingida uma torre de livros com teorias sobre as coisas de que deveria falar. No entanto, acho o assunto tão vulgarmente falado que iria apenas maçar os jovens com matéria já lhes cantada muitas vezes ao ouvido. Por este mesmo motivo, deixei tudo o que se referia à teoria em casa levando comigo apenas a consciência e, numa tentativa de os tentar sensibilizar, comecei:
“Por vezes, enquanto sonho, dou por mim a suster a respiração e a mergulhar num mar de água limpa e cristalina. Mal me encontro totalmente submerso, abro os olhos e, passado a imensidão de bolhas de ar fruto do meu mergulho, olho para o fundo: consigo ver nitidamente cada grãozinho de areia. Com os braços e as pernas faço movimentos e nado em direção ao horizonte, sempre debaixo de água. Começam-se a ver seres, uns peixes e uns peixinhos, cada um com as suas cores que dão vida ao monótono mar; algumas conchas, em tons rosados, parecem propositadamente colocadas em fila indiana a acompanharem algumas algas que dançam com a corrente. Também pequenos caranguejos albinos se escondem entre as rochas mais claras, contrariamente aos mexilhões que preferem as mais obscuras.
De repente, sinto algo a tocar no meu corpo que deduzo, à primeira impressão, ser mais alguma maravilha do oceano e deparo-me com uma bola branca meio amarrotada de um material até então desconhecido. Nesse momento, muito embora saiba que estou apenas a sonhar, encaro a realidade de hoje.
Distinguimos o ser humano dos demais animais por nos acharmos racionais e conscientes, no entanto, perdemos toda a razão quando, contrariamente às outras espécies, destruímos a nossa casa.”
  Neste preciso momento, olhei para a plateia de jovens e reparei que muitos me ouviam com atenção mas ainda havia a quem o assunto não interessasse. Prossegui:
“Certamente, muitos de vocês já ouviram falar das consequências da poluição e, até aí, todos temos consciência de que é algo mau. Mas pergunto-me e, gostava que também se perguntassem a vocês, quantas vezes já fizeram algo porque o outro fez. Quantas vezes concordaram que não se deve poluir mas passados nem cinco minutos, atiram uma pastilha para o chão porque é “biodegradável”. Pelo menos alguém vos disse que assim o era. Imaginem se cada um de nós atirasse uma pastilha para o chão agora. Agora imaginem essa mesma situação a ser repetida dias e dias sem conta. E agora incluam ainda as pessoas do mundo inteiro. Não tenhamos dúvidas que construiríamos uma autêntica teia de poluição.
Assim, se tanta gente com um simples ato pode fazer a diferença para matar o planeta, porque não fazer um ato igualmente simples para não o poluir?”
E assim terminei, com uma simples pergunta em aberto, na esperança não de obter uma resposta por parte do meu público mas de o ter sensibilizado. A eles e a si, o meu caro leitor, pois não sou apenas eu, nem apenas eles a fazerem a diferença. Não obstante, começa na consciência de cada um de nós.
Ana Soares Pereira

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