Hoje é o meu primeiro
dia como marinheiro num navio de mercadorias. A nossa rota é a Índia, a rota
das especiarias. Segundo o capitão, “vamos, abastecemos e voltamos”.
O meu capitão é um
homem muito sério e carrancudo, é daquelas pessoas para quem o sol e a chuva
não interferem nada na sua vida e simplesmente com a palavra: “Tu!”, temos de
cumprir às suas ordens.
Bom, em relação ao
trajeto que vamos fazer, não posso dizer que tenha medo, provavelmente é mais
receio devido ao Cabo Bojador. Por ele tentaram passar muitos como eu, tendo
mesmo vários chegado a morrer na tentativa desta travessia. Não me pelo de
medo, porque sou corajoso, porém sei que deixo muito para trás.
Nem sei o que pensar,
mas amanhã o dia começa cedo, portanto tenho de descansar os ossos. Pode ser
que o amanhã seja melhor que o hoje.
Estou no meu segundo
dia como marinheiro, saí há um dia e já tenho saudades de casa. Isto só é mau
enquanto não fizer amigos. Sendo assim, hoje já ganhei o dia: fiz um amigo!
Acho que posso chamá-lo de amigo…
Como todos os
capitães, o meu não é exceção e tem um papagaio, daqueles de cauda e asas
vermelhas, bico amarelo, peito azul e verde e que fala pelos cotovelos! Hoje
dirigi-me a ele:
- Olá. Como te
chamas?-perguntei, com grande ânimo.
- Capipenas,
Capipenas! E tu?
- Como tu.
Apeteceu-me, apeteceu-me.
- Certo e queres ser
meu amigo?
Antes do papagaio ter
respondido, saltou para o meu ombro e sussurrou-me ao ouvido:
- Amigos, amigos,
amigos.
Três dias depois,
passámos o cabo sem problemas, chegámos ao paraíso (a Índia), onde vivi grandes
aventuras com o meu amigo Capipenas e voltámos.
Agora só posso dizer
que o Capipenas mudou a minha personalidade. Tornou-me mais corajoso,
responsável e amigo.
Beatriz
Agante, nº 9, 8º E
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