Lucas
era uma criança muito solitária que toda a vida sofrera por não ter alguém para
partilhar todas as suas emoções. Este tinha sido adotado com apenas um ano de
idade por um casal muito simples que desejava profundamente ter um filho.
Um
dia João e Raquel chegaram com a notícia de que iria existir mais uma criança
em casa. Lucas ficou radiante de felicidade.
No
dia seguinte partiram para o orfanato para verem a criança com quem Lucas iria
partilhar tudo. O orfanato tinha um aspeto muito acolhedor, as crianças estavam
sorridentes, ouvia-se pelo ar uma música a esvoaçar, mas, no meio de tanta
alegria pairava um ponto de tristeza. Uma criança estava no canto do pátio
sozinha a olhar para uma flor. Quando a diretora se aproximou do casal informou-os
que aquela criança seria o seu novo filho e que este era mudo comunicando por
linguagem gestual. O casal ficou apreensivo mas Lucas apressou-se a dizer que
aceitavam a criança de todo o coração.
Lucas
começou, então, a ir ao orfanato todos os dias depois da escola para visitar o
seu novo irmão. Aos poucos começou a aprender a comunicar com Matias e este foi
ficando cada vez mais solto e confiante.
Ao fim de dois meses, Matias já se
encontrava na nova casa e Lucas estava mais feliz que nunca. Lucas sabia que,
apesar de ter de comunicar com o novo irmão de uma maneira diferente e bastante
única, tinha uma companhia com quem podia partilhar o que até ali lhe
pertencia. Na verdade, aqueles gestos eram o início de uma nova vida.
Margarida Costa Pereira, O Ciclista
Nota: O Ciclista celebra deste modo o Dia
Nacional da Língua Gestual Portuguesa.
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