Na passada
sexta-feira, 15 de novembro, realizou-se a cerimónia da entrega dos
prémios do Concurso Nacional de Poesia e/ou Conto Contra o Racismo instituído
pela Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial (CICDR), com o
apoio do Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural (ACIDI, I.P.),
Instituto Público integrado na Presidência do Conselho de Ministros. Esta
decorreu no Cinema S. Jorge em Lisboa, pelas 16h00.
Os vencedores de
cada uma das categorias e as menções honrosas foram divulgados ao longo da
cerimónia, conduzida pela jornalista Conceição Queiroz e contou com alguns
momentos de animação teatral.
A Senhora Alta
Comissária para a Imigração e Diálogo Intercultural, Dra. Rosário Farmhouse salientou,
no início da cerimónia, que foram recebidas mais de 500 participações para as
três categorias (Categoria I - Participantes entre os 10 anos e 13 anos;
Categoria II - Participantes entre os 14 e 17 anos; Categoria III -
Participantes maiores de 18 anos) e no âmbito deste Concurso Nacional de Poesia
e Conto Contra o Racismo, e que o Júri do Concurso teve muita dificuldade em
selecionar os vencedores destas três categorias postas a concurso, bem como as
menções honrosas atribuídas.
Este concurso teve
por finalidade eleger poemas e/ou contos que promovessem a interculturalidade e
o combate ao racismo, com vista à edição em livro a ser publicado pelo ACIDI,
I.P..
O Ciclista tem o
imenso prazer de informar que duas das suas jornalistas e alunas do Agrupamento
concorreram a este Concurso de Poesia/Conto contra o Racismo promovido pela
ACIDI/CICDR. Para além de terem sido finalistas do concurso obtiveram uma das menções honrosas atribuídas na
Categoria II.
O Ciclista quer
publicamente dar os parabéns à Adriana de Matos Pedrosa e à, sua
irmã, Sofia de Matos Pedrosa pelo texto, intitulado “Plúmbeo”, que
obteve tão honrosa distinção. Não queremos deixar de mencionar e felicitar a
então professora de Português destas alunas, Dra. Sara Diana Castela, que corrigiu o texto e é também membro do nosso Clube.
Em conversa com as
duas jovens, estas explicaram ao Ciclista
que se envolveram na redação do seu conto e que essa envolvência teve a ver com
o facto de verem no seu dia-a-dia não tanto situações que se prendem com o
racismo, mas com a discriminação, não feita de um modo aberto, mas muitas
vezes de uma forma velada: - “às vezes parecia que estávamos a viver a
história…”. Não quiseram deixar de expressar o seu carinho para com a sua
antiga professora, Dra. Sara Castela, que lhes indicou o concurso e as incentivou
a concorrer. Lamentaram, no entanto, que esta não tivesse estado presente na cerimónia.
Contaram que ao longo da redação do texto foi necessário recorrerem não apenas
à sua imaginação e criatividade mas também a factos históricos e das culturas
portuguesa, particularmente local, e angolana. Daí o recurso à Biblioteca Municipal,
onde a colaboração da Dra. Sónia Almeida foi essencial e a quem agradecem imenso.
Finalmente dedicam um carinho muito especial aos pais que sempre as motivaram na
escrita e na leitura. Dedicam esta menção honrosa ao seu avô Custódio Matos.
Quanto à publicação
do texto das duas alunas … pedimos desculpa mas não nos é permitido. Contudo
deixamos uns pequenos excertos apenas para aguçar o apetite:
“A primeira vez que o vi,
fixei aqueles olhos plúmbeos que me fascinaram e irresistivelmente deixei-me
embebecer por aquela doçura e carinho que eles me transmitiam. Aquela cor de
olhos não era a cor que esperava encontrar naquele tom de pele, mas casava bem.
(…)
O silêncio cortante
rasgava o meu íntimo. Nesse instante, não sabia o que mais me afetava, se o
ruído agressivo das palavras que sempre ouvira quando estava diariamente na
escola, se hoje que me encontrava encolhido no vazio daquele lugar que me
parecia escuro onde abandonado me encolhia temendo pela minha vida decerto
presa por um fio…
Aquele silêncio
ensurdecedor ecoava nos meus ouvidos e eu só pedia de volta as censuras veladas
(…)
Aqueles olhares queimavam
a minha pele já negra de si. E eu, que dali era nativo, parecia ser o
alienígena… (…).”
Graça Matos, O Ciclista
Parabéns às gémeas.
ResponderEliminarÉ para ver que ainda á gente de valor no nosso concelho.
ResponderEliminarParabéns, Adriana e Sofia! Fico muito orgulhosa com o vosso sucesso!
ResponderEliminarMM
A leitura sempre foi e será para mim um perpétuo momento de serenidade e prazer. Um texto escrito por vocês é um deleite, não apenas pelas mensagens que neles se encerram, mas também pelo modo como vocês jogam com as palavras.
ResponderEliminarEste texto, que vos fez chegar a uma merecida menção honrosa, não pode ser considerado um simples conto, mas uma belíssima história plena de factos tão reais que ao lê-la somos transportados para o seu âmago.
Como foi belo ver o vosso empenho ao escrevê-la.
Querida Sara, quanta paciência ao corrigir e voltar a corrigir sempre que se lembravam de mais um pormenor. Obrigada por toda a paciência, carinho e amizade.
Adriana e Sofia continuem sempre a ter a fantasia, a criatividade e a imaginação presentes na vossa vida.
Sinto-me muito orgulhosa por ser vossa mãe!
Com muito, muito AMOR!
:)
Adriana e Sofia, em primeiro lugar, quero felicitar-vos, mais uma vez, pela vossa tão honrosa distinção, alcançada pelo excelente conto que criaram. (Eu é que, de facto, vos felicito!)
ResponderEliminarE, apesar de não ter estado convosco presente fisicamente na cerimónia da entrega de prémios, tive-vos sempre no meu pensamento.
Na verdade, é um orgulho constatar que existe em vós o “bichinho” da escrita e espero que este continue pela vossa vida fora. Só tenha pena que o vosso conto não possa ser divulgado aos nossos leitores assíduos do blogue. Mas outros textos hão de ser criados e claro, divulgados. Por outro lado, espero que continuem a participar nos concursos que certamente irão apelar à vossa criatividade e ao prazer da escrita.
Mais uma vez, os meus parabéns extensivos também aos pais!
Sara Castela