Endereço de correio eletrónico

ociclista@aeanadia.pt

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Manifestação Pais e Alunos – Escola Básica e Secundária de Anadia

O sucesso da manifestação organizada pela Associação de Pais do Agrupamento de Escolas de Anadia foi incontestável. Estiveram presentes os mais prestigiados órgãos da comunicação social, incluindo como seria de esperar o Clube de Jornalismo do Agrupamento, O Ciclista.
Apesar de termos sido brindados com cadeados colocados em todos os portões, que impediam o acesso à escola, foi de louvar toda a dinâmica que envolveu a manifestação, particularmente o civismo e a forma ordeira como a mesma decorreu. De salientar que os cadeados foram imediatamente retirados e esta ação decorreu pacificamente, como já era previsível.
O Ciclista dialogou com alguns dos principais intervenientes e com alguns dos muitos alunos e pais anónimos que decidiram associar-se a este manifesto que teve como objetivo mostrar o estado de degradação das instalações e insegurança preocupantes em que se encontra a Escola Secundária e a necessidade premente de continuar a construção da escola nova já iniciada, em março de 2010 e suspensa um ano depois. Com um investimento até ao momento de cerca de 4 milhões de euros e com os cerca de 12 milhões previstos para a sua conclusão, a Associação de Pais e a Associação de Alunos, que se associou ao protesto, aguardam que os governantes oiçam o apelo desesperado que hoje aqui está a ser feito e “deitem mão à obra!”.
A primeira entrevistada foi, como não poderia deixar de ser, a Presidente da
Associação de Pais (PAP), Dra. Patrícia Flores.
A Dra. Patrícia começou por salientar que o protesto tem como principal objetivo a falta de condições na Escola Secundária. Assim como a própria e muitíssimo importante segurança das crianças.
Ao ser confrontada com o facto de não haver referência à Escola Básica nº 2, uma vez que esta também deixou de ser intervencionada, por causa da construção da nova escola e que também nela há sérios problemas, nomeadamente de infiltrações, a Presidente explicou que na Assembleia Geral, reunida a 4 de Outubro, os pais presentes debateram toda a situação e consideraram que ao focarem o problema na Secundária não significava que se tivessem esquecido da EB23, pois o objetivo não se esgota aqui!
Referiu que têm muitas outras situações por resolver e que infelizmente a adesão dos pais é muito insignificante, o que lamentam. Apelam portanto, ao seu contributo, pois a sua participação é sem quaisquer dúvidas uma mais-valia.
Em diálogo com o Presidente da Direção da Associação de Estudantes, Miguel Fernandes, aluno do 12º A, este referiu que a adesão total dos alunos expressa bem o sentir e a consciência que têm do estado em que se encontra a escola. A Associação dos Estudantes decidiu apoiar o manifesto da Associação de Pais por o considerar válido e como um meio de chegar à continuação da construção da escola nova. Muitos dos alunos da atual associação, segundo o Miguel, talvez já não venham a usufruir da escola nova. Mas, isso não é importante. O importante é sentir que esta ação valeu a pena, para que os colegas possam usufruir de melhores condições para realizar um trabalho mais digno. Quanto aos cadeados inicialmente colocados nos portões, considera-se indignado, em nome próprio e de toda a Associação, acrescentado que como se pode ver não eram necessários, pois todos os portões estão abertos desde o início das aulas (8h30m) e nenhum aluno entrou na escola!
O Ciclista quis escutar as sempre sábias palavras das mães e, muito embora não quisessem “dar a cara”, deram-nos o seu parecer.
A primeira mãe a dialogar connosco mostra grande preocupação perante o estado de degradação não apenas da Escola Secundária, mas também da Escola Básica nº 2 de Anadia. Segundo a mesma é urgente continuar a construção da escola nova que irá substituir estas duas escolas. Na sua opinião teme-se por acidentes que possam pôr em risco vidas humanas, o que se pretende evitar a todo o custo e é isso o que se deseja com esta manifestação.
Ainda segundo esta mãe, e passo a citar “toda a Comunidade Educativa merece condições dignas e facilitadoras do processo de ensino-aprendizagem”.
A segunda mãe fez questão de nos dizer que tem filhos a frequentar as duas escolas e que não compreende o porquê da manifestação se cingir apenas à Secundária. Explica-nos que compreende o elevado estado de degradação da secundária, em muito superior à B23. Realmente é incompreensível como os alunos e os professores podem “viver”, pois segundo esta mãe, pode falar-se assim, uma vez que passam cerca de 9 horas diárias num local sem quaisquer condições de habitabilidade… sem qualidade de vida. O que viu na televisão é muito mais grave do que as palavras do filho e dos amigos. - “Contado é uma coisa, visto é outra! É doentio!”
Na EB23 diz que já tinha apreciado baldes colocados estrategicamente a aparar as goteiras que caem no polivalente e em salas de aula, aquando da entrega das avaliações. Tinha olhado para os telheiros e visto as grandes falhas existentes, e visto os bancos do exterior todos partidos. Os filhos falaram-lhe do ginásio e do frio do inverno, e de outros problemas. Mas, segundo esta mãe, são realmente os problemas da secundária que superam todos estes. 
Considerou muito interessante e de bom tom, que alguns docentes da EB23 tivessem cedido ao pedido das suas turmas e se juntassem com elas ao protesto, pois esta escola também se encontra bastante degradada, apesar de num estado menos preocupante. 
Para finalizar acrescentou considerar que existem fatores de suma importância no sucesso escolar dos alunos. Destacou o próprio aluno, o ambiente familiar, o professor, a turma onde este se insere e a Escola. Ora, como a mesma refere, se a Escola não tem as condições adequadas, como é o caso, esse é desde logo um fator de comprometimento do sucesso educativo dos alunos. Portanto, considera esta luta por demais justa e oportuna. Pede, portanto, aos nossos governantes que olhem bem para o estado destas escolas, pois um dia destes pode acontecer uma desgraça e, como refere “não é depois da casa roubada que se colocam as trancas à porta”, acrescenta dizendo que “fica mais barato prevenir que tratar”.
Em diálogo com um dos elementos da Escola Segura este referiu que estava tudo a correr bem.
O Miguel Galante, aluno do 10º H, salientou ao Ciclista que a adesão total dos alunos foi um estrondoso sucesso. Aludiu ao facto de mesmo estando os portões completamente abertos e tivesse sido dada completa liberdade aos alunos para entrarem na escola para irem às aulas, nenhum aluno entrou. Como se viu todos os alunos demonstraram uma consciência face à gravidade em que se encontram os dois edifícios que constituem a Escola Secundária, o que veio dar razão ao protesto da Associação de Pais. Lembrou, ainda a Escola Básica que também se encontra bastante degradada, apesar de num estado menos preocupante.
O Sr. Diretor, Professor Elói Gomes, dialogou com O Ciclista começando por referir o caráter muito cívico e pacífico em que decorreu toda a ação. Aludiu ao facto de todos terem estado à altura da situação, pois pais e alunos aliaram-se e, desde o primeiro instante desta manifestação mantiveram sempre uma conjugação perfeita.
Quanto à organização de todo o processo, nomeadamente da ida da comunicação social à escola ou da própria manifestação, nada tem a ver consigo, tudo esteve a cargo da Associação de Pais. Na qualidade de Diretor nunca dificultou a entrada da comunicação social, embora a parte que envolveu a sua entrada na Escola tenha sido devidamente ponderada e previamente tenha consultado os órgãos superiores do Ministério da Educação e a resposta dada fosse sempre que a decisão era do Diretor.
O Diretor realça o papel de relevo da Associação de Estudantes nesta ação, pois a partir do momento em que esta decidiu juntar-se ao manifesto, envidou todos os esforços junto dos alunos no sentido de haver uma envolvência ordeira e pacífica, o que veio a acontecer como se pôde constatar.
A existência de cadeados, segundo o diretor, não foi bem vista por nenhuma das associações, desconhecendo-se o autor do feito. Contudo, de imediato ele contactara o Presidente da Junta de freguesia e o serralheiro enviado resolveu prontamente a situação. O Sr. Diretor salientou, conforme a maioria dos anteriores entrevistados já o fizera, que como foi bem visível os alunos mostraram que não era nenhum cadeado que os impedia de entrarem na Escola, porque todos os portões estavam abertos e nenhum aluno entrou. Voltando a realçar o aspeto pacífico com que toda a ação decorreu, estando portanto todos de parabéns pelo facto.
O Ciclista agradece a todos que, muito gentilmente, colaboraram e tornaram possível esta reportagem.


Graça Matos, O Ciclista

1 comentário:

  1. A reportagens está brutal professora continue a escrever. Já tenho saudades das suas aulas...

    ResponderEliminar