O
sucesso da manifestação organizada pela Associação de Pais do Agrupamento de
Escolas de Anadia foi incontestável. Estiveram presentes os mais prestigiados
órgãos da comunicação social, incluindo como seria de esperar o Clube de
Jornalismo do Agrupamento, O Ciclista.
Apesar
de termos sido brindados com cadeados colocados em todos os portões, que impediam
o acesso à escola, foi de louvar toda a dinâmica que envolveu a manifestação,
particularmente o civismo e a forma ordeira como a mesma decorreu. De salientar
que os cadeados foram imediatamente retirados e esta ação decorreu pacificamente,
como já era previsível.
O
Ciclista dialogou com alguns dos
principais intervenientes e com alguns dos muitos alunos e pais anónimos que
decidiram associar-se a este manifesto que teve como objetivo mostrar o estado
de degradação das instalações e insegurança preocupantes em que se encontra a
Escola Secundária e a necessidade premente de continuar a construção da escola
nova já iniciada, em março de 2010 e suspensa um ano depois. Com um investimento
até ao momento de cerca de 4 milhões de euros e com os cerca de 12 milhões
previstos para a sua conclusão, a Associação de Pais e a Associação de Alunos,
que se associou ao protesto, aguardam que os governantes oiçam o apelo
desesperado que hoje aqui está a ser feito e “deitem mão à obra!”.
A
primeira entrevistada foi, como não poderia deixar de ser, a Presidente da
Associação de Pais (PAP), Dra. Patrícia Flores.
A
Dra. Patrícia começou por salientar que o protesto tem como principal objetivo
a falta de condições na Escola Secundária. Assim como a própria e muitíssimo importante
segurança das crianças.
Ao
ser confrontada com o facto de não haver referência à Escola Básica nº 2, uma
vez que esta também deixou de ser intervencionada, por causa da construção da
nova escola e que também nela há sérios problemas, nomeadamente de infiltrações,
a Presidente explicou que na Assembleia Geral, reunida a 4 de Outubro, os pais
presentes debateram toda a situação e consideraram que ao focarem o problema na
Secundária não significava que se tivessem esquecido da EB23, pois o objetivo
não se esgota aqui!
Referiu
que têm muitas outras situações por resolver e que infelizmente a adesão dos
pais é muito insignificante, o que lamentam. Apelam portanto, ao seu
contributo, pois a sua participação é sem quaisquer dúvidas uma mais-valia.
Em
diálogo com o Presidente da Direção da Associação de Estudantes, Miguel Fernandes,
aluno do 12º A, este referiu que a adesão total dos alunos expressa bem o sentir
e a consciência que têm do estado em que se encontra a escola. A Associação dos
Estudantes decidiu apoiar o manifesto da Associação de Pais por o considerar
válido e como um meio de chegar à continuação da construção da escola nova. Muitos
dos alunos da atual associação, segundo o Miguel, talvez já não venham a
usufruir da escola nova. Mas, isso não é importante. O importante é sentir que
esta ação valeu a pena, para que os colegas possam usufruir de melhores condições
para realizar um trabalho mais digno. Quanto aos cadeados inicialmente
colocados nos portões, considera-se indignado, em nome próprio e de toda a
Associação, acrescentado que como se pode ver não eram necessários, pois todos
os portões estão abertos desde o início das aulas (8h30m) e nenhum aluno entrou
na escola!
O
Ciclista quis escutar as sempre
sábias palavras das mães e, muito embora não quisessem “dar a cara”, deram-nos
o seu parecer.
A
primeira mãe a dialogar connosco mostra grande preocupação perante o estado de
degradação não apenas da Escola Secundária, mas também da Escola Básica nº 2 de
Anadia. Segundo a mesma é urgente continuar a construção da escola nova que irá
substituir estas duas escolas. Na sua opinião teme-se por acidentes que possam pôr
em risco vidas humanas, o que se pretende evitar a todo o custo e é isso o que
se deseja com esta manifestação.
Ainda
segundo esta mãe, e passo a citar “toda a Comunidade Educativa merece condições
dignas e facilitadoras do processo de ensino-aprendizagem”.
A
segunda mãe fez questão de nos dizer que tem filhos a frequentar as duas
escolas e que não compreende o porquê da manifestação se cingir apenas à
Secundária. Explica-nos que compreende o elevado estado de degradação da
secundária, em muito superior à B23. Realmente é incompreensível como os alunos
e os professores podem “viver”, pois segundo esta mãe, pode falar-se assim, uma
vez que passam cerca de 9 horas diárias num local sem quaisquer condições de
habitabilidade… sem qualidade de vida. O que viu na televisão é muito mais
grave do que as palavras do filho e dos amigos. - “Contado é uma coisa, visto é
outra! É doentio!”
Na
EB23 diz que já tinha apreciado baldes colocados estrategicamente a aparar as
goteiras que caem no polivalente e em salas de aula, aquando da entrega das
avaliações. Tinha olhado para os telheiros e visto as grandes falhas existentes,
e visto os bancos do exterior todos partidos. Os filhos falaram-lhe do ginásio
e do frio do inverno, e de outros problemas. Mas, segundo esta mãe, são realmente
os problemas da secundária que superam todos estes.
Considerou muito interessante e de bom tom, que alguns docentes da EB23 tivessem cedido ao pedido das suas
turmas e se juntassem com elas ao protesto, pois esta escola também se encontra
bastante degradada, apesar de num estado menos preocupante.
Para
finalizar acrescentou considerar que existem fatores de suma importância no
sucesso escolar dos alunos. Destacou o próprio aluno, o ambiente familiar, o
professor, a turma onde este se insere e a Escola. Ora, como a mesma refere, se
a Escola não tem as condições adequadas, como é o caso, esse é desde logo um
fator de comprometimento do sucesso educativo dos alunos. Portanto, considera esta
luta por demais justa e oportuna. Pede, portanto, aos nossos governantes que
olhem bem para o estado destas escolas, pois um dia destes pode acontecer uma
desgraça e, como refere “não é depois da casa roubada que se colocam as trancas
à porta”, acrescenta dizendo que “fica mais barato prevenir que tratar”.
O
Miguel Galante, aluno do 10º H, salientou ao Ciclista que a adesão total dos alunos foi um estrondoso sucesso. Aludiu
ao facto de mesmo estando os portões completamente abertos e tivesse sido dada
completa liberdade aos alunos para entrarem na escola para irem às aulas,
nenhum aluno entrou. Como se viu todos os alunos demonstraram uma consciência
face à gravidade em que se encontram os dois edifícios que constituem a Escola
Secundária, o que veio dar razão ao protesto da Associação de Pais. Lembrou, ainda a Escola Básica que também se encontra
bastante degradada, apesar de num estado menos preocupante.
O
Sr. Diretor, Professor Elói Gomes, dialogou com O Ciclista começando por referir o caráter muito cívico e pacífico em
que decorreu toda a ação. Aludiu ao facto de todos terem estado à altura da situação, pois
pais e alunos aliaram-se e, desde o primeiro instante desta manifestação
mantiveram sempre uma conjugação perfeita.
Quanto à organização de todo o processo, nomeadamente
da ida da comunicação social à escola ou da própria manifestação, nada tem a
ver consigo, tudo esteve a cargo da Associação de Pais. Na qualidade de Diretor
nunca dificultou a entrada da comunicação social, embora a parte que envolveu a
sua entrada na Escola tenha sido devidamente ponderada e previamente tenha
consultado os órgãos superiores do Ministério da Educação e a resposta dada
fosse sempre que a decisão era do Diretor.
O
Diretor realça o papel de relevo da Associação de Estudantes nesta ação, pois a
partir do momento em que esta decidiu juntar-se ao manifesto, envidou todos os esforços junto
dos alunos no sentido de haver uma envolvência ordeira e pacífica, o que veio a
acontecer como se pôde constatar.
A
existência de cadeados, segundo o diretor, não foi bem vista por nenhuma das
associações, desconhecendo-se o autor do feito. Contudo, de imediato ele
contactara o Presidente da Junta de freguesia e o serralheiro enviado resolveu prontamente
a situação. O Sr. Diretor salientou, conforme a maioria dos anteriores
entrevistados já o fizera, que como foi bem visível os alunos mostraram que não
era nenhum cadeado que os impedia de entrarem na Escola, porque todos os
portões estavam abertos e nenhum aluno entrou. Voltando a realçar o aspeto
pacífico com que toda a ação decorreu, estando portanto todos de parabéns pelo
facto.
O
Ciclista agradece a todos que, muito
gentilmente, colaboraram e tornaram possível esta reportagem.
Graça Matos, O Ciclista
A reportagens está brutal professora continue a escrever. Já tenho saudades das suas aulas...
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