Endereço de correio eletrónico

ociclista@aeanadia.pt

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Nadezhda

A Nadezhda, uma jovem russa, desde que chegou à escola, tornou-se indiferente para muitos colegas, mas para outros não e eu bem vi o sorriso que estava espelhado nos seus rostos. É que ela tinha uns belos olhos azuis e uns longos cabelos loiros e, claro, isso atrai logo a atenção dos rapazes. Quanto a mim? Eu adoro fazer novas amizades e por isso, tentei aproximar-me dela, porém a diferença linguística não nos permitiu de início comunicar.
Eu, a minha irmã e mais três amigas, como sempre fomos e somos persistentes, usámos todos os meios que tínhamos ao nosso alcance para dialogar com ela e aos poucos, fazendo gestos, dizendo palavras simples e apontando objetos e pessoas, lá fomos comunicando. Tivemos também o precioso apoio por parte de Aniya, colega que está em Portugal desde o 1º ciclo e que lá nos ia servindo de intermediária e assim, conseguimos ir comunicando com a Nadezhda.
Por outro lado, ajudava em muito o apoio que estava a ser prestado pela Dra. Maria Pires, professora de Português, que lhe estava a dar um acompanhamento muito grande na nossa língua.
A Nadezhda sempre nos pareceu uma adolescente alegre, embora no seu olhar houvesse algo de turvo. Bem que a questionávamos, mas ela dizia “serem saudades de meu país!”.
Claro, como não sentiria saudades do seu país?! Ela fora arrancada às suas origens, à sua cultura, às suas tradições, à sua família, muito embora tenha vindo com os seus pais e irmã. Mas os avós, primos, tios e até os amigos tinham ficado nesse país distante.
O nosso papel, enquanto novos amigos dela, era por isso muito importante! Tínhamos mais do que acolhê-la bem, como fazemos a qualquer novo colega. A ela pretendemos ensinar-lhe tudo sobre a nossa cultura e ensinar a gostar dela. Não é fazer com que ela esqueça a dela. Isso nunca! Mas fazê-la ver que somos um povo acolhedor, simpático e com quem ela pode contar.
Fazê-la ter esperança, como nos disse que significa o seu próprio nome, que o futuro lhe venha a sorrir. Para isso, estamos cá nós. Esse é o significado da amizade!
Lembrámos assim, apesar de já estarmos a deixar de ser crianças, um dos seus direitos internacionais e fundamentais das crianças e que, por acaso, é o último: “Deve ser educada dentro de um espírito de compreensão, tolerância, amizade entre os povos, paz e fraternidade universais e com plena consciência de que deve consagrar as suas energias e aptidões ao serviço dos seus semelhantes.”.

Sofia Pedrosa, O Ciclista


Nota: O Ciclista celebra, deste modo, o Dia dos Direitos Internacionais da Criança, dia 20 de novembro.

Sem comentários:

Enviar um comentário