Publicado pelo Clube de Jornalismo do Agrupamento de Escolas de Anadia. Notícias de atividades, opinião dos elementos da comunidade educativa sobre os mais diversos assuntos, trabalhos escritos pelos alunos no âmbito das várias disciplinas... e o que mais acontecer!
Endereço de correio eletrónico
ociclista@aeanadia.pt
sábado, 30 de novembro de 2013
sexta-feira, 29 de novembro de 2013
quinta-feira, 28 de novembro de 2013
quarta-feira, 27 de novembro de 2013
terça-feira, 26 de novembro de 2013
Oficina de Escrita Ativa Oferta Complementar
Na Escola Básica nº 2 de Anadia, os alunos do
oitavo ano frequentam, em sistema de desdobramento, a Oficina de Escrita Ativa, inserida na Oferta Complementar que o Agrupamento decidiu implementar, tendo por
base vários objetivos, entre os quais promover o gosto pela escrita assim como,
desenvolver, aperfeiçoar e enriquecer a expressão escrita. Muitos dos trabalhos
serão divulgados no nosso blogue.
A primeira atividade posta em prática foi levar
os alunos das turmas E e F a refletirem sobre a importância do ato de escrever.
E são essas reflexões que vos iremos dar a conhecer. Amanhã, iniciaremos a divulgação dos mesmos, com a apresentação do trabalho realizado por um grupo de alunos da turma E.
Sara
Castela, O Ciclista/Professora Português/OC – OEA
segunda-feira, 25 de novembro de 2013
Violência doméstica
Caros leitores, hoje venho contar-vos uma
história, uma história triste, muito triste! E terá esta história um final
feliz?! O melhor é que leiam com muita atenção o que acabei de escrever.
Francisca era uma criança de tenra idade e
naquela idade, tudo o que ela devia querer era estar a correr e a saltitar por
um jardim cheio de margaridas bem cheirosas, como se tivesse molas nos pés. Mas
Francisca, ao contrário de todas as pequenas criancinhas do seu tamanho,
crescera rápido de mais, uma vez que em sua pequena casa a felicidade, sem
dúvida alguma, não era a palavra de ordem! A menina vivia numa casa pequenina
com um grande quintal. Vista de fora, a casa branquinha como a neve transmitia
carinho, mas tal situação não se verificava.
Mais um dia passara e Francisca, nesse dia, chegou
a casa estafada, carregada com a sua grande mochila cor de rosa. Entretanto, ao
abrir a porta de casa, já conseguia sentir o cheiro do medo e da tensão. Ao
entrar, ouvia gritos por todo o lado, mas ela não se alarmou, visto que aquilo
era o prato do dia lá em casa. “Espero é que as coisas não piorem” – pensou a
pequena assustada.
Na verdade, todos os dias o pai gritava com a mãe
e era um dia de muita sorte se ele não lhe batesse de forma muito violenta, por
vezes até por coisas insignificantes e sem cabimento nenhum. Toda a gente na
aldeia sabia como era a vida naquela pequena casinha que parecia tão amorosa,
mas ninguém denunciava o que se passava no seu interior, talvez com medo, não
sei ….
Mas a nova heroína da aldeia, ou pelo menos
daquela família, estava prestes a chegar.
Eis, então, que num dia solarengo chegou à pequena aldeia de Solária uma mocinha vinda da cidade mais próxima. Corria pelo povo que era artista. Por outro lado, era conhecida também pela sua generosidade, pelo seu sentimento de justiça e amor ao próximo.
Eis, então, que num dia solarengo chegou à pequena aldeia de Solária uma mocinha vinda da cidade mais próxima. Corria pelo povo que era artista. Por outro lado, era conhecida também pela sua generosidade, pelo seu sentimento de justiça e amor ao próximo.
Passados uns dias da sua chegada à aldeia, Anita,
a rapariguinha da cidade, foi dar uma volta pelo local, sendo interrompida a
sua caminhada por uns sons que pareciam gritos. Anita, conhecida pela sua
coragem, correu atrás daqueles ruídos assustadores.
O som vinha da casa de Francisca. Mais uma
vez, o pai da pequenina estava a agredir a mãe violentamente. Ao ver aquilo,
Anita, tirou a mãe da criança daquela casa, e levou-a à esquadra mais próxima,
para apresentar queixa do sucedido. Os polícias foram muito prestáveis e foram
logo à aldeia para deter aquele homem cruel e violento. Depois disto, a mãe da
jovem convidou Anita para viver em sua casa com a sua pequenita em forma de
agradecimento. A partir desse momento, Francisca podia suspirar de alívio.
Afinal, a casinha branca e pequenina ia finalmente fazer jus à sua aparência.
E tu, estás à espera de quê?
Se conheces
algum caso de violência doméstica, fala com um adulto e denuncia-o o mais
rápido possível. E desta vez, podes ser TU o herói!
Margarida Carlota Lagoa, O Ciclista
Imagens retiradas da Internet.
domingo, 24 de novembro de 2013
Ação de sensibilização - Prevenção da Toxicodependência
Realizou-se
no passado dia 18, a ação de sensibilização subordinada ao tema “Prevenção da
Toxicodependência”, destinada a todos os alunos dos 9º e 10º anos. Esta ação
foi promovida pelos Serviços de Psicologia e Orientação da Escola e pelo Centro
de Atendimento de Toxicodependentes de Aveiro (CAT).
O
objetivo principal foi o de promover a consciencialização dos jovens sobre os
malefícios decorrentes da toxicodependência no sentido de prevenir consumos e
sensibilizar para a importância da recuperação e tratamento nos casos de
dependência.
A
Dra. Ema Conde, ex. aluna da nossa escola e atualmente médica psiquiatra a
exercer funções no CAT de Aveiro, explicou-nos de um modo muito simples os problemas
da toxicodependência.
Mostrou-nos,
entre outros muitos outros aspetos, as fases de aquisição, desde a
experimentação até ao consumo contínuo ou compulsivo, que é a fase de
dependência, passando pelo consumo episódico ou ocasional e depois regular.
Só
foi lamentável o comportamento inadequado de alguns alunos.
Sem
dúvida que o melhor mesmo é evitar experimentar!
Por
isso, deixamos um conselho: afasta-te das drogas!
Adriana
Matos e Sofia Pedrosa, O Ciclista
sábado, 23 de novembro de 2013
Aquilo a que chamam “mar”
Para
todos, o mar é bonito,
Apenas
gostam de vê-lo,
Mas
não o entendem,
Não
conseguem senti-lo.
E
quando as ondas batem na areia,
Todos
dão volta e meia,
Sem
pensar no que sucedeu,
Quando
aquela onda morreu.
E
eu fico espantada a olhar,
Mirando
as pessoas que se começam a afastar.
Não
querendo saber o que irá acontecer,
Depois
daquela onda falecer,
Nova
ondas irão rebentar,
Vindas
daquilo a que chamamos “Mar”.
Do
seu clube de fãs, sou o 1º membro,
Porque
gosto dele desde que me lembro.
Por
fora é bonito, por dentro é fabuloso,
Pode
ser calmo e gentil, ou mau e buliçoso.
Classificam-no
com bandeiras,
Criticando
as suas maneiras.
Porém
não interessa como ele está humorado,
Porque
ele está sempre ali ao lado.
É
aquele amigo sempre presente,
Que
comparado connosco, é um pouco diferente.
Mas
que nos melhora a auto-estima,
Fazendo-nos
escrever poemas ou uma rima…
Ana Neta, O Ciclista
sexta-feira, 22 de novembro de 2013
quinta-feira, 21 de novembro de 2013
A televisão
O Miguel era, em
tempos passados, uma pessoa extremamente saudável, cuja alimentação equilibrada
e a prática de exercício físico eram permanentes na sua vida. Na verdade, todos
os dias de manhã, aproveitava os primeiros raios de sol para caminhar em torno
do grande lago situado próximo da sua casa. Em seguida, dirigia-se para a sua residência,
onde tomava um pequeno-almoço reforçado, preparado pelas mãos habilidosas da
sua mãe, nunca se esquecendo da peça de fruta a caminho da escola.
Depois
das aulas e após o regresso a casa, o jovem preparava-se para o seu treino de
basquetebol, que praticava três vezes por semana. Todos os dias passava pela
sua televisão que nem a cores nem a preto e branco funcionava, pois estava
avariada. Este menino, porém, nunca tinha dado atenção àquele objeto nem tinha
muita curiosidade em visionar os programas que daí provinham. No entanto, na
escola, os colegas começavam a comentar os programas que passavam todos os dias
no televisor, pelo que levou o Miguel a desintegrar-se, uma vez que o seu
aparelho televisivo estava avariado.
Entretanto, foi aí
que nasceu uma enorme vontade de ter televisão! O senhor Alcindo - pai do
Miguel - a pedido do filho decidiu, então, concertá-la. A partir daí,
o Miguel
começou a ver muita televisão, aliás demasiada televisão! De facto, o jovem
conseguiu assim integrar-se no grupo daqueles que só falavam dos programas
televisivos que diariamente acompanhavam, porém foi-se esquecendo dos seus bons
hábitos, na medida em que deixou de ir aos treinos de basquetebol. Por outro
lado, começou a ingerir demasiados doces, o que passou a ser uma tentação, pois
ele adorava fazê-lo enquanto estava sentado e via apenas televisão.
O pré-adolescente não
se apercebia assim da situação, até que um dia o seu grupo de amigos o convidou
para dar um passeio pelas margens do lago. Sim! Aquele que ele fazia em poucos
minutos antes de tomar o pequeno-almoço. Todavia, naquele dia, o Miguel a muito
custo terminou o passeio. Encharcado então em suor, chegou a casa e antes de
tomar um duche, só por curiosidade, pesou-se. Só nesse preciso momento é que
percebeu o gigantesco erro que cometera.
Sendo assim, a partir
daquela tarde, o Miguel começou a sua tentativa de recuperar os seus bons
hábitos. E, na verdade, a força deste jovem em querer tornar-se uma pessoa
saudável era muito grande. E provavelmente foi essa a chave que o levou a
consegui-lo. Apesar de tudo, o filho do senhor Alcindo continuava a ver
televisão, mas agora de forma moderada, não tendo efeitos negativos na sua
vida.
Com tudo isto, o Miguel
aprendeu que o visionamento em excesso de televisão não é nem será, de maneira
nenhuma, favorável para a sua saúde. Contudo, chegou à conclusão de que o
visionamento moderado pode proporcionar, para além de uns excelentes momentos
de entretenimento, momentos importantes de aprendizagem.
João Pedro Rocha, O Ciclista
Nota: O
Ciclista celebra, deste modo, o Dia Mundial da Televisão, dia 21 de novembro.
quarta-feira, 20 de novembro de 2013
Nadezhda
A Nadezhda, uma jovem
russa, desde que chegou à escola, tornou-se indiferente para muitos colegas,
mas para outros não e eu bem vi o sorriso que estava espelhado nos seus rostos.
É que ela tinha uns belos olhos azuis e uns longos cabelos loiros e, claro,
isso atrai logo a atenção dos rapazes. Quanto a mim? Eu adoro fazer novas
amizades e por isso, tentei aproximar-me dela, porém a diferença linguística
não nos permitiu de início comunicar.
Eu, a minha irmã e
mais três amigas, como sempre fomos e somos persistentes, usámos todos os meios
que tínhamos ao nosso alcance para dialogar com ela e aos poucos, fazendo
gestos, dizendo palavras simples e apontando objetos e pessoas, lá fomos
comunicando. Tivemos também o precioso apoio por parte de Aniya, colega que
está em Portugal desde o 1º ciclo e que lá nos ia servindo de intermediária e
assim, conseguimos ir comunicando com a Nadezhda.
Por outro lado,
ajudava em muito o apoio que estava a ser prestado pela Dra. Maria Pires,
professora de Português, que lhe estava a dar um acompanhamento muito grande na
nossa língua.
A Nadezhda sempre nos
pareceu uma adolescente alegre, embora no seu olhar houvesse algo de turvo. Bem
que a questionávamos, mas ela dizia “serem saudades de meu país!”.
Claro, como não
sentiria saudades do seu país?! Ela fora arrancada às suas origens, à sua
cultura, às suas tradições, à sua família, muito embora tenha vindo com os seus
pais e irmã. Mas os avós, primos, tios e até os amigos tinham ficado nesse país
distante.
O nosso papel, enquanto
novos amigos dela, era por isso muito importante! Tínhamos mais do que
acolhê-la bem, como fazemos a qualquer novo colega. A ela pretendemos
ensinar-lhe tudo sobre a nossa cultura e ensinar a gostar dela. Não é fazer com
que ela esqueça a dela. Isso nunca! Mas fazê-la ver que somos um povo
acolhedor, simpático e com quem ela pode contar.
Fazê-la ter
esperança, como nos disse que significa o seu próprio nome, que o futuro lhe
venha a sorrir. Para isso, estamos cá nós. Esse é o significado da amizade!
Lembrámos assim,
apesar de já estarmos a deixar de ser crianças, um dos seus direitos
internacionais e fundamentais das crianças e que, por acaso, é o último: “Deve ser educada dentro de um espírito de
compreensão, tolerância, amizade entre os povos, paz e fraternidade universais
e com plena consciência de que deve consagrar as suas energias e aptidões ao
serviço dos seus semelhantes.”.
Sofia Pedrosa, O Ciclista
Nota: O Ciclista celebra,
deste modo, o Dia dos Direitos Internacionais da Criança, dia 20 de novembro.
terça-feira, 19 de novembro de 2013
Campanha solidariedade - Vamos ajudar a Ritinha
Hoje é véspera do Dia dos Direitos Internacionais da Criança, criado pela UNICEF. Que
melhor dia poderia ser escolhido para apelar à solidariedade de todos quantos leem
o nosso blogue. Decerto que haveria outros… Mas, vamos apresentar-vos o caso de
uma pequena criança de tenra idade que precisa de todos nós: a Ritinha!
A Ritinha tem cerca de 1 ano e meio. Com
apenas 3 meses de idade foi-lhe diagnosticado lisencefalia, microcefalia, entre
outras coisas! Esta doença não lhe permite sentar, segurar
a cabeça, pôr-se em pé, falar, entre outras coisas.
De maneira a
possibilitar-lhe um conforto e uma qualidade de vida melhor é necessária a aquisição
de equipamentos indicados às suas necessidades. Contudo, para conseguir adquirir esses equipamentos que
são muito caros é necessária a ajuda de todos. Para
isso, basta contribuir nas campanhas de plástico, tampinhas, papel.
Poderá fazer a entrega destes na nossa
escola: Escola Básica nº 2 de Anadia (junto à Estrada Nacional).
Para mais informações consulte:
Vamos ajudar esta menina, vamos ajudar a
Ritinha a ter uma vida melhor!
Graça Matos, O
Ciclista
segunda-feira, 18 de novembro de 2013
Menção honrosa ganha por duas Jornalistas d’O Ciclista, do Agrupamento de Escolas de Anadia, Adriana e Sofia, em concurso nacional
Na passada
sexta-feira, 15 de novembro, realizou-se a cerimónia da entrega dos
prémios do Concurso Nacional de Poesia e/ou Conto Contra o Racismo instituído
pela Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial (CICDR), com o
apoio do Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural (ACIDI, I.P.),
Instituto Público integrado na Presidência do Conselho de Ministros. Esta
decorreu no Cinema S. Jorge em Lisboa, pelas 16h00.
Os vencedores de
cada uma das categorias e as menções honrosas foram divulgados ao longo da
cerimónia, conduzida pela jornalista Conceição Queiroz e contou com alguns
momentos de animação teatral.
A Senhora Alta
Comissária para a Imigração e Diálogo Intercultural, Dra. Rosário Farmhouse salientou,
no início da cerimónia, que foram recebidas mais de 500 participações para as
três categorias (Categoria I - Participantes entre os 10 anos e 13 anos;
Categoria II - Participantes entre os 14 e 17 anos; Categoria III -
Participantes maiores de 18 anos) e no âmbito deste Concurso Nacional de Poesia
e Conto Contra o Racismo, e que o Júri do Concurso teve muita dificuldade em
selecionar os vencedores destas três categorias postas a concurso, bem como as
menções honrosas atribuídas.
Este concurso teve
por finalidade eleger poemas e/ou contos que promovessem a interculturalidade e
o combate ao racismo, com vista à edição em livro a ser publicado pelo ACIDI,
I.P..
O Ciclista tem o
imenso prazer de informar que duas das suas jornalistas e alunas do Agrupamento
concorreram a este Concurso de Poesia/Conto contra o Racismo promovido pela
ACIDI/CICDR. Para além de terem sido finalistas do concurso obtiveram uma das menções honrosas atribuídas na
Categoria II.
O Ciclista quer
publicamente dar os parabéns à Adriana de Matos Pedrosa e à, sua
irmã, Sofia de Matos Pedrosa pelo texto, intitulado “Plúmbeo”, que
obteve tão honrosa distinção. Não queremos deixar de mencionar e felicitar a
então professora de Português destas alunas, Dra. Sara Diana Castela, que corrigiu o texto e é também membro do nosso Clube.
Em conversa com as
duas jovens, estas explicaram ao Ciclista
que se envolveram na redação do seu conto e que essa envolvência teve a ver com
o facto de verem no seu dia-a-dia não tanto situações que se prendem com o
racismo, mas com a discriminação, não feita de um modo aberto, mas muitas
vezes de uma forma velada: - “às vezes parecia que estávamos a viver a
história…”. Não quiseram deixar de expressar o seu carinho para com a sua
antiga professora, Dra. Sara Castela, que lhes indicou o concurso e as incentivou
a concorrer. Lamentaram, no entanto, que esta não tivesse estado presente na cerimónia.
Contaram que ao longo da redação do texto foi necessário recorrerem não apenas
à sua imaginação e criatividade mas também a factos históricos e das culturas
portuguesa, particularmente local, e angolana. Daí o recurso à Biblioteca Municipal,
onde a colaboração da Dra. Sónia Almeida foi essencial e a quem agradecem imenso.
Finalmente dedicam um carinho muito especial aos pais que sempre as motivaram na
escrita e na leitura. Dedicam esta menção honrosa ao seu avô Custódio Matos.
Quanto à publicação
do texto das duas alunas … pedimos desculpa mas não nos é permitido. Contudo
deixamos uns pequenos excertos apenas para aguçar o apetite:
“A primeira vez que o vi,
fixei aqueles olhos plúmbeos que me fascinaram e irresistivelmente deixei-me
embebecer por aquela doçura e carinho que eles me transmitiam. Aquela cor de
olhos não era a cor que esperava encontrar naquele tom de pele, mas casava bem.
(…)
O silêncio cortante
rasgava o meu íntimo. Nesse instante, não sabia o que mais me afetava, se o
ruído agressivo das palavras que sempre ouvira quando estava diariamente na
escola, se hoje que me encontrava encolhido no vazio daquele lugar que me
parecia escuro onde abandonado me encolhia temendo pela minha vida decerto
presa por um fio…
Aquele silêncio
ensurdecedor ecoava nos meus ouvidos e eu só pedia de volta as censuras veladas
(…)
Aqueles olhares queimavam
a minha pele já negra de si. E eu, que dali era nativo, parecia ser o
alienígena… (…).”
Graça Matos, O Ciclista
domingo, 17 de novembro de 2013
Vencendo o tabaco!
Esta é a história de um episódio ocorrido nos Jogos
Desportivos Interturmas da Escola Secundária de Vale das Flores.
Para espanto de todos, e em especial da Nina, o Vitó
perdeu a prova de Atletismo dos 1500 metros. Toda a gente esperava que ele
ganhasse, como sempre. A Nina, por sua vez, preocupada com o seu colega, não
resistiu e foi ter com ele. Encontrou-o de mau humor e com a respiração
ofegante, a cara vermelha, lábios escuros e um tossir seco. Porém, como boa
amiga, disse-lhe:
- Vitó, sou eu. O que é que tens? Pareces estar mal…
Precisas de alguma coisa?
Ele vociferou raivoso:
- Deixa-me em paz. Já fui suficientemente humilhado,
ouviste?!
Nina não se conteve:
-Ó meu, qual é a tua? Não percebes que estou contigo,
para te apoiar? Quero lá saber o que os outros possam pensar…
Enquanto a ouvia, o Vitó acendeu um cigarro e começou
a aspirar o fumo desesperadamente. Ela passou-se…
-Ah! Tu agora fumas?!
-Fumo! Porquê, não posso? Tu não és minha Mãe…
- Não sou tua Mãe, mas sou tua amiga e gosto muito de
ti! Por isso desejo-te o melhor! Será
que esse tabaco é o responsável por teres perdido a corrida? Se quiseres,
vou contigo ao teu médico e não digo nada a ninguém.
-Nina, desculpa lá a minha fúria, tu não tens culpa nenhuma.
Eu comecei a fumar, às escondidas, há cerca de um ano. Agora já estou habituado
e não consigo deixar isto.
- Fumas muito?
- Quase um maço por dia, às vezes apetece-me fumar
mais, mas não tenho dinheiro que chegue. Mas isso de ir ao médico é para quê?
- É para ver se tens algum problema. Não te lembras de
que há atletas que morrem subitamente? Vá, anda lá comigo. Não custa nada!
Passados uns dias, lá estavam eles, à hora marcada no
Centro de Saúde. O médico ouviu as queixas, auscultou-o e examinou-o e confirmou
que era provável a relação entre o tabaco e aqueles sintomas. Sendo assim, fez um
plano de estudo e vigilância, mas aconselhou o Vitó a deixar de fumar.
- Doutor, afinal como é que eu posso deixar de fumar?
- Tu queres mesmo?
- Tem de ser.
Não estou disposto a passar por outra vergonha, perante toda a gente.
- Então, a primeira coisa que tens de fazer é tomar
uma decisão firme. Tomando a
decisão, tens de te ver livre o mais depressa possível da droga que há no
tabaco, que é a nicotina. É ela que
te prende ao tabaco. Tens de fazer uma boa desintoxicação…
- Senhor Doutor, - interrompeu a Nina – está a querer dizer
que o Vitó está dependente da nicotina?
- Sim, agora a única forma de vencer é repetir a
decisão a cada instante e libertar-se dos depósitos e resíduos de nicotina- esclareceu
o médico.
- Quanto tempo
é que isso dura, doutor? – indagou o Vitó.
A resposta do médico foi clara:
- Depende das
pessoas mas, principalmente, depende da forma como cumpres o plano de desintoxicação.
Não é difícil, mas é muito importante. Vá, se quiseres, toma nota: tens de beber muita água, cerca de 2 litros por
dia, fora das refeições. Isso vai aumentar a eliminação da nicotina. Acompanha
com bastante atividade física, de
modo a transpirares bastante, pois estarás assim a eliminar nicotina pela pele.
Depois toma um bom banho, para assim ajudar a tua circulação a recuperar da preguiça
causada pela nicotina.
Prontamente, o Vitó interrogou:
- Ó Doutor,
então se eu agora não aguentei os 1500 metros, acha que vou passar por mais
vergonhas?
Pacientemente e firmemente, o médico explicou:
- Vitó, a
competição nem sempre é a forma mais saudável de fazer atividade física. Podes
correr, andar de bicicleta ou caminhar a pé…
Outra dica importante é a respiração, já que, ao
deitar fora o ar, também se pode eliminar alguma nicotina, pelo que será útil
se fizeres todos os dias alguns exercícios
respiratórios, com inspirações profundas, seguidas de expirações totais.
Isto também te dará mais oxigénio, que o tabaco te tem roubado desde que
começaste a fumar.
Sempre muito atenta, a Nina interrompeu:
- Ele pode comer de tudo?
A resposta não se faz tardar:
- Para facilitar a desintoxicação da nicotina é
recomendável um regime muito simples, à base de saladas cruas, pão e fruta,
evitando a carne e o peixe, bem como as refeições muito pesadas.
- E por quanto
tempo? – questionou o Vitó.
- Se cumprires isto muito bem, chegam cinco dias a uma
semana.
- Assim está
bem – respondeu o Vitó. - Nunca pensei: água, exercício físico, exercícios respiratórios
e comida simples! Parece-me fácil. Vou tentar.
Satisfeito com a decisão, o médico lembrou:
- O que eu te disse é muito importante e está
cientificamente provado. Aliás, faz parte de um famoso método para deixar de
fumar, chamado “Plano de Cinco Dias Para Deixar de Fumar”. Mas não te esqueças:
toma a tua decisão, repete-a sempre e não voltes a acender nem mais um cigarro!
Se tiveres problemas, telefona-me ou vem ter comigo.
- Muito obrigado, Doutor! Ainda bem que fiz a vontade
à Nina e vim até cá.
Despedindo-se do médico, saíram os dois e não
resistiram a um abraço de grande amizade, que marcou uma nova etapa na vida de
Vitó, que lhe devolveu a capacidade física, o respeito dos outros e o respeito
por si próprio.
O Vitó venceu e tu também podes vencer!
Sofia Ferreira, O Ciclista
Nota: O Ciclista celebra,
assim, o Dia Mundial do Não Fumador / Dia Nacional do Não Fumador, dia 17 de
novembro.
sábado, 16 de novembro de 2013
Dia Nacional do Mar
Já no largo Oceano navegavam
As inquietas ondas apartando;
Os ventos brandamente respiravam,
Das naus as velas côncavas inchando;
Da branca escuma os mares se mostravam
Cobertos, onde as proas vão cortando
As marítimas águas consagradas,
Que do gado de Próteu são cortadas1
[…]
Assim fomos abrindo aqueles mares,
Que gèração algũa não abriu,
As novas Ilhas vendo e os novos ares
Que o generoso Henrique descobriu.2
[…].
Luís de Camões, Os
Lusíadas
sexta-feira, 15 de novembro de 2013
Os gestos da vida
Lucas
era uma criança muito solitária que toda a vida sofrera por não ter alguém para
partilhar todas as suas emoções. Este tinha sido adotado com apenas um ano de
idade por um casal muito simples que desejava profundamente ter um filho.
Um
dia João e Raquel chegaram com a notícia de que iria existir mais uma criança
em casa. Lucas ficou radiante de felicidade.
No
dia seguinte partiram para o orfanato para verem a criança com quem Lucas iria
partilhar tudo. O orfanato tinha um aspeto muito acolhedor, as crianças estavam
sorridentes, ouvia-se pelo ar uma música a esvoaçar, mas, no meio de tanta
alegria pairava um ponto de tristeza. Uma criança estava no canto do pátio
sozinha a olhar para uma flor. Quando a diretora se aproximou do casal informou-os
que aquela criança seria o seu novo filho e que este era mudo comunicando por
linguagem gestual. O casal ficou apreensivo mas Lucas apressou-se a dizer que
aceitavam a criança de todo o coração.
Lucas
começou, então, a ir ao orfanato todos os dias depois da escola para visitar o
seu novo irmão. Aos poucos começou a aprender a comunicar com Matias e este foi
ficando cada vez mais solto e confiante.
Ao fim de dois meses, Matias já se
encontrava na nova casa e Lucas estava mais feliz que nunca. Lucas sabia que,
apesar de ter de comunicar com o novo irmão de uma maneira diferente e bastante
única, tinha uma companhia com quem podia partilhar o que até ali lhe
pertencia. Na verdade, aqueles gestos eram o início de uma nova vida.
Margarida Costa Pereira, O Ciclista
Nota: O Ciclista celebra deste modo o Dia
Nacional da Língua Gestual Portuguesa.
quinta-feira, 14 de novembro de 2013
Manifestação Pais e Alunos – Escola Básica e Secundária de Anadia
O
sucesso da manifestação organizada pela Associação de Pais do Agrupamento de
Escolas de Anadia foi incontestável. Estiveram presentes os mais prestigiados
órgãos da comunicação social, incluindo como seria de esperar o Clube de
Jornalismo do Agrupamento, O Ciclista.
Apesar
de termos sido brindados com cadeados colocados em todos os portões, que impediam
o acesso à escola, foi de louvar toda a dinâmica que envolveu a manifestação,
particularmente o civismo e a forma ordeira como a mesma decorreu. De salientar
que os cadeados foram imediatamente retirados e esta ação decorreu pacificamente,
como já era previsível.
O
Ciclista dialogou com alguns dos
principais intervenientes e com alguns dos muitos alunos e pais anónimos que
decidiram associar-se a este manifesto que teve como objetivo mostrar o estado
de degradação das instalações e insegurança preocupantes em que se encontra a
Escola Secundária e a necessidade premente de continuar a construção da escola
nova já iniciada, em março de 2010 e suspensa um ano depois. Com um investimento
até ao momento de cerca de 4 milhões de euros e com os cerca de 12 milhões
previstos para a sua conclusão, a Associação de Pais e a Associação de Alunos,
que se associou ao protesto, aguardam que os governantes oiçam o apelo
desesperado que hoje aqui está a ser feito e “deitem mão à obra!”.
A
primeira entrevistada foi, como não poderia deixar de ser, a Presidente da
Associação de Pais (PAP), Dra. Patrícia Flores.
A
Dra. Patrícia começou por salientar que o protesto tem como principal objetivo
a falta de condições na Escola Secundária. Assim como a própria e muitíssimo importante
segurança das crianças.
Ao
ser confrontada com o facto de não haver referência à Escola Básica nº 2, uma
vez que esta também deixou de ser intervencionada, por causa da construção da
nova escola e que também nela há sérios problemas, nomeadamente de infiltrações,
a Presidente explicou que na Assembleia Geral, reunida a 4 de Outubro, os pais
presentes debateram toda a situação e consideraram que ao focarem o problema na
Secundária não significava que se tivessem esquecido da EB23, pois o objetivo
não se esgota aqui!
Referiu
que têm muitas outras situações por resolver e que infelizmente a adesão dos
pais é muito insignificante, o que lamentam. Apelam portanto, ao seu
contributo, pois a sua participação é sem quaisquer dúvidas uma mais-valia.
Em
diálogo com o Presidente da Direção da Associação de Estudantes, Miguel Fernandes,
aluno do 12º A, este referiu que a adesão total dos alunos expressa bem o sentir
e a consciência que têm do estado em que se encontra a escola. A Associação dos
Estudantes decidiu apoiar o manifesto da Associação de Pais por o considerar
válido e como um meio de chegar à continuação da construção da escola nova. Muitos
dos alunos da atual associação, segundo o Miguel, talvez já não venham a
usufruir da escola nova. Mas, isso não é importante. O importante é sentir que
esta ação valeu a pena, para que os colegas possam usufruir de melhores condições
para realizar um trabalho mais digno. Quanto aos cadeados inicialmente
colocados nos portões, considera-se indignado, em nome próprio e de toda a
Associação, acrescentado que como se pode ver não eram necessários, pois todos
os portões estão abertos desde o início das aulas (8h30m) e nenhum aluno entrou
na escola!
O
Ciclista quis escutar as sempre
sábias palavras das mães e, muito embora não quisessem “dar a cara”, deram-nos
o seu parecer.
A
primeira mãe a dialogar connosco mostra grande preocupação perante o estado de
degradação não apenas da Escola Secundária, mas também da Escola Básica nº 2 de
Anadia. Segundo a mesma é urgente continuar a construção da escola nova que irá
substituir estas duas escolas. Na sua opinião teme-se por acidentes que possam pôr
em risco vidas humanas, o que se pretende evitar a todo o custo e é isso o que
se deseja com esta manifestação.
Ainda
segundo esta mãe, e passo a citar “toda a Comunidade Educativa merece condições
dignas e facilitadoras do processo de ensino-aprendizagem”.
A
segunda mãe fez questão de nos dizer que tem filhos a frequentar as duas
escolas e que não compreende o porquê da manifestação se cingir apenas à
Secundária. Explica-nos que compreende o elevado estado de degradação da
secundária, em muito superior à B23. Realmente é incompreensível como os alunos
e os professores podem “viver”, pois segundo esta mãe, pode falar-se assim, uma
vez que passam cerca de 9 horas diárias num local sem quaisquer condições de
habitabilidade… sem qualidade de vida. O que viu na televisão é muito mais
grave do que as palavras do filho e dos amigos. - “Contado é uma coisa, visto é
outra! É doentio!”
Na
EB23 diz que já tinha apreciado baldes colocados estrategicamente a aparar as
goteiras que caem no polivalente e em salas de aula, aquando da entrega das
avaliações. Tinha olhado para os telheiros e visto as grandes falhas existentes,
e visto os bancos do exterior todos partidos. Os filhos falaram-lhe do ginásio
e do frio do inverno, e de outros problemas. Mas, segundo esta mãe, são realmente
os problemas da secundária que superam todos estes.
Considerou muito interessante e de bom tom, que alguns docentes da EB23 tivessem cedido ao pedido das suas
turmas e se juntassem com elas ao protesto, pois esta escola também se encontra
bastante degradada, apesar de num estado menos preocupante.
Para
finalizar acrescentou considerar que existem fatores de suma importância no
sucesso escolar dos alunos. Destacou o próprio aluno, o ambiente familiar, o
professor, a turma onde este se insere e a Escola. Ora, como a mesma refere, se
a Escola não tem as condições adequadas, como é o caso, esse é desde logo um
fator de comprometimento do sucesso educativo dos alunos. Portanto, considera esta
luta por demais justa e oportuna. Pede, portanto, aos nossos governantes que
olhem bem para o estado destas escolas, pois um dia destes pode acontecer uma
desgraça e, como refere “não é depois da casa roubada que se colocam as trancas
à porta”, acrescenta dizendo que “fica mais barato prevenir que tratar”.
O
Miguel Galante, aluno do 10º H, salientou ao Ciclista que a adesão total dos alunos foi um estrondoso sucesso. Aludiu
ao facto de mesmo estando os portões completamente abertos e tivesse sido dada
completa liberdade aos alunos para entrarem na escola para irem às aulas,
nenhum aluno entrou. Como se viu todos os alunos demonstraram uma consciência
face à gravidade em que se encontram os dois edifícios que constituem a Escola
Secundária, o que veio dar razão ao protesto da Associação de Pais. Lembrou, ainda a Escola Básica que também se encontra
bastante degradada, apesar de num estado menos preocupante.
O
Sr. Diretor, Professor Elói Gomes, dialogou com O Ciclista começando por referir o caráter muito cívico e pacífico em
que decorreu toda a ação. Aludiu ao facto de todos terem estado à altura da situação, pois
pais e alunos aliaram-se e, desde o primeiro instante desta manifestação
mantiveram sempre uma conjugação perfeita.
Quanto à organização de todo o processo, nomeadamente
da ida da comunicação social à escola ou da própria manifestação, nada tem a
ver consigo, tudo esteve a cargo da Associação de Pais. Na qualidade de Diretor
nunca dificultou a entrada da comunicação social, embora a parte que envolveu a
sua entrada na Escola tenha sido devidamente ponderada e previamente tenha
consultado os órgãos superiores do Ministério da Educação e a resposta dada
fosse sempre que a decisão era do Diretor.
O
Diretor realça o papel de relevo da Associação de Estudantes nesta ação, pois a
partir do momento em que esta decidiu juntar-se ao manifesto, envidou todos os esforços junto
dos alunos no sentido de haver uma envolvência ordeira e pacífica, o que veio a
acontecer como se pôde constatar.
A
existência de cadeados, segundo o diretor, não foi bem vista por nenhuma das
associações, desconhecendo-se o autor do feito. Contudo, de imediato ele
contactara o Presidente da Junta de freguesia e o serralheiro enviado resolveu prontamente
a situação. O Sr. Diretor salientou, conforme a maioria dos anteriores
entrevistados já o fizera, que como foi bem visível os alunos mostraram que não
era nenhum cadeado que os impedia de entrarem na Escola, porque todos os
portões estavam abertos e nenhum aluno entrou. Voltando a realçar o aspeto
pacífico com que toda a ação decorreu, estando portanto todos de parabéns pelo
facto.
O
Ciclista agradece a todos que, muito
gentilmente, colaboraram e tornaram possível esta reportagem.
Graça Matos, O Ciclista
Subscrever:
Mensagens (Atom)