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quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Na Rua do Meu Nascer


Na rua do meu nascer
Nenhumas sombras havia,
E a luz do sol tão ardente
Que mesmo ao entardecer,
Era a lava que acendia
Pela força do clarão,
E até as pedras do chão
E a flor mais resiliente,
Sucumbiam à torrente
Que ardia dentro da gente.
As tréguas que a noite dava
Eram de apressada dura,
Quando o sol adormecia
Até ao nascer da alvura
O calor nunca dormia.
Logo a aurora despontava
E a canícula irada
Afogueava a calçada,
Que sucumbia à torrente
Que ardia dentro da gente.
Meu Alentejo, queimado,
De penedias despidas
E homens de rosto tisnado
Nas searas ressequidas
Magicavam desamores
Alagados em suores.
Sob o sol que se acendia
Até ao entardecer
Nenhumas sombras havia,
Na rua do meu nascer.
João Chamiço, Centro Qualifica, AEA

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