Estava um lindo dia de sol, um arco colorido e
brilhante abraçava a Terra, o céu chorava de alegria. Um dia a que podíamos
chamar perfeito. Eu passeava na floresta, sorrindo a cada passo que dava.
Enquanto passeava, admirava as árvores, o cheiro e
a belíssima paisagem, até que, de repente, constatei que num beco se encontrava
uma árvore, sozinha, abatida, que inundava a floresta de tristeza. O meu
coração encontrava-se num oco total, tinha de a ajudar!
Falámos muito. No início, ela estava um pouco
tímida, limitando-se a responder apenas com acenos, mas com o tempo foi-se
abrindo, foi falando de si, contando a sua história.
Ela nascera há muitos anos numa família bastante
numerosa, foi crescendo e o seu coração foi-se enchendo de alegria, de bondade,
de afeto, de carinho… Era, pois, uma árvore feliz, até que um dia o laranja do
fogo cobriu a sua família. Felizmente ela foi salva por um homem, o homem de
vermelho que lutava por ela e por todos aqueles da sua espécie. A partir desse
dia, ela perdeu a alegria, o afeto e o carinho e o seu coração encheu-se de
saudade e sofrimento, apesar da bondade que nunca perdeu.
Com o tempo ela tornou-se a minha melhor amiga,
entre nós já não havia barreiras, podíamos confiar totalmente uma na outra. O
coração dela encheu-se novamente de alegria e afeto, tornando-se assim feliz.
Eu era uma boa aluna e o tempo não dava para tudo. No
entanto, sempre que precisava, ia falar com ela. Porém, e quando ela precisava de
mim? Eu não estava lá.
Passado, então, algum tempo, o laço que nos unia
foi começando a desfazer-se… acordar, escola, estudar, testes… E ela? Com o
tempo deixei-a para trás. Ela, por sua vez, passou a viver novamente na mais
profunda tristeza.
Uns tempos mais tarde, quando finalmente cai em
mim, fui ter com ela, mas ela já não estava lá.
Até hoje não sei onde está e, às vezes,
arrependo-me de a ter abandonado. Percebi o que ela sentiu ao perder-me a mim e
á sua família, sabendo que podia ter agido de forma diferente e hoje seríamos
efetivamente as duas alegres. De facto, todos os atos têm as suas consequências
e só quando se perde alguém é que se dá o valor merecido.
Agora sou bombeira e salvo todas as árvores que
posso, olho para cada uma delas imaginando-a a meu lado, tendo sempre a
esperança que a história se repita, mas, desta vez, com um final feliz. Não sei
onde ela está, nem sei como está, mas acredito que, esteja onde ela estiver,
será provavelmente feliz.
Beatriz Lopes Carvalho, n.º
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