Endereço de correio eletrónico

ociclista@aeanadia.pt

quinta-feira, 2 de agosto de 2018

Nunca é tarde para mudar de atitude


Estava um lindo dia de sol, um arco colorido e brilhante abraçava a Terra, o céu chorava de alegria. Um dia a que podíamos chamar perfeito. Eu passeava na floresta, sorrindo a cada passo que dava.
Enquanto passeava, admirava as árvores, o cheiro e a belíssima paisagem, até que, de repente, constatei que num beco se encontrava uma árvore, sozinha, abatida, que inundava a floresta de tristeza. O meu coração encontrava-se num oco total, tinha de a ajudar!
Falámos muito. No início, ela estava um pouco tímida, limitando-se a responder apenas com acenos, mas com o tempo foi-se abrindo, foi falando de si, contando a sua história.
Ela nascera há muitos anos numa família bastante numerosa, foi crescendo e o seu coração foi-se enchendo de alegria, de bondade, de afeto, de carinho… Era, pois, uma árvore feliz, até que um dia o laranja do fogo cobriu a sua família. Felizmente ela foi salva por um homem, o homem de vermelho que lutava por ela e por todos aqueles da sua espécie. A partir desse dia, ela perdeu a alegria, o afeto e o carinho e o seu coração encheu-se de saudade e sofrimento, apesar da bondade que nunca perdeu.
Com o tempo ela tornou-se a minha melhor amiga, entre nós já não havia barreiras, podíamos confiar totalmente uma na outra. O coração dela encheu-se novamente de alegria e afeto, tornando-se assim feliz.
Eu era uma boa aluna e o tempo não dava para tudo. No entanto, sempre que precisava, ia falar com ela. Porém, e quando ela precisava de mim? Eu não estava lá.
Passado, então, algum tempo, o laço que nos unia foi começando a desfazer-se… acordar, escola, estudar, testes… E ela? Com o tempo deixei-a para trás. Ela, por sua vez, passou a viver novamente na mais profunda tristeza.
Uns tempos mais tarde, quando finalmente cai em mim, fui ter com ela, mas ela já não estava lá.
Até hoje não sei onde está e, às vezes, arrependo-me de a ter abandonado. Percebi o que ela sentiu ao perder-me a mim e á sua família, sabendo que podia ter agido de forma diferente e hoje seríamos efetivamente as duas alegres. De facto, todos os atos têm as suas consequências e só quando se perde alguém é que se dá o valor merecido.
Agora sou bombeira e salvo todas as árvores que posso, olho para cada uma delas imaginando-a a meu lado, tendo sempre a esperança que a história se repita, mas, desta vez, com um final feliz. Não sei onde ela está, nem sei como está, mas acredito que, esteja onde ela estiver, será provavelmente feliz.
Beatriz Lopes Carvalho, n.º

Sem comentários:

Enviar um comentário