A minha vida passei
Entre linhas e retalhos,
Mas sempre segui em
frente,
Nunca olhei por atalhos.
Passei noites sem dormir
Para outros alindar,
Sempre me esqueci de mim,
Nunca parei p’ra pensar.
Um dia alguém me disse:
“Vive também para ti.”
Mas nesse momento,
Logo de mim me esqueci.
E assim eu fui vivendo
Entre linhas e retalhos,
Entre fitas e dedais,
Entre cantigas e
lágrimas,
Entre suspiros e ais.
Já tanta coisa passei
Através da minha vida,
Mas ainda não parei
E nem me dei por vencida.
Fiz mantas de retalhos
E tanta coisa bonita,
Fiz vários trabalhos,
Uns de seda e outros de
chita.
A nossa vida é assim,
Uma manta de retalhos
Feita através do tempo,
De variados trabalhos
Retalhos de panos finos,
E outros de sedas nobres,
Desprezados pelos ricos,
Eram as mantas dos
pobres.
A vida foi passando,
Só pensando em trabalhar.
Esquecida que um dia
Também tenho de parar.
Zália da Silva Martins,
Centro Qualifica, AEA