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sexta-feira, 27 de março de 2015

À beira do abismo

Foi no ano passado. Ainda me lembro como se fosse hoje.
Estava eu a passar por uma fase menos boa. Os meus pais tinham acabado de perder a vida num acidente de carro. Estava sem forças para nada e foi, após a primeira semana a isto acontecer, que eu me tornei consumidora de drogas. Foi nesse caminho pernicioso que me refugiei. E talvez coincidência ou não, não sei, eu costumava ir a um parque e havia um banco onde sempre me sentara com os meus pais, quando eles estavam vivos.
Numa tarde, após a escola, fui então precisamente a esse parque e no banco, onde era costume eu me sentar, havia um livro mas sem ninguém e aí eu pensei: “Vou-me sentar! De certeza que neste banco caberá mais alguém.”
Sentei-me e quando estava para tirar o meu último cigarro, o livro abriu-se sozinho, o que me deixou bastante assustada. E, de dentro do livro, apareceu uma rapariga de estatura média, com os cabelos castanhos, compridos e ondulados, tinha uns olhos grandes e cansados.
Fiquei a olhar para ela com desconfiança e pensei para com os meus botões: “Do nada, uma rapariga que nunca tinha visto na vida aparece-me de um livro?! Isto só podem ser coisas da minha cabeça!” E ela, por sua vez, leu aquilo que eu tinha pensado, o que me estava a deixar cada vez mais confusa, baralhada.
- Não são coisas da tua cabeça! Chamo-me Marta e perdi a vida devido ao excesso de consumo daquilo que tens precisamente na mão!
- Tu não me conheces de lado nenhum! Apareces do nada e vens falar sobre a minha vida?!
- Eu sei bem o que é estar no teu lugar! Não fumes isso e acompanha-me que eu vou-te mostrar tudo o que aconteceu comigo.
Dei-lhe a mão insegura e, de seguida, fomos para um lago ali perto e a minha vida, como se estivesse gravada num DVD, começou a passar nas águas cristalinas do lago. Seguidamente passou a dela. Desatei logo a chorar e, sem ter tempo de dizer alguma coisa, ela relatou cada dor, cada momento, tudo… E já sem saber o que dizer, atirei aquele cigarro para o lago e prometi-lhe que iria mudar e que jamais iria voltar a cometer aquele erro.
Ela, com uma lágrima no rosto, deu-me um abraço e desapareceu. Nunca mais a pude ver. Por conseguinte, só sei uma coisa, após isto tornei-me uma pessoa muito melhor!

Diana Fernandes, nº 9, 9º E

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