Lembro-me quando
ainda não tinha preocupações, em que tudo era simples e cada dia era vivido da
melhor maneira.
Brincadeiras estavam
sempre presentes no dia a dia. Porém, o único medo, o único sofrimento, era
quando eu caía e esmurrava os joelhos. Aqueles tempos de infância, em que me
levantava cedo para ver os desenhos animados, simplesmente eram do melhor que
havia.
Nunca descobri quando
se deixa de ser pequeno, talvez seja quando se adormece no sofá e, no dia a
seguir, se acorde no mesmo sítio, com uma tremenda dor de costas, em vez de
acordar confortavelmente na cama, como acontecia antigamente. Mas tudo mudou.
Brincadeiras poucas, preocupações muitas, e levantar cedo deixou de ser uma
vontade e passou a ser uma obrigação.
Agora tudo o que
fazemos está mal, tudo nos preocupa, tudo nos magoa, até simples palavras.
Somos limitados à escola, a estudar, e como se não bastasse, quando dizemos que
estamos cansados, há sempre um espertinho que diz: “Cansado de quê?! Só
estudas!”
Só estudo? Acham
pouco? Chegar a casa depois de um dia de aulas e ter de ir estudar, nem tempo
dá para dizer um “Olá!” a alguém. Nem tempo há para os amigos, nem mesmo para a
família.
E o medo que
sentimos… Medo de tirar más notas, o medo da reação da nossa família se
fizermos alguma asneira, o medo de ficarmos sozinhos, de a qualquer momento
perdermos alguém especial. Talvez este último medo nunca seja ultrapassado.
Talvez a vida nos pregue uma partida. Mas temos de levar um dia de cada vez. E,
quando formos adultos, a vida há de recompensar-nos da devida maneira.
Apesar das saudades
da infância, a vida nem é assim tão má, temos amigos, família, uma vida
razoavelmente normal e também não podemos voltar atrás no tempo, por isso, que
remédio temos nós senão viver a vida devagar, um dia de cada vez, enfrentando
sempre os nossos medos.
Inês
Santiago, nº 11, 9ºA – Vilarinho
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