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segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Memórias

Quero ir a tua casa, quero saltar-te para cima da barriga e gritar “Bom dia!”, ouvir o teu “ai!” e a tua resmunguice matinal, por te ter acordado dessa maneira. Quero fazer aquela luta de “espreguiços”, em que temos de chegar a um ponto muito alto e espreguiçarmo-nos três vezes.
Quero sentar-me ao teu colo, enquanto me contas as tuas histórias, tanto as antigas como as mais recentes. Na verdade, nunca me cansei e nunca me cansaria de te ouvir. Mesmo repetidamente, as tuas histórias serão eternamente encantadoras, tal como tu. Lembro-me de cada uma, as da tropa, das viagens de férias, do quanto lutaste pela família e mais, muito mais…e lembro-me do teu doce sorriso enquanto as contavas.
Quero ficar a dormir em tua casa e passar a noite a ver filmes e a ouvir fado, como daquelas vezes, enquanto fazíamos uma longa ceia. Lembras-te?
Quero cantar e dançar contigo, voando bem alto nos teus braços e esquecer todos os problemas.
Quantas vezes cantámos nós juntos o Hino do Benfica? Do nosso grande Benfica! E mais, os fados… cantava-los para mim e que bom, que bom que era ouvir-te cantar, ouvir a tua voz, ver-te sorrir, ver os teus olhos brilhar!
Lembro os pregões que me ensinaste e que eu repetia com um prato na cabeça. Alguns acabaram partidos perante o teu olhar divertido e o zangado da avó. E eu, com o teu incentivo, continuava a gritar a plenos pulmões: “Sardinha ou carapau, fresquiiiiiiiinhos!”.
Recordo com saudade as tuas massagens aos meus pés e quão bem eu me sentia depois.
Quero brincar no baloiço que me construíste, enquanto me balanças e nos rimos até não podermos mais.
Quero poder-te tirar a boina e despentear-te o cabelo, enquanto tu, a rir, reclamas, chamando-me carinhosamente nomes que me fazem rir até doer a barriga.
Quero ouvir a tua voz a chamar-me, quero conversar contigo. Quero rir e brincar contigo, como duas eternas crianças, que não param de fazer “macacadas”.
Não é sem motivo que o meu boneco favorito tem o nome dado por ti.
Quero abraçar-te, dar-te a mão e dizer o quanto gosto de ti.
Neste preciso momento, agradeço-te por todo o Amor e Carinho que me deste (e sim! Estes dois sentimentos têm que ser escritos com letra maiúscula!), por todas as risadas e brincadeiras que fizemos juntos, por todos os raspanetes, conselhos e elogios e por muito, muito mais. Por tudo!
Enquanto estiveste por cá, fizeste-me muito feliz e, acredita que o farás para sempre!
Sei que estás aí, nesse paraíso celeste, e que me escutas. Sei que me proteges e abraças quando preciso. Sei que sorris, com esse brilho nos olhos, quando faço algo bem e que a todo o custo me tentas limpar as lágrimas quando me vou abaixo.
Outrora pensei em desistir e ir ter contigo. Agora sei que, esteja eu onde estiver, tu estarás sempre comigo!
Eu quero que te orgulhes de mim, tal como eu me orgulho de ti.
Acredita, é com a maior felicidade que te chamo de Avô!
Para mim és Eterno, como o meu Amor por ti!
Amo-te, Avô Custódio!!!

Adriana Matos, O Ciclista

3 comentários:

  1. Querida filha,
    Fizeste as minhas lágrimas brotarem, quando leste para mim esta tua belíssima homenagem a este grande Homem que foi o meu pai. Obrigada pela recordação da tua infância e de me teres transportado também àquela que foi um pouco a minha.

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  2. Xiiii... minha rica prima conseguiste meter aqui o durão do teu Pedro a chorar com força... podia comentar esta tua bela homenagem ao nosso avô mais a frio mas prefiro a quente e o sentimento não me deixa falar mais porque estou sem palavras... tu e a mana sabem bem o quanto gosto de vocês onde vocês estiverem e precisarem de mim olhem para trás que eu ja estou nas vossas costas. QUANTO AO NOSSO QUERIDO AVÔ ETERNAMENTE NO NOSSO CORAÇÃO, nas vitórias e nas derrotas para sempre temos de ser como ele nos ensinou

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  3. Mãe e Primo,
    Obrigada aos dois, por essas belas palavras e também por todo o Amor e Protecção que me dão.
    Gosto de vocês daqui até ao infinito.

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