Era uma vez uma menina chamada Paz. Ela vivia
sozinha numa sala enorme com um holograma mágico que mostrava o globo
terrestre. Este globo representava com todo o rigor a superfície da Terra desde
a cidade de Nova Iorque até uma pequena aldeia atrás das montanhas, situada na
Suíça.
Todos os dias, a Paz percorria o mundo com os seus
dedos finos e onde houvesse guerra ela transformava-a em paz com um simples
toque de dedos. O seu trabalho não era valorizado pelos humanos, visto que eles
nem reparavam na sua existência, então, ela própria gostava de se compensar. De
vez em quando, viajava até à Terra, mesmo sendo uma longa e cansativa viagem,
pois ela vivia para lá do Sistema Solar. Porém, no fim, tudo compensava. Na
Terra, a Paz via tudo aquilo que ela não tinha na sua sala que ela chamava de
casa. Via árvores verdes, pássaros que cantavam uma melodia doce, nuvens
brancas e fofas, o mar salgado, violento, mas ao mesmo tempo calmo. Via casas e
via famílias. Família, uma coisa que ela não tinha. Assim que voltava da sua
viagem, continuava a fazer o seu trabalho.
Certo dia, bateram à porta da sua casa. Como é
possível? Saberia alguém da sua existência? Quando ela abriu a porta, uma
menina de cabelos pretos e longos, de olhos também pretos e cara redonda,
sorriu. Um sorriso carregado de maldade. A Paz conhecia esta menina. Seu nome
era Guerra. A Guerra entrou na sala da Paz, mesmo sem ser convidada e arrastou
consigo uma cadeira e algumas cordas. A Paz não estava a perceber o que estava
a acontecer e tentou empurrar a Guerra para fora da sua casa, mas era tarde de
mais. A Guerra prendeu-a à cadeira e começou a fazer o trabalho da Paz no
holograma mágico, mas em vez de transformar a guerra em paz, transformava a paz
em guerra. As guerras na África começavam a aparecer umas atrás das outras.
Homens com caçadeiras, pistolas e bombas combatiam uns com os outros. O Mundo
estava a entrar em guerra. A Paz não podia
deixar isto acontecer, não depois de tantos anos de trabalho para manter a paz
no mundo. Não iria ser uma cadeira e cordas que a iam impedir. Juntou todas as
suas forças, mais do que aquilo que ela pensava que tinha, e começou a desatar
as cordas que a amarravam à cadeira. Sem a Guerra perceber, levantou-se e
empurrou-a para fora da sua casa, fazendo com que a menina de cabelos pretos
caísse no abismo que se estendia à sua frente.
A Paz continuou o seu trabalho, retirando as
guerras do mundo e feliz, por a Guerra não estragar o mundo em que ela vivia. Afinal
de contas, mesmo os humanos não reparando em si, o seu trabalho era importante!
Carolina Dreux, 8.º A, Escola
Básica de Vilarinho do Bairro
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