Um sonho! Um sonho no
qual me sentia como uma pessoa necessitada.
Estava eu
precisamente numa das cidades mais luxuosas do Mundo, Paris. Encontrava-me
assim junto a um café de mão estendida a pedir esmola, depois de um dia de
trabalho bastante difícil, sem ter sido remunerado. Do lado de lá da estrada,
estava uma padaria portuguesa e eu decidi ir até lá. Comecei a olhar através da
montra e a questionar-me a mim próprio: “Porque é que eu tenho de viver nestas
miseráveis condições? Porquê?!”.
Eu sei que, para uma
pessoa ser feliz, não precisa de ter grandes regalias, ter uma enorme casa e um
luxuoso carro, mas sim conseguir escrever, ler, falar, ouvir e sobretudo,
andar. Ora, momentos depois, virei costas e deparei-me com uma situação muito
constrangedora: duas pessoas, por sinal bem vestidas, a discutirem por causa de
um par de sapatos, enquanto eu tinha a minha roupa toda esburacada. Ao olhar
para essa situação, decidi aproximar-me para separar os indivíduos que já
lutavam entre si e, aos berros, exclamei: “Olhem para mim! Olhem para a minha
vida! Sou um mendigo. Quando era pequeno, pensei que nada disto me ia afetar,
agora olhem para mim! Trabalho para colocar comida na mesa para os meus filhos,
para lhes dar roupa para se vestirem e dar-lhes educação, mas hoje trabalhei o
dia inteiro e não me pagaram pelo que fiz!” De repente, acordo e, claro, nada
disto tinha realmente acontecido e cá estou eu na minha cama. Afinal, tinha
sido apenas um sonho, mas tenho a nítida consciência de que, infelizmente, para
muitas pessoas, nestes tempos de crise em que nos encontramos, a situação
vivida por mim no sonho corresponde à sua dura e cruel realidade.
David Cruz, 9º D
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