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terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Passagens baseadas no Auto da Barca do Inferno de Gil Vicente


Prócrates

            Com uma saca cheia de dinheiro, Prócrates chega ao Arrais do Inferno, dizendo:
Prócrates - Hou da barca.! Houlá!
Diabo - Ó Dr. Prócrates, que má hora venhais.
Prócrates - Pera onde caminhais?
Diabo - Pera onde tu hás de ir.
Prócrates - Havemos logo de partir?
Diabo - E onde queres tu ir?
Prócrates -Pera onde é a passagem?
Diabo - Pera o inferno ardente, entrai, entrai.
Prócrates - Pois digo-te que não quero! Eu cá vou pera o Paraíso.

            Prócrates vai-se à Barca do Paraíso, e diz:
- Houlá. Hou da Barca. Houlá Houlá.
Anjo -Que quereis?
Prócrates - O paraíso a que tanto tenho direito.
Anjo - Aqui não entrais.
Prócrates - Tenho dinheiro suficiente p’ra pagar a passagem!
Anjo - O que roubaste ao teu povo, sem nunca o repores?
Prócrates – Eu?! Ousai vós dizer tal blasfémia?! Como é possível?!
Anjo – Sabeis bem que eu jamais minto. Sóis vós que o fazeis.
Prócrates – Sim, confesso, roubei. Mas, vá lá, deixai-me agora entrar.
Anjo – Já vos disse. Aqui não entrais vós. Ide lá p’rà Barca do Diabo, que é lá o vosso lugar.
Prócrates - Mas eu confessei-me.
Anjo - Não entrais aqui, ide pera a barca a que pertenceis, de quem tanto pecado fez em vida.
            Prócrates torna à Barca do Inferno, dizendo:
   - Houlá, afinal aqui entrarei.  Na outra barca, não há classe.
Diabo - Ora entrai, aqui não te arrependerás.
            Entrando Prócrates no batel:
- Ai,!Ai! Que cousa ardente, que saudades da minha bela vida e de tudo o que nela fiz!

Adriana Matos, nº 1, 9º C

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