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terça-feira, 28 de setembro de 2021

A Amizade

Dália era, não uma flor, mas uma menina muito bonita, que vivia numa bonita casa, rodeada de campos verdejantes e um bonito jardim.

Especialmente na Primavera, Dália acordava com o chilrear dos passarinhos e sem dar por isso acompanhava-os no seu cantar enquanto se preparava para começar o seu dia.

Certa manhã, ao abrir a janela do seu quarto, um sol radioso convidou-a a ir até ao jardim.

Após tomar o seu pequeno-almoço, cantando e dançando, começou a conversar com as bonitas flores como se ela própria fosse uma flor.

Vê um malmequer amarelo e debruçando-se sobre ele diz:

- Bom dia, lindo malmequer!

- Malmequer que te quer bem.

- Vou ver se é verdade. E, pegando nele, começa a puxar cada uma das suas pétalas e a cantarolar:

“Malmequer, bem me quer

Tudo, pouco, muito ou nada

 Malmequer, bem me quer

 És a minha flor amada…”

-Não me machuques! Se me arrancas todas as pétalas vou ficar despido.     Quem olha para mim, assim tão feio?

- Desculpa, tens razão, mas estava tão entusiasmada que não dei conta. Apenas pensei em mim, pois queria saber se eras meu amigo.

- Olha! Como está um dia maravilhoso vou dar um passeio pelo campo apreciando a bela natureza que nos rodeia. Queres vir comigo?

- Sim, gostava muito, mas não consigo sair daqui.

- Eu vou ajudar-te.

Mas, eis que o malmequer dá um grito ao ver uma joaninha que tenta levantar voo.

- Gosto tanto de viajar, mas está a ser difícil.

 Dália, mais uma vez, começa a cantarolar:

 “Joaninha voa, voa

Que o teu pai está em Anadia

Vai depressa e volta logo

Antes que acabe o dia.”

E conforme canta, vai soprando e a joaninha bate as asas e parte.

Vermelha como a cor do coração e do amor, uma papoila aproveita e pede ajuda para se deslocar. Dália aconselha-a a ficar porque pode morrer.

Uma zínia que permitia que um zangão lhe tirasse o pólen das suas pétalas vai rindo por sentir que este lhe faz cócegas.

Mais adiante, entre as ervas verdes do campo vê um coelhito que salta dum lado para o outro brincando sozinho. Ela para, para não o assustar, e, muito atenta, percebe que surgem outros, naturalmente seus irmãos que com ele brincam. Passados alguns minutos, desaparecem, pois naturalmente regressam à sua toca.

De repente, ouve-se um grito. Olha à sua volta e nada vê a não ser grandes árvores, com grandes copas, que fazem muita sombra. A menina aproxima-se e surpresa vê uma linda borboleta chorosa.

- Por que choras?

- Porque as minhas asas se partiram.

Dália olha à sua volta e, ao ver tantas flores de variadas cores, pede-lhes ajuda.

Muito solidárias pensam na forma de resolver o problema da borboleta.

Mas como transportar para as suas asas todas aquelas lindas cores?

Eis que uma violeta tem uma brilhante ideia!

- Vou chamar um zangão para nos ajudar.

Como ele se sente muito agradecido por todo o pólen que estas lhe dão, prontifica-se a ajudá-las.

Como suga o pólen de várias cores, ao atirá-lo juntamente com a seiva das árvores vai ficando colado nas asas.

- Ah! Que bonita!

- E que lindas cores!

- Parece um arco-íris!

E esta, feliz com os elogios das flores amigas, começa a voar e a pousar em cada uma delas como que a agradecer-lhes.

Nunca mais se sentiu triste pois as suas asas transmitem liberdade e alegria a quem a olha. Também sente que a amizade é o melhor caminho para a felicidade.

É curioso que, a partir desse dia, Dália sente essa felicidade e essa liberdade. Quando chega ao seu jardim sente em cada uma das flores, das borboletas, dos passarinhos, um AMIGO.

Nunca se sente sozinha.

Quando está triste conversa com elas e logo fica alegre.

Quando precisa dum conselho fala alto no jardim e parece que ouve a resposta; talvez pela tranquilidade de todas as flores.

Quando não tem com quem brincar, brinca com elas ao faz de conta.

Afinal, é tão simples sermos felizes se soubermos apreciar toda a beleza da Natureza que nos rodeia!

Matilde Bento Moreira, 3.º C | Centro Escolar de Sangalhos

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