Dália era,
não uma flor, mas uma menina muito bonita, que vivia numa bonita casa, rodeada
de campos verdejantes e um bonito jardim.
Especialmente
na Primavera, Dália acordava com o chilrear dos passarinhos e sem dar por isso acompanhava-os
no seu cantar enquanto se preparava para começar o seu dia.
Certa manhã,
ao abrir a janela do seu quarto, um sol radioso convidou-a a ir até ao jardim.
Após tomar o
seu pequeno-almoço, cantando e dançando, começou a conversar com as bonitas flores
como se ela própria fosse uma flor.
Vê um
malmequer amarelo e debruçando-se sobre ele diz:
- Bom dia,
lindo malmequer!
- Malmequer
que te quer bem.
- Vou ver se
é verdade. E, pegando nele, começa a puxar cada uma das suas pétalas e a
cantarolar:
“Malmequer, bem me quer
Tudo, pouco, muito ou nada
Malmequer, bem me quer
És a minha flor amada…”
-Não me
machuques! Se me arrancas todas as pétalas vou ficar despido. Quem olha para mim, assim tão feio?
- Desculpa,
tens razão, mas estava tão entusiasmada que não dei conta. Apenas pensei em
mim, pois queria saber se eras meu amigo.
- Olha! Como
está um dia maravilhoso vou dar um passeio pelo campo apreciando a bela
natureza que nos rodeia. Queres vir comigo?
- Sim,
gostava muito, mas não consigo sair daqui.
- Eu vou
ajudar-te.
Mas, eis que
o malmequer dá um grito ao ver uma joaninha que tenta levantar voo.
- Gosto tanto
de viajar, mas está a ser difícil.
Dália, mais uma vez, começa a cantarolar:
“Joaninha voa, voa
Que o teu pai está em Anadia
Vai depressa e volta logo
Antes que acabe o dia.”
E conforme
canta, vai soprando e a joaninha bate as asas e parte.
Vermelha como
a cor do coração e do amor, uma papoila aproveita e pede ajuda para se deslocar.
Dália aconselha-a a ficar porque pode morrer.
Uma zínia que
permitia que um zangão lhe tirasse o pólen das suas pétalas vai rindo por
sentir que este lhe faz cócegas.
Mais adiante,
entre as ervas verdes do campo vê um coelhito que salta dum lado para o outro
brincando sozinho. Ela para, para não o assustar, e, muito atenta, percebe que
surgem outros, naturalmente seus irmãos que com ele brincam. Passados alguns
minutos, desaparecem, pois naturalmente regressam à sua toca.
De repente,
ouve-se um grito. Olha à sua volta e nada vê a não ser grandes árvores, com
grandes copas, que fazem muita sombra. A menina aproxima-se e surpresa vê uma
linda borboleta chorosa.
- Por que choras?
- Porque as
minhas asas se partiram.
Dália olha à
sua volta e, ao ver tantas flores de variadas cores, pede-lhes ajuda.
Muito
solidárias pensam na forma de resolver o problema da borboleta.
Mas como
transportar para as suas asas todas aquelas lindas cores?
Eis que uma
violeta tem uma brilhante ideia!
- Vou chamar
um zangão para nos ajudar.
Como ele se
sente muito agradecido por todo o pólen que estas lhe dão, prontifica-se a
ajudá-las.
Como suga o
pólen de várias cores, ao atirá-lo juntamente com a seiva das árvores vai
ficando colado nas asas.
- Ah! Que
bonita!
- E que
lindas cores!
- Parece um
arco-íris!
E esta, feliz
com os elogios das flores amigas, começa a voar e a pousar em cada uma delas
como que a agradecer-lhes.
Nunca mais se
sentiu triste pois as suas asas transmitem liberdade e alegria a quem a olha.
Também sente que a amizade é o melhor caminho para a felicidade.
É curioso que,
a partir desse dia, Dália sente essa felicidade e essa liberdade. Quando chega
ao seu jardim sente em cada uma das flores, das borboletas, dos passarinhos, um
AMIGO.
Nunca se sente
sozinha.
Quando está
triste conversa com elas e logo fica alegre.
Quando precisa
dum conselho fala alto no jardim e parece que ouve a resposta; talvez pela
tranquilidade de todas as flores.
Quando não tem
com quem brincar, brinca com elas ao faz de conta.
Afinal, é tão
simples sermos felizes se soubermos apreciar toda a beleza da Natureza que nos
rodeia!
Matilde Bento Moreira, 3.º C | Centro Escolar de
Sangalhos
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