Chamo-me
Maria Joana, uma rapariga que não deveria ter nascido ou, pelo menos, é o que
eles me fazem sentir.
Nasci
fruto da noite, álcool e drogas foram os atuantes naquele ato. Pessoas
completamente desconhecidas trocaram beijos e pareceu que já se conheciam há
anos.
Fui
deixada num caixote como se caísse do céu e, junto a mim, foi posta uma carta
com palavras bem claras: “Não devias ter vindo ao mundo, foste um erro, não
posso ficar contigo. Desculpa! A.”
Todas
as vezes que leio esta maldita carta, fico completamente destroçada. As suas
palavras fazem com que eu chore, me isole e queira desistir de vez da vida.
Ora,
se os meus pais não me quiseram, quem me há de querer?
Isto
todos os dias me atormenta. Estou a um passo do abismo, embora felizmente
esteja com uma família quase perfeita que não sabe das minhas lágrimas, apenas
sabe que me acolheu para não deixar uma bebé na rua.
No
meu quarto, as lágrimas deslizam como estrelas cadentes em câmara lenta, o
mundo desliga e o passado entra em ação. O x-ato sai da gaveta e faz golpes
escondidos.
Como
e quando voltarei a viver?! Preciso de dormir e não voltar a acordar.
Preciso
que me tirem daqui como se tirassem as folhas a uma árvore no outono. Preciso
que me coloquem numa máquina para me esquecer que realmente existo e apenas me
lembrar de quem teve coragem para me abrir a porta, quando vim a este mundo. Necessito
urgentemente que me tirem a lua e me ponham um sol que jamais tenha sido
observado neste universo.
Passaram,
pois, dezasseis anos após o meu nascimento e eu apenas me sinto uma pedra no
caminho.
Alguém
me ajude ou eu nunca chegarei a ser feliz.
Diana Fernandes, n.º 6, 10.º I
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