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terça-feira, 12 de julho de 2016

Não pertenço a este mundo



Chamo-me Maria Joana, uma rapariga que não deveria ter nascido ou, pelo menos, é o que eles me fazem sentir.
Nasci fruto da noite, álcool e drogas foram os atuantes naquele ato. Pessoas completamente desconhecidas trocaram beijos e pareceu que já se conheciam há anos.
Fui deixada num caixote como se caísse do céu e, junto a mim, foi posta uma carta com palavras bem claras: “Não devias ter vindo ao mundo, foste um erro, não posso ficar contigo. Desculpa! A.”
Todas as vezes que leio esta maldita carta, fico completamente destroçada. As suas palavras fazem com que eu chore, me isole e queira desistir de vez da vida.
Ora, se os meus pais não me quiseram, quem me há de querer?
Isto todos os dias me atormenta. Estou a um passo do abismo, embora felizmente esteja com uma família quase perfeita que não sabe das minhas lágrimas, apenas sabe que me acolheu para não deixar uma bebé na rua.
No meu quarto, as lágrimas deslizam como estrelas cadentes em câmara lenta, o mundo desliga e o passado entra em ação. O x-ato sai da gaveta e faz golpes escondidos.
Como e quando voltarei a viver?! Preciso de dormir e não voltar a acordar.
 
Preciso que me tirem daqui como se tirassem as folhas a uma árvore no outono. Preciso que me coloquem numa máquina para me esquecer que realmente existo e apenas me lembrar de quem teve coragem para me abrir a porta, quando vim a este mundo. Necessito urgentemente que me tirem a lua e me ponham um sol que jamais tenha sido observado neste universo.
Passaram, pois, dezasseis anos após o meu nascimento e eu apenas me sinto uma pedra no caminho.
Alguém me ajude ou eu nunca chegarei a ser feliz.
Diana Fernandes, n.º 6, 10.º I

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