Skye Roberts era uma
adolescente, calma e reservada exceto com a sua melhor amiga Jemma Watson.
Quanto a esta, a história era completamente diferente, uma vez que a timidez
não existia no seu dicionário, algo que nem sempre era positivo. Tinha cabelos
louros e lisos e, assim que entrava numa divisão, iluminava-a. Os seus olhos
eram de um tom verde-esmeralda e media um metro e oitenta e três centímetros,
porém, mesmo assim insistia em usar sapatos altos. Skye era exatamente o
contrário, pois o seu cabelo era ruivo encaracolado, os seus olhos eram azuis,
aquele azul que encontramos no maravilhoso mar do Havaí e media cerca de um
metro e sessenta e sete centímetros. Bem! Digamos que ela não era a rapariga
com jeito para o desporto. Por outro lado, fazia tudo o que pudesse para não
ter de usar sapatos altos ou mesmo só um pouco de maquilhagem. Pois, a seu ver,
cada um era como era e, sendo assim, não deveria usar produtos para o alterar.
Ambas frequentavam o décimo ano no “Journey
High School”.
Eis que a campainha tocou, enquanto Skye
fechava o seu cacifo e Jemma tentava encontrar o rapaz mais bonito para o
conquistar antes que a sua arqui-inimiga Mary Parcker o fizesse. Saliente-se
que elas eram inimigas desde há muito tempo. Porém, ninguém sabia exatamente o
porquê.
Entraram, então, para
a aula de Espanhol, a pior disciplina para Skye. Como era habitual, as mesas
eram para dois alunos, razão pela qual Jemma e Skye ficavam sempre juntas, mas
naquele dia a treinadora Williams ordenou que ninguém se sentasse, pois iria
fazer trocas nos lugares. É claro que Jemma se manifestou, mas sem sucesso.
A treinadora
costumava treinar a equipa de Futebol. Contudo, como a professora de Espanhol
tinha sofrido um acidente de carro e estava em casa a repousar, ela é que dava
as aulas. No final, Skye acabou por ficar ao lado de um aluno misterioso que
não falava com ninguém de todo, era bastante reservado até mesmo com os
professores. Pessoalmente, Skye achava que tinha algum problema sério com
drogas, mas, quando ele era o assunto, nada era certo.
Como se tudo isto não
fosse o suficiente, a treinadora teve a excelente ideia de que cada um deveria
redigir uma entrevista acerca do seu colega de carteira que, após ser
corrigida, deveria ser traduzida para espanhol e, de seguida, ser novamente
corrigida.
Skye deparou-se,
então, com uma questão muito intrigante: “Como vou falar com alguém que nem sei
se sabe falar?!” Porém, determinada, decidiu estabelecer um diálogo.
- Olá! O meu nome é
Skye, Skye Roberts, e o teu? - perguntou.
Ele não respondeu,
apenas se envolveu ainda mais no silêncio já existente. Aí Skye começou a
perder a paciência, que já não era muita.
- Olha! Eu não sei
que tipo de problema tens, mas eu preciso de melhorar a minha avaliação e não o
posso fazer se tu não colaborares. Por isso, pergunto-te novamente como te
chamas e espero bem que me respondas.
Ele manteve-se
silencioso e refugiado no seu mundo, mas Skye pôde ver um sorriso maldoso atrás
do capuz.
- Mas o que é que se
passa contigo? Primeiro, não respondes e, agora, ris-te de mim? - inquiriu
Skye, indignada com a atitude do rapaz.
Após esta questão,
ele pareceu profundamente satisfeito, como se o seu objetivo fosse sempre
levá-la ao limite. Skye, por sua vez, detetou um ligeiro movimento e ouviu as
seguintes palavras:
-
Podes chamar-me Jack, Jack Brewer.
Entretanto, a
campainha tocou e Skye percebeu que tinham acabado de desperdiçar a aula e que
agora não tinha mais tempo para fazer o trabalho. Jack já estava quase a sair,
quando Skye o chamou e ele disse simplesmente:
- Encontra-te comigo
no salão de jogos à uma da manhã.
Indignada com a falta de educação dele, tentou
formular uma resposta para contra-atacar mas, quando estava pronta para o
fazer, ele já tinha saído. Ainda tentou convencer a treinadora a mudá-la de
lugar, porém, não obteve sucesso.
Quando chegou a casa,
já era de noite. A sua casa ficava isolada das outras. A sua mãe viajava muito
e o seu pai morrera uns anos atrás devido a um cancro, então, ela praticamente
vivia sozinha. Ora, após jantar e fazer os trabalhos de casa, Skye começou a
ponderar ir ao salão de jogos, mas não tinha a certeza se seria a sua ideia
mais prudente. Contudo, por fim, decidiu ir.
Ao chegar, viu que o
ambiente não era o melhor e, então, apressou-se a falar com Jack. Encontrou-o
ao longe. Quando chegou perto dele, reparou que este estava outra vez com
aquele sorriso que, de algum modo, a perturbava, todavia também a cativava. Ao
chegar perto dele, perguntou-lhe:
- Agora, já vais
falar comigo?
- Porque não haveria
de falar!- disse de modo irónico.
- Não sei por que é
que não perguntas isso à tua atitude espanhola!
- Olha! Disse-te para
vires para a entrevista, por isso vamos lá.
- Está bem! Eu
primeiro! Antes de entrares nesta escola, onde andavas?
- Costumava estudar
em casa, por isso esta foi a primeira escola para a qual eu vim. Agora é a
minha vez! Tens namorado?
- Sinceramente, não
vejo como isso pode ser relevante para o nosso trabalho!
- Olha! Tecnicamente
o acordo era que cada um criava as perguntas. Como tal, vê lá se me respondes!
E assim se foram
passando as horas. No dia seguinte, na aula de biologia, nada melhorou, muito
pelo contrário.
Estavam todos na sala
de aula. Skye, por sua vez, estava com a Jemma a conversar, quando o professor
anunciou que o tema que iria ser estudado era a Educação Sexual. Informou que
nas suas idades descobriam atrações, mas o difícil era saberem se a pessoa que
se ama sentia o mesmo por ela, e tinha logo de perguntar ao Jack como é que ele
sabia se uma rapariga gostava dele.
- Então, até é fácil,
só temos de avaliar a linguagem corporal dela, por exemplo, a pessoa vai
começar a sentir-se nervosa, por isso vai começar a bater com o pé ou a mexer
no cabelo de modo a distrair-se, não nos vai olhar nos olhos e vai sorrir para
baixo, assim mais ou menos como a Skye faz quando falamos!- disse num tom
divertido.
Toda a turma achou
piada, incluindo a Jemma, o que deixou Skye ainda mais furiosa.
Momentos mais tarde e
já na biblioteca, Skye viu o Jack a sair apressado. Algo de errado estava a
passar-se. Decidiu segui-lo, apesar de saber que não era propriamente honesto,
mas algo dentro dela dizia que era necessário.
Seguiu-o durante um
pouco de tempo até que ele se encontrou com alguém, muito mais velho do que
ele, parecia zangado. Entretanto, aproximou-se de forma subtil para ouvir
melhor.
-0Ela não vai causar
nenhuns problemas.
- Dizes isso agora,
mas vais acabar apaixonado e depois não serás capaz de fazer um bom julgamento.
Julgamento, mas em
que raio é que este andava metido?!
- Vamos! Não há tempo
a perder.
Eis que surgiram umas
escadas brilhantes, como se fossem feitas de diamantes, eles subiram e ela
decidiu arriscar e também tentar. Era como caminhar em algodão. Entrou
por uma porta brilhante e cativante, tudo era confuso, não tinha ideia de onde
estava, mas ao longe viu Jack e o outro homem, algo estava diferente neles, os
seus olhos brilhavam como se se tivessem incorporado naquele mundo. Naquele
momento só podia pensar que tinha batido com a cabeça, pois aquilo não era
possível. Jack apareceu com asas, asas brancas e fascinantes, percebeu que
aquilo já era de mais, era hora de se ir embora, mas ao virar as costas já
estava cercada daquilo que lhe pareciam ser anjos, gritou, até que Jack disse
para se acalmar e ordenou que a deixassem. Perguntou o que se passava, Jack
informou-a:
- Skye, eu sou um
anjo. Sei que pode parecer uma loucura, mas tu também o és.
- Ok! Se calhar bati
mesmo com a cabeça, e estou a alucinar.
- Skye, estou a dizer
a verdade. Vou contar-te tudo. Outrora, noutros tempos, nós eramos um exército
unido, mas começaram a surgir pequenas rebeliões e um dia cansaste-te de viver
assim e foste, contra as regras, viver na terra. Com o passar dos anos,
ganhaste características humanas e perdeste as tuas naturais. Como és um anjo,
és imortal, mas como humana não, então, cada vez que morres, reencarnas noutro
corpo. E ultimamente temos andado à tua procura.
- Tu precisas é de um
médico! Pois, se isso fosse verdade, eu lembrar-me-ia, não achas?! - comentou
intrigada.
- Por favor, acredita em mim! Eu amava-te e
ainda te amo, cometi o erro de te deixar ir, não o farei novamente.
Ao dizê-lo, beijou-a.
Assim que os seus lábios se tocaram, Skye começou a recordar-se de tudo o que
ele dissera. De facto, era tudo verdade. Mas também se lembrou que, ao ter ido
contra as regras, seria posta em julgamento e não veria mais o seu amado, a sua
mãe e a Jemma e isso era pior que morrer.
Jack, por sua vez,
surgiu com dois punhais, os punhais sagrados, a única arma capaz de matar um
anjo. E foi assim que um amor matou o outro e a história da paixão eterna que
partilhavam talvez tivesse finalmente acabado ou talvez apenas começado.
Inês
Silva Oliveira, nº 12, 9º A
Escola
Básica nº 2 de Vilarinho do Bairro, Anadia
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