Desde
o século XIX, a biologia tem vindo a destronar a crença de que o ser humano se
destaca do restante reino animal por capricho de uma entidade divina
omnipotente. Em contrapartida, explicou o nosso estatuto “especial” na Natureza
com outros fatores. A capacidade de cooperação, a linguagem articulada, o
domínio do fogo e a proeza de não só antever ou precaver-se para situações
futuras, como também, imaginar realidades inexistentes. Não será este último
ingrediente um dos primórdios do sonho, da esperança e da imaginação?
De
facto, sonhar foi uma principais forças motrizes do processo que, em pouco mais
de 200 mil anos, nos levou de meros súbditos da Natureza a dominadores e,
atualmente, a opressores da mesma. Sonhámos ter um pouco mais de alimento disponível.
Esperançosamente lançámos sementes à terra fértil num golpe de genialidade
pré-histórica, sabendo que num futuro próximo os rebentos de vida se iriam
erguer.
Deste
modo, na origem da revolução agrícola, encontramos um Homem que, movido pelo
sonho e encorajado pela esperança, alterou inevitavelmente o futuro da espécie
quando aquela primeira semente se enterrou nas terras do Crescente Fértil.
Avancemos
12 mil anos. Contemplemos: vejamos até onde chegámos, aquilo que alterámos e aquilo
que permanece tal como era nos tempos do “agricultor sonhador”.
Inventámos
o livro, difundimos a informação através de biliões de páginas, dividimos o
átomo, chegámos à lua, manipulámos o ADN, “o manual de instruções da vida”,
alimentámos quase 8 mil milhões de almas frenéticas que são movidas exatamente
pelas mesmas forças poderosas: a esperança e o sonho.
Em
suma, a história do ser humano resume-se aos usos, e abusos, que deu ao sonho,
à esperança e à imaginação para chegar onde chegou.
Só
sonhando e imaginando saberemos onde levaremos a Humanidade nas décadas
atribuladas que se avizinham. É esta a incrível jornada do Homem até aos dias
de hoje.
David Pires, 12.º F, Escola Básica e Secundária de
Anadia
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