Rua dos Perdidos, 11 de setembro
de 2015.
Caro
amigo,
Já
há dois anos que vivo sem ti. Desde aí muita coisa mudou. Durmo em cima de
jornais à chuva e ao frio. No verão, encosto-me ao pé de paredes de uma casa
abandonada à espera que o sol não mude de posição, para eu não ficar sem a
pequena sombra que o telhado ainda me proporciona.
Passeio
pelo parque, à espera que alguém me dê comida, já que não como há imenso tempo.
Tenho a noção que estou a ficar magro, sem forças. Noto também que as pessoas
olham para mim com pena, mas não é isso que me vai dar um teto, comida,
carinho…
Ainda
me lembro quando era pequeno e tu me vieste buscar ao canil. Prometeste que
nunca me ia faltar nada, que ias cuidar de mim como se fosse teu filho.
Será que ainda te lembras do porquê de eu
estar onde estou e como estou? Pois, mas eu lembro-me. Foi tudo por causa de
umas férias, tu querias ir para um hotel no qual eu não podia estar. Preferiste
deixar-me noutra cidade, sozinho, abandonado numa rua.
Será
que não sentes um pouco de remorsos? Será que não te fiz falta? Será que não
andas à minha procura? Pois! Mas nada pode fazer com que o tempo volte atrás.
Será
que me substituíste? Se sim, espero que tenhas aprendido a lição pois, quando
se adota um animal, cuida-se dele até ao fim, mesmo depois de todas as
dificuldades que possam surgir.
Amigo
é aquele que cuida, ama e ajuda. É preciso dizer mais alguma coisa?
Espero
que fiques bem. Adeus!
Black
Alexandra
Natividade, n.º 1 e Isabel Melo, n.º 10, 10.º H
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