O Malaquias que viveu no início período Neolítico
(11000 a.C.), o Joaquim que foi agricultor e viveu numa pequena aldeia portuguesa
em meados do século XVIII e a Patrícia que no ano de 2015 reside numa mega
metrópole, como é Lisboa, têm em comum a utilização no seu dia-a-dia de muitos utensílios,
construídos com materiais diferentes e que foram evoluindo em paralelo com o
avanço social e cientifico da humanidade.
O Malaquias habitava uma gruta, o Joaquim num
casebre da sua aldeia, porque não tinha dinheiro para comprar uma casa, e a
Patrícia num confortável T5 de uma das bonitas torres, na zona da Expo.
- O Malaquias usava pedra para quase tudo, para
acender uma fogueira, para fazer utensílios, como a faca pontiaguda que usava para
caçar e cortar. Este instrumento foi dos primeiros produzidos pelo homem
pré-histórico sendo que os seus antepassados usaram o sílex para fazer esta arma de
grande importância.
Teve o Malaquias a sorte de viver numa época de
profundas mudanças, transformando-se de caçador–nómada em agricultor
sedentário. Esta mudança obrigou-o a construir ferramentas para trabalhar a
terra, normalmente feitas em madeira ou pedra, sendo peça fundamental a
descoberta da roda.
Com alguns dos seus contemporâneos a dedicarem-se à
pastorícia, deixou de vestir as pesadas peles dos animais que caçava, começando
a utilizar o linho
e a lã para
o seu vestuário.
Para o seu trabalho agrícola, abandonou a gruta e construiu uma pequena casa em
pedra,
muito mais sólida que a do seu vizinho que era em madeira, tendo executado o
telhado em
adobes (tijolos de terra crua, água e palha)
revestidos com argila.
No entanto, ainda comia com as mãos e o fogo
continuava a ser fundamental no seu dia-a-dia, fornecendo-lhe o calor, a
iluminação e a sua proteção.
- O Joaquim que viveu muitos séculos depois,
continuava a ser agricultor e a viver num casebre ainda construído por adobes; no
entanto já beneficiava da descoberta dos metais (estanho, cobre, alumínio, ferro e o ouro) e da
sua exploração e transformação em ligas (bronze e mais tarde o aço),
o que lhe possibilitou usar ferramentas muito mais resistentes e duradouras.
A nobreza no século XVIII já trajava luxuosamente,
fruto de novos
produtos trazidos dos territórios conquistados com as descobertas,
como o algodão,
o cetim, a seda e o veludo, bem como a introdução da fabricação mecânica
introduzida do início da revolução industrial. No entanto o Joaquim continuava
a privilegiar a lã.
Nas refeições cozinhadas em panelas de ferro na lareira aberta
da sua cozinha, já utilizava talheres metálicos, como a faca, o garfo
(introduzido em Veneza no século XIII) e a colher (a antecessora das colheres,
surgidas há 20 mil anos, que era apenas um pedaço de madeira ou chifre de boi escavado em
forma de concha e de uso colectivo). A casa já tinha portas
em madeira e janelas
com vidro.
O seu interior era preenchido por algum mobiliário, fundamentalmente em madeira, como
a mesa,
os bancos
e a pequena cama
em pinho.
-
A Patrícia continua a utilizar os talheres nas suas refeições, agora de aço inox.
Tem mesmo um faqueiro banhado a ouro, copos em cristal e pratos em porcelana da Vista Alegre. Para
cozinhar utiliza a Bimby, moderno electrodoméstico que faz qualquer tipo de
cozinhado. No seu apartamento já não existe o fogo, pois cozinha com
equipamento eléctrico, o aquecimento é central garantido por uma caldeira
que funciona com gás natural e a protecção é assegurada por um sistema de
alarme electrónico monitorizado por sms no seu telemóvel.
O mobiliário tem um design moderno com uso do plástico, vidro, derivados da madeira, metais e
tecidos, a televisão
é de Leds,
a mais recente tecnologia, e tem ligação à Internet por Wi-Fi. O vestuário é sofisticado
com recurso à já conhecida lã, linho, cetim, veludo, a seda e algodão,
acrescidos de novos tecidos como por exemplo a sarja, a ganga, poliéster, nylon e até a cortiça.
O seu apartamento situa-se no 18º andar de um
edifício moderno construído em aço e betão, com recurso a isolamento térmicos de espuma rígida
de poliestireno extrudido, janelas em PVC com vidros duplos
intervalados por uma caixa-de-ar com gás raro. Já não é agricultora, mas trabalha
numa empresa multinacional que traz para Portugal o milho transgénico, utilizando
nas suas deslocações um carro movido a gasóleo (derivado do petróleo).
Estas três personagens têm de comum o conhecimento
sobre os materiais que herdaram do passado, integrando na sua vida novos
materiais e utensílios que a evolução social, o conhecimento e o desenvolvimento
da ciência permitiram em cada momento.
Mas o passado garante-nos que esta evolução está longe de terminar, pelo
que às vezes questiono-me:
- Haverá substituto para o petróleo?
- Poderei proteger-me do calor, do frio e da chuva só com uma camisa?
- Como serão as casas que vamos construir na Lua, em Marte ou até noutro
planeta longínquo?
- Será possível no futuro deslocarmo-nos de um local para o outro,
instantaneamente?
Trabalho realizado por Carlos Matos – 7º E, no
âmbito da disciplina de Físico-Química, sobre “A Química e a evolução dos materiais”. – Prof. Helena Arede
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