Parte I
Umas férias
e um mistério
Acordei numa manhã de verão alegre e
perfumada, com o sol irradiando pela abertura da tenda para me sussurrar que um
novo dia tinha nascido, dia esse que seria o primeiro dia das férias no parque
de campismo na foz do Guadiana, a escassos quilómetros da praia.
Pelo canto do olho, observei que a Ana,
a minha melhor amiga, continuava no seu sono profundo. Saí da tenda e, envolto
no brilho resplandecente daquela manhã estava o Mateus, sentado num tronco de
árvore, a preparar o nosso pequeno-almoço.
-Bom dia! – saudou-me ele com uma
alegria notória na face.
-Bom dia! – retorqui eu.
Conheci o Mateus na primavera, quando
comecei a frequentar o grupo de teatro da minha terra e achava-o perfeito.
Escusado será dizer que fiquei radiante quando, no primeiro dia de aulas do 10º
ano, o vi entrar na minha sala de aula com a sua alegria natural e a expressão
misteriosa nos seus olhos. Todos os dias de manhã passávamos sorrateiramente um
pelo outro a entrar para as salas e saudávamo-nos apenas por sorrisos. Nas
aulas, encontrava-o muitas vezes a olhar para mim, mas, devido à timidez, nunca
tínhamos mantido uma conversa fluente. Até que no dia dos seus anos eu ganhei
coragem e desejei-lhe um feliz aniversário. No fim das aulas desse dia, ele
convidou-me para comer um gelado. Fomos a pé até ao café do senhor José e,
saboreando o gelado, prosseguimos até ao parque onde passeámos entre as árvores
envoltas em mistério. Conversámos sobre as aulas daquela manhã, vimos os patos
e demos comer aos peixes do lago. Até que o pôr-do-sol chegou e com ele o seu
brilho, que nos envolveu numa nuvem de ternura indescritível. Enquanto eu
admirava a beleza do astro-rei, Mateus propôs-me que passássemos as próximas
férias juntos. Aceitei o convite e agora ali estávamos nós (eu, ele e a Ana).
Depois do meu banho matinal sentia-me
especialmente feliz naquelas que eram as minhas primeiras férias num parque de
campismo. Acordei a Ana e juntos tomámos o pequeno-almoço com a bênção de um
sol luminoso e árvores verdejantes.
Nesse dia combinámos ir à praia, visto
termos aderido a uma campanha de limpeza do mar “Um mar limpo para um planeta
azul”. Enfim, encontrámos muitos objetos a poluírem o mar: garrafas vazias,
redes de pesca rasgadas, pedaços de toalhas de praia, …
No decurso desse dia, percebemos o significado
de trabalho conjunto e a importância de preservar o oceano. Ao final do dia, já
no aconchego da nossa tenda, relembrámos as aulas de Ciências Naturais, nas
quais tínhamos falado das marés negras e da destruição que estas causam ao
nível da fauna e da flora, destruição essa que em alguns casos era
irreversível. Recordámos também algumas fotografias do Greenpeace que vimos na palestra de sensibilização, que nos
marcaram a todos pela realidade da poluição dos oceanos que as mesmas
transmitiam.
Continua ...
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