O Modernismo Português
surge com um conjunto de acontecimentos artísticos e literários, como a revista
Orpheu, que foi divulgada em 1915.
Fernando Pessoa, Mário de Sá Carneiro, Almada Negreiros, entre outros, formaram
o grupo que fez nascer esta revista, que suscitou reações de indignação e
escárnio nos leitores.
Fernando Pessoa é a
personalidade mais importante do Modernismo Português. Desde muito cedo que
este esteve relacionado com a leitura, com a perda e a separação. Com todos os
acontecimentos, ao longo da sua vida, o poeta, como ortónimo, escreveu sobre o
fingimento, a cisão entre o sentir e o pensar, a dicotomia sonho/realidade, as
saudades da infância, entre muitos mais.
Apesar de ter escrito
como ortónimo, também escreveu na pele de vários heterónimos, ao longo da sua
vida. A palavra heterónimo deriva do grego e significa outro nome. Desta
maneira, o poeta personifica-se. Da sua obra heteronímica, os seus heterónimos
mais conhecidos são Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos.
Começando pelo
primeiro, Alberto Caeiro recusa a metafísica e tem uma visão objetiva da
Natureza. Este procura uma aprendizagem espontânea e natural através dos
sentidos. Ricardo Reis é o poeta da sabedoria do passado, da tradição cultural
da idade clássica que com ela constrói uma sabedoria pessoal, a que quer viver.
Por fim, Álvaro de Campos é o poeta da modernidade: a civilização e a técnica
do mundo contemporâneo, mas também sensível com depressões nervosas e
inadaptações. Três heterónimos, três artes: uma arte de ser; uma arte de
sentir; uma arte de viver.
Desta feita e tendo em
conta os três heterónimos, identifico-me mais com Alberto Caeiro, um poeta das
sensações. Para Caeiro, sensacionismo não é só arte, mas também uma ciência e
uma moral. Primeiro de tudo, este poeta é um bucólico, da Natureza; tal como
diz no seu poema “Eu nunca guardei rebanhos”, ele segue-a porque a aceita
serenamente tal como ela é. Vive das sensações e sente sem pensar, pois não
procura nenhum sentido para a vida ou para o universo, bastando-lhe aquilo que
vê e sente em cada momento. Por isto, Caeiro privilegia em especial o sentido
da visão e tudo o que aprende e apreende à luz do dia. Assim, a visão é tão
especial para ele que Caeiro, no poema “Eu nunca guardei rebanhos”, refere que
fica triste com o fim do dia, pois, quando cai a noite sobre a Natureza, é-lhe
impossível ver com nitidez. Desta forma, o poeta faz uma recusa do pensamento o
que lhe permite que seja mais feliz, viver sem dor e, até mesmo, morrer sem
desespero. De facto, para ele “pensar é estar doente dos olhos” e, quando
pensamos, o mundo fica incerto. Para este poeta, o pensamento interfere com a
sua perceção do mundo que o rodeia. Assim, aceita o mundo, o universo, a
realidade tal como ela é, sem a questionar e, desta forma, vive calma e
naturalmente.
Para finalizar, o
grande motivo pela qual me identifico com Alberto Caeiro é pelo facto de ele
não racionalizar as sensações, o que o conduz a uma certa ingenuidade,
autenticidade, naturalidade e espontaneidade, para que assim seja feliz.
Sara
Baetas, n.º 17, 12.º I – Profissional
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