Trago comigo no peito
Uma dor que me dilacera a alma.
O meu profundo sentir não quer ver,
mas vê…
Vê o mudo grito daqueles que lá
longe lançam os seus apelos.
Diariamente oiço-os a chamar e não
respondo.
Calo em mim a vontade de dizer:
BASTA!
O meu coração, dilacerado pela
tormenta,
Chora por eles, mas ninguém me
escuta.
E eles continuam a aventurar-se
Por esse mar de esperança e de dor.
Continuam a partir…
Partem em busca de um sonho.
De um mundo que nada lhes prometeu.
Fogem das mãos daqueles que, tal
mãe, os deveria proteger.
Mas, contrariamente, não!
Tira-lhes o essencial.
Viola os seus direitos.
Os destrói e mata.
E eles …
Eles vendem a alma e a vida.
E… lançam-se no desconhecido.
Eu?!
Eu sofro calada.
Mas quero gritar bem alto: PAREM!
Ninguém me escuta.
E a dor,
A minha e a deles, continua!…
Finalmente, ei-los que chegam.
Trazem no rosto a esperança.
Na bagagem, os parcos haveres.
A dor, essa, continua presente
Nos rostos queimados pelo sol e
pelo sal.
Vão deambulando de país em país.
Podem ficar…
Mas alguém diz:
Aqui não!
E sentem tardar o sonho.
Até para serem livres precisam de permissão!
E a dor mantém-se viva.
O que fazer?!
Eu quero dizer: BASTA!
Mas o meu grito de dor
Mergulha num profundo silêncio.
Ninguém me escuta.
E a dor,
A minha e a deles, continua!…
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