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sábado, 2 de janeiro de 2016

PAZ



No jardim, as roseiras ainda se vestem de multicores, saudando os visitantes que, nesta época primaveril, ainda são escassos. A imensidão daquele azul libertador, onde o mar se confunde com o céu, recebe quem ali chega de braços abertos com um sorriso de boas vindas.
É nesta paz que repouso e gosto de me deixar andar sem tempo, identidade, ou memória, apenas livremente!
É neste espaço que afasto o tormento que há muito vivi e que tento, em vão, esquecer. Vêm-me, por vezes, à lembrança esses momentos em que no céu ecoava o ribombar do canhão disparado sem pedir licença a ninguém. Em que o rasgar do escuro da noite até teria sido belo, não fosse a destruição de um mundo que poderia ser de sonho e de esperança. Lembro-me bem das crianças que nunca o foram. De homens que se odiaram só porque sim. Das mulheres que choraram a perda de vidas inutilmente.
A paz desejada tardou em chegar… Mas valeu a pena sonhar!
Neste lugar paradisíaco onde me encontro, volto a sentir a suave brisa que me envolve e oiço a bela melodia do tempo que ela entoa. Simultaneamente, vejo-a acariciar suavemente a fina pele dourada da areia. A bela areia olha-me deslumbrante, irresistível e deixo, então, o meu corpo deslizar atraído para ela. Deitado na morna areia, escuto o imenso oceano sussurrar o seu eterno amor à serena praia e a furtar-lhe, carinhosamente, um beijo quando ela se encontra distraída.
Um fiozinho pinta de branco o belo azul celeste, mas não consegue fazer sombra ao Sol, que irradia a felicidade dos deuses. As aves voam majestosamente mostrando todo o esplendor da sua plumagem e eu sinto a liberdade que elas soltam, a paz que espalham no ar e tudo me parece tão irreal.
Neste paraíso ouvem-se os risos puros das crianças que libertam os seus gritos inocentes, em brincadeiras alegres e cativantes.
E, nas tuas mãos, mãe natureza, deixo-me languidamente voar numa paz tão imensa e tão bela que, de tão límpida e serena, gostaria de a ver conquistada assim para sempre. Este é o meu refúgio e quem me dera que em todo o Mundo a Paz fosse possível e lugares como este não fossem utopia.


Adriana Matos e Sofia Pedrosa, O Ciclista



Foi com a leitura deste texto que O Ciclista presenteou os ouvintes da Rádio Província no último dia do ano.
Decidimos dar o nosso contributo, para que 2015 terminasse de um modo ainda mais agradável, a todos quantos escutaram a nossa rubrica no Supermanhã. Contudo, a leitura não ficaria completa sem uma música de fundo, pelo que decidimos também acompanhá-la e coube à Sofia fazê-lo ao piano, com a música Unfaithful, de Rihanna.
Esta foi a forma que escolhemos para transmitirmos uma mensagem de esperança a todos quantos nos ouviram e, agora também a todos os nossos leitores.
Partilhamos os momentos vivenciados nesse último dia do Ano no estúdio da Rádio Província.
Adriana Matos, Sofia Pedrosa e Tomás Antunes, O Ciclista








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