No jardim, as
roseiras ainda se vestem de multicores, saudando os visitantes que, nesta época
primaveril, ainda são escassos. A imensidão daquele azul libertador, onde o mar
se confunde com o céu, recebe quem ali chega de braços abertos com um sorriso
de boas vindas.
É nesta paz que
repouso e gosto de me deixar andar sem tempo, identidade, ou memória, apenas
livremente!
É neste espaço que
afasto o tormento que há muito vivi e que tento, em vão, esquecer. Vêm-me, por
vezes, à lembrança esses momentos em que no céu ecoava o ribombar do canhão
disparado sem pedir licença a ninguém. Em que o rasgar do escuro da noite até
teria sido belo, não fosse a destruição de um mundo que poderia ser de sonho e
de esperança. Lembro-me bem das crianças que nunca o foram. De homens que se
odiaram só porque sim. Das mulheres que choraram a perda de vidas inutilmente.
A paz desejada tardou
em chegar… Mas valeu a pena sonhar!
Neste lugar
paradisíaco onde me encontro, volto a sentir a suave brisa que me envolve e
oiço a bela melodia do tempo que ela entoa. Simultaneamente, vejo-a acariciar
suavemente a fina pele dourada da areia. A bela areia olha-me deslumbrante,
irresistível e deixo, então, o meu corpo deslizar atraído para ela. Deitado na
morna areia, escuto o imenso oceano sussurrar o seu eterno amor à serena praia
e a furtar-lhe, carinhosamente, um beijo quando ela se encontra distraída.
Um fiozinho pinta de
branco o belo azul celeste, mas não consegue fazer sombra ao Sol, que irradia a
felicidade dos deuses. As aves voam majestosamente mostrando todo o esplendor
da sua plumagem e eu sinto a liberdade que elas soltam, a paz que espalham no
ar e tudo me parece tão irreal.
Neste paraíso
ouvem-se os risos puros das crianças que libertam os seus gritos inocentes, em
brincadeiras alegres e cativantes.
E, nas tuas mãos, mãe
natureza, deixo-me languidamente voar numa paz tão imensa e tão bela que, de
tão límpida e serena, gostaria de a ver conquistada assim para sempre. Este é o
meu refúgio e quem me dera que em todo o Mundo a Paz fosse possível e lugares
como este não fossem utopia.
Adriana Matos e Sofia Pedrosa, O Ciclista
Foi com
a leitura deste texto que O Ciclista presenteou os ouvintes da
Rádio Província no último dia do ano.
Decidimos
dar o nosso contributo, para que 2015 terminasse de um modo ainda mais
agradável, a todos quantos escutaram a nossa rubrica no Supermanhã. Contudo, a
leitura não ficaria completa sem uma música de fundo, pelo que decidimos também
acompanhá-la e coube à Sofia fazê-lo ao piano, com a música Unfaithful, de
Rihanna.
Esta
foi a forma que escolhemos para transmitirmos uma mensagem de esperança a todos
quantos nos ouviram e, agora também a todos os nossos leitores.
Partilhamos
os momentos vivenciados nesse último dia do Ano no estúdio da Rádio Província.
Adriana
Matos, Sofia Pedrosa e Tomás Antunes, O
Ciclista
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