Era
eu uma criança,
Com
minha avó na missa da igreja,
E
ela gritava: “Valentim, não grite nem pestaneje!”
Assim
que o padre começava a falar.
Lembro-me
de uma palavra numa homilia,
Uma
palavra muito estranha,
Que
mexeu e remexeu na minha entranha,
Uma
palavra que gostava de pronunciar.
“-
Avó, o que é o amor?”
Questionei
eu naquele momento,
Com
a resposta: “É apenas um sentimento.”
Para
calar e entender.
Até
que cheguei à adolescência
E
pensava eu que nunca ia encontrar
Uma
pessoa que me soubesse bem explicar
O
que é que “amor” queria dizer.
Tinha
eu quinze anos,
Quando
meu tio-avô adoecera
E
pouco depois falecera,
Abrindo
uma chaga em meu coração.
Minha
mãe me explicou,
Entre
lágrima e desgosto,
Enquanto
as lágrimas lhe escorriam pelo rosto,
Que
o que sentia era saudade e amor.
“Amor
de família”,
Uma
frase que nunca esqueci,
Pois
foi nesse momento que descobri
Um
dos significados do Amor.
No
dia seguinte fui à escola,
E
fiquei muito indignado,
Quando
descobri que estava apaixonado
Pela
moça que ia à escola vender figos!
“Isso
é paixão!” – retorquiu o Manel.
“E
Mãe-Teto!” – brincou o João.
Só
me lembro de lhe dar um chapadão
Fazendo
rir os meus amigos.
Na
faculdade encontrei um velho senhor
Que
era pobre, um sem-abrigo.
E
eu, num gesto amigo,
Dei-lhe
algo para comer.
“Você
é a personificação da fraternidade!”
Exclamou
o velho, cheio de alegria.
“Mas
isso é alguma alegoria?”
Sabia
lá eu o que “fraternidade” pretendia dizer!
O
indivíduo tentou explicar-me,
Entre
risos e risadas,
Interjeições
e gargalhadas,
Que
era uma espécie de sentimento.
Fui
para o quarto que alugara
E
encontrei um dicionário
Lá
no topo de um armário,
Para
meu belo tormento…
Após
várias tentativas
O
dicionário agarrei.
E
furiosamente folheei
Até
achar o que procurava.
“Definição
de amor:
Carinho
familiar / Amizade /
Paixão
/ Fraternidade “
E
bastou isso para me iluminar…
Percebi
que o amor é o maior tesouro da vida,
É
a razão da união, da felicidade.
E
só quando o sentimos é que o descobrimos de verdade.
E
é tão fácil de descobrir e demonstrar…
Em
suma, ele é algo muito estranho…
Pode
fazer chorar, pode fazer rir.
E
a razão pela qual o sentimento não se pode discutir.
É
versátil de verdade, mas é assim que temos de o aceitar.
Ana Neta, nº 3, 9º E / O Ciclista
Sem comentários:
Enviar um comentário