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sábado, 14 de fevereiro de 2015

O amor, sentimento estranho


Era eu uma criança,
Com minha avó na missa da igreja,
E ela gritava: “Valentim, não grite nem pestaneje!”
Assim que o padre começava a falar.

Lembro-me de uma palavra numa homilia,
Uma palavra muito estranha,
Que mexeu e remexeu na minha entranha,
Uma palavra que gostava de pronunciar.

“- Avó, o que é o amor?”
Questionei eu naquele momento,
Com a resposta: “É apenas um sentimento.”
Para calar e entender.

Até que cheguei à adolescência
E pensava eu que nunca ia encontrar
Uma pessoa que me soubesse bem explicar
O que é que “amor” queria dizer.

Tinha eu quinze anos,
Quando meu tio-avô adoecera
E pouco depois falecera,
Abrindo uma chaga em meu coração.

Minha mãe me explicou,
Entre lágrima e desgosto,
Enquanto as lágrimas lhe escorriam pelo rosto,
Que o que sentia era saudade e amor.

“Amor de família”,
Uma frase que nunca esqueci,
Pois foi nesse momento que descobri
Um dos significados do Amor.

No dia seguinte fui à escola,
E fiquei muito indignado,
Quando descobri que estava apaixonado
Pela moça que ia à escola vender figos!

“Isso é paixão!” – retorquiu o Manel.
“E Mãe-Teto!” – brincou o João.
Só me lembro de lhe dar um chapadão
Fazendo rir os meus amigos.

Na faculdade encontrei um velho senhor
Que era pobre, um sem-abrigo.
E eu, num gesto amigo,
Dei-lhe algo para comer.

“Você é a personificação da fraternidade!”
Exclamou o velho, cheio de alegria.
“Mas isso é alguma alegoria?”
Sabia lá eu o que “fraternidade” pretendia dizer!

O indivíduo tentou explicar-me,
Entre risos e risadas,
Interjeições e gargalhadas,
Que era uma espécie de sentimento.

Fui para o quarto que alugara
E encontrei um dicionário
Lá no topo de um armário,
Para meu belo tormento…

Após várias tentativas
O dicionário agarrei.
E furiosamente folheei
Até achar o que procurava.

“Definição de amor:
Carinho familiar / Amizade /
Paixão / Fraternidade “
E bastou isso para me iluminar…

Percebi que o amor é o maior tesouro da vida,
É a razão da união, da felicidade.
E só quando o sentimos é que o descobrimos de verdade.
E é tão fácil de descobrir e demonstrar…

Em suma, ele é algo muito estranho…
Pode fazer chorar, pode fazer rir.
E a razão pela qual o sentimento não se pode discutir.
É versátil de verdade, mas é assim que temos de o aceitar.
Ana Neta, nº 3, 9º E / O Ciclista

            

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