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quinta-feira, 19 de maio de 2016

Palestra de Biologia – “A importância da Biodiversidade”



O Prof. Dr. Jorge Paiva veio à nossa escola dar uma palestra com o tema “Importância da Biodiversidade”. 
Previamente, foi feita uma breve apresentação do palestrante pela Professora Fernanda Mota, que salientou alguns dados biográficos relevantes, tais como o facto de o Prof. Jorge Paiva ser um destacado botânico de renome mundial, tendo, inclusive, espécies de plantas classificadas com o seu nome.
Foi professor da Universidade de Coimbra, nasceu em 1933, tem quase 83 anos e oito irmãos. Começou por afirmar que corria 10 km por dia, isto foi apenas mais uma curiosidade que deixou todos os ouvintes espantados.
Para ele, nós vivemos numa gaiola toda porca, que as gerações passadas “emporcalharam” e, é por isso, que as doenças vão aparecendo, tais coma a SIDA, Zika e outras. Compara esta situação à de um passarinho que está numa gaiola. Se os donos não a limparem, ele vai morrer.
A biodiversidade é a diversidade da vida, sendo que “bio” é vida e diversidade significa variedade. Neste sentido, podemos dizer que o conceito de biodiversidade se refere à quantidade e variabilidade de espécies que habitam numa dada zona do planeta.
O Prof. Jorge disse que se fosse à televisão, 90% das pessoas não sabia o que era biodiversidade e, para ele, toda a gente tem que saber, independentemente da profissão.
Deu-nos o exemplo de um automóvel que para andar precisa de ter combustível no depósito, que começa com a letra “c”, como o gasóleo, gasolina e que todos estes combustíveis têm carbono na sua composição. Tem que se dar uma reação química, chamada combustão, de onde saem gases tóxicos com carbono. Esta reação de combustão liberta calor que fornece energia e são denominadas, por isso, reações exotérmicas.
Até as crianças sabem que para cozer batatas é preciso pô-las ao lume. Isto é, estamos a fornecer energia. Esta é denominada por reação endotérmica.
Com o nosso corpo passa-se exactamente o mesmo. Todo ele está cheio de motores, tais como o diafragma e a cabeça. Se isto são motores, precisam de carbono e nós temos que encher o depósito que também começa pela terá “c”, comida, que tem carbono. Dá-se a digestão e depois os compostos saem pelo cano de escape, referindo-se, deste modo, aos locais do nosso corpo onde se faz a eliminação de todos os produtos que carecem de ser eliminados: sistema respiratório, onde se elimina nomeadamente o dióxido de carbono; sistema digestivo, onde se eliminam as fezes; pele, local de excreção de várias substâncias; sistema urinário, onde é produzida e excretada a urina…
Há, também, seres vivos que não precisam de nada dos outros, porque produzem a sua própria comida, são seres autotróficos.
A bio (vida) é o nosso combustível.
Há, ainda, seres vivos que vão reciclar esses compostos, as fezes que são como os combustíveis e, por isso, têm carbono (são seres decompositores).
Nos seres vivos, o “combustível” tem de ser espalhado por todo o corpo. Nos animais é o sangue arterial e venoso e nas plantas é a seiva bruta e elaborada. No caso dos animais, o tal “combustível” passa por uns tubos que são as veias e as artérias e, no caso das plantas, pelo floema e pelo xilema. No fundo, é tudo igual, como afirmou o palestrante.
O AVC (Acidente Vascular Cerebral) acaba por ser mais frequente, porque envolve tubos mais pequenos, localizados no cérebro. As plantas, felizmente, não tem acidentes vasculares cerebrais, pois, também, não têm cérebro.
Atualmente, quem manda não são os políticos.
Ele gostava de experimentar encher a mala só com milhões de euros, ou seja, muito dinheiro e ir para o deserto do Sara. Verificar-se-ia que ele não permaneceria vivo durante muito tempo. Com este exemplo, garante que o dinheiro não serve para nada.
Entretanto, conta mesmo uma história sua, pelo que é mesmo verídica. Certa vez foi colocado na Amazónia completamente nu e sem dinheiro. Passados 15 dias foram-no buscar e ele estava vivo. A sua sobrevivência deveu-se ao facto de ser um sítio que tem água, que é essencial à vida, assegurou ele e afirmou, também, que comeu o que os macacos comiam, bem como peixe cru.
Retomando a situação do carro, quando nós aceleramos, gastamos mais gasolina. Mais uma vez, o mesmo se passa connosco quando se faz exercício físico gasta-se mais “combustível” (energia) e, por isso, precisamos de comer mais, enchendo o “depósito” várias vezes, tal como acontece com o carro.
Nós precisamos de comer, porque o que comemos, o nosso “combustível”, tem azoto.

Perguntou aos alunos como se chamam as pessoas que só se alimentam de vegetais. A resposta foi facilmente dada: vegetarianas! Face à pronta resposta explicou que se uma vaca, que só come plantas é herbívora, então, uma pessoa que também só come plantas é, também, herbívora e não vegetariana, como dizem. Claro que, ao ouvir a resposta, soltou-se um riso por parte da plateia de alunos.
Falou também do DNA. Quando se pergunta a uma criança o que é o DNA, ela respondem que é um fio muito pequeno, como um cabelo. O DNA é aquilo que nos distingue uns dos outros.
Falou-nos, ainda, da urina. Quando os romanos chegaram aqui, à Península Ibérica, os visigodos aperceberam-se que quando tinham febre, a urina curava. Eles misturavam-na bem com perfume, para não se sentir tanto o cheiro. Descoberto que a urina curava, levaram, então, um depósito de urina para Itália. O próprio Prof. Jorge chegou a fazer isto numa das suas viagens e, quando o médico o foi buscar a Timor, apercebeu-se que ele estava todo picado, mas não estava infetado, isto por ter passado a sua própria urina na pele. Mostrou-nos uma foto, com as mangas da camisola arregaçadas, todo picado. Brinca com a situação dizendo que se nós estivéssemos infetados ou até com dores de garganta, o medicamento que resolveria a situação seria a urina. É evidente que se fez soar uma enorme gargalhada, um certo arrepio e alguma repugnância também, por parte de todos os alunos presentes.
Afirmou ainda que quando nós bebemos chá de plantas, o chá corresponde à urina das plantas. Com isto é que ficamos extremamente arrepiados e enojados.
Os medicamentos (comprimidos, por exemplo), sem exceção nenhuma, são tóxicos. A diferença apenas se baseia no facto de uns serem tóxicos, embora possam ser passados pelos médicos, logo com receita médica e outros não terem sido prescritos pelos médicos, daí poderem ser adquiridos sem a dita receita.
É claro que os níveis de toxicidade variam de pessoa para a pessoa. Há medicamentos que são demasiado tóxicos para uma criança, dado o seu menor volume. Por sua vez, os adultos já aguentam e toleram melhor essa toxicidade.
A partir disto considera incrível venderem chá, que é tóxico, às crianças. Isto reside no facto de o negócio dos chás estar ligado ao Ministério da Agricultura e não da Saúde. Contudo, afirma-nos com todas as certezas, que isto vai acabar.
Prossegue com as plantas, referindo que estas não precisam dos outros seres vivos para produzirem os seus próprios compostos orgânicos. Elas agarram nos desperdícios dos outros, que têm carbono, no azoto da atmosfera e na luz solar e “põem a panela a ferver”. Isto é, “decompõem” tudo e formam o seu próprio alimento.
Antigamente, quando não havia arcas frigoríficas ou frigoríficos, as pessoas conservavam os alimentos, a carne ou o peixe em sal, pois o sal conserva.
Aproveita este assunto e refere que comer muitas favas com feijões ou com muita carne, como se faz com a feijoada, é uma estupidez. Se comermos isto durante uma semana, garante que iremos morrer, porque é um prato altamente tóxico, uma vez que é contém muito azoto.
As plantas são as nossas “fábricas” de carbono e não precisam de nós para nada. Agora, até descobriram que há plantas produtoras de proteínas.
Falou, ainda, que os morangos que comemos no inverno são daqueles produzidos pelo método de hidroponia, que se encontram pendurados e os que estão no chão são os do verão.
Referiu que uma árvore com 100 000 toneladas dá mais oxigénio do que todas as árvores do Parque do Gerês e, infelizmente, elas estão a ser brutalmente destruídas.
Ficou espantando e chocado quando viu que uma floresta, por exemplo a floresta Amazónica, já não tinha tantas árvores como outrora. Antes, ao que ele chama a nossa ”gaiola”, havia muitas florestas e, atualmente, só há 20% das florestas que existiam.
Numa das duas viagens, o Prof. Jorge foi a uma floresta, onde tirou uma fotografia, em janeiro do ano passado (2015). Ele mostrou a fotografia, onde se visualizava muito bem o problema da desflorestação, ou seja, estava bem patente o desaparecimento das árvores a uma velocidade colossal. Atrás estão as árvores muito grandes e as mais pequenas estão à frente e paradas à espera da luz solar, para depois, tendo todas as condições necessárias, crescerem mais e se desenvolverem.
De seguida, falou da água. Os homens são constituídos por 70% de água. Refere que as mulheres têm um pouco menos, porque têm mais gordura. Face a esta afirmação do palestrante, instalou-se no Multiusos um ambiente de gozo dos rapazes para com as meninas.
 O Dr. Jorge falou-nos, também, das suas visitas de estudo com os alunos. Se fosse para um sítio onde houvesse uma cascata, fazia questão de beber dessa água. Os alunos traziam garrafas de água de casa e perguntavam-lhe se ele queria beber. A sua resposta era sempre não. Perguntava-lhe, ainda, se a água que estava disposta na Natureza, como é o caso das cascatas, se se bebia. Ele respondia, de imediato, que nós não tínhamos nenhuma água especial para beber. Dito isto, acrescentou que, nas suas viagens, quando havia um lago com hipopótamos, ele até aí ia. Porém, assegura que só podemos beber água potável, pois esta não contém micróbios.
É evidente que as águas precisam de ser sujeitas a um tratamento, pois hoje já encontramos fontes com água que não é totalmente potável. No entanto, nós não podemos beber água da pocilga e um porco já pode, porque está adaptado, ilustra ele.
Tudo começa com a água/ um caldo quente, referindo-se, deste modo, ao aparecimento das primeiras moléculas orgânicas nos oceanos primitivos que permitiram o aparecimento da vida na Terra, porque o Sol tinha energia suficiente e a luz chegava mais à Terra. Quando aparece a espécie humana, por incrível que pareça, a biodiversidade estava no máximo e nós até aparecemos em florestas com muita água.
O leão quando come fica cheio, ou seja, sem fome e, por tal, não vai atacar, porque se o fizer vai gastar energia.
Com a evolução foram aparecendo cada vez mais animais e muitas plantas, o que considera ser muito bom.
Fez referência aos presépios. Os animais que o constituem são as ovelhas, a vaca e o burro. A ovelha, que fornece carne para alimento e lã para cobrir os corpos, a vaca, pois possui a carne para comer e o burro que apenas serve para carregar coisas pesadas.
O seu pequeno almoço numa semana nunca é igual. Já quando vai a um restaurante nunca come pratos do dia. Opta sempre por comer aquilo que não comem tanto. Ele varia muito a alimentação e é, por isso, que tem o mesmo peso de quando tinha a nossa idade, afirma o Dr. Jorge a sorrir.
O teixo é uma planta que possui um elemento alcaloide tóxico, a taxina. Antigamente as pessoas, sem saberem o que esta planta continha, colocavam-na nos cemitérios. De seguida, conta que teve um amigo, que morreu jovem com um cancro no testículo. O amigo morreu dois anos após lhe diagnosticarem o tumor. Segundo ele, hoje não se ouve falar em jovens que morram com cancro do testículo. As pessoas, hoje em dia, curam-se com a tal planta teixo, nomeadamente com a utilização da taxina nos tratamentos. O que há alguns anos ninguém diria que esta simples planta pudesse fazer.
Atualmente nota-se uma evolução no tratamento e mesmo cura de algumas doenças. Por exemplo, na diabetes, que atualmente já há cura.
Conclui a palestra afirmando que é preciso preservarmos esta “gaiola”, a nossa gaiola. Os alunos aplaudiram bastante este momento, pois consideraram uma palestra bastante dinâmica, bem conduzida, instrutiva e que captou a atenção de todos do princípio ao fim.
No final, houve espaço para as questões.
Como, durante a palestra ele referiu que preferia doutorar em plantas mulheres e não homens, perguntaram-lhe o porquê. Ele respondeu, de imediato, que se devia ao facto de uma mulher ter muita paciência e não dizerem, por exemplo, logo os seus segredos. Os homens acabam logo por os dizer.
Perguntaram-lhe também como se demarcava o território. Ele responde dizendo que, no caso dos homens é com água de colónia, mas as mulheres acabam por se aperceber logo ou, então, com o olhar. Isto gera logo motivo de riso por parte dos ouvintes.
O toque soou e, como não havia mais questões, o Prof. Jorge Paiva deu por terminada a sessão. Saímos, nesse dia 20 de abril, pelas 11 horas e 45 minutos, todos com a sensação do dever cumprido!
Sofia Pedrosa, n.º 24, 11.º B/ O Ciclista

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