Atravessamos um período em que se pode afirmar que a
tecnologia domina a sociedade.
Falamos de uma Sociedade de informação e não
questionamos a sua relevância na vida do Homem, pois consideramo-la de enorme importância.
Aproveitando o momento em que se celebra o Dia da
Internet Segura, no próximo dia 9, nada melhor de que nos debruçarmos sobre os
efeitos que o seu uso, porventura abusivo, pode implicar na socialização,
particularmente para os jovens.
A ideia de desencadear a polémica face ao uso
indevido dos meios de Comunicação, particularmente das redes sociais, levou o
Clube de Jornalismo, O Ciclista, a dinamizar uma
atividade na Escola Básica e Secundária de Anadia.
Arregaçaram-se as mangas e foi feita uma
investigação aleatória nas redes sociais dos alunos da escola: apenas de um
aluno por turma. O resto foi fácil, copiámos uma das fotos que cada um
disponibiliza nas respetivas redes sociais, nomeadamente o facebook.
A nossa ação foi desenvolvida por toda a Escola com
a apresentação dessa mesma foto em cada uma das 59 turmas.
Pretendemos, com esta ação, despertar todos para uma
realidade que tem vindo a aumentar de modo exponencial. Quisemos mostrar como é
fácil invadir a privacidade de cada um de nós. E, mais, como é fácil usar-se o
que disponibilizam, por exemplo, as fotografias.
Gostaríamos de ver as nossas fotos serem entregues a
qualquer um por aí?
A resposta de todos foi óbvia: não!
Porém, é exatamente o que fazemos: disponibilizamos
diariamente um manancial de informações pessoais e depois, como por magia todos
conhecem a nossa realidade.
Pretendemos, ainda, alertar sobre os efeitos que o
uso abusivo dos meios tecnológicos pode ter sobre a comunicação direta, ou
seja, “cara a cara” entre as pessoas.
A nossa preocupação prende-se com a falta de
convívio e a perda que se está a verificar nesta sociedade tecnológica de
vermos retribuída a expressão daquela pessoa a quem dirigimos um simples olá, ou
vermos o sorriso no rosto de alguém que encontramos na rua e nos cumprimenta
com carinho…
Será que iremos ter um futuro em que não existirão
cumprimentos, em que não se dará aquele aperto de mão afetuoso de alguém
conhecido, ou o tradicional beijo na face de um amigo?!
Será que se está a perder… o simples contacto visual
entre as pessoas?
É este alerta que pretendemos transmitir e que a
nossa campanha ambicionou e ambiciona reforçar. É preciso estar ciente dos
perigos que rondam a Internet e suspeitar de tudo. Suspeitar de todos os
serviços, aplicações, particularmente, de mensagens que pedem informações
pessoais.
As redes sociais têm sido alvo de ataques, de
diversas formas, pelos hackers que tentam roubar informações pessoais dos
utilizadores. Acontece, por exemplo com as contas das redes sociais como o
Facebook, ou o Twitter, que podem, por isso, ser alvos fáceis para o roubo de
identidade, o que comporta um seríssimo problema, que frequentemente se pode
arrastar e trazer diversas complicações legais para a vítima.
Recomendamos, por isso, que limitem a quantidade de
informações pessoais que se compartilham em qualquer rede social. Não dar
demasiadas informações, de modo a diminuir as hipóteses de haver o tal roubo de
identidade. Por exemplo, nunca fornecer o número de telemóvel ou telefone, a
data de nascimento, ou o endereço no perfil das suas redes sociais. Usar senhas
diferentes e fortes, pois torna-as mais difíceis do hacker as adivinhar. Suspeitar
de todos os serviços, aplicações, mensagens que pedem informações
pessoais.
Um outro alerta que fazemos é o cuidado que devem
ter com a instalação de programas maliciosos ou ameaças instaladas no
computador, que podem comprometer as informações pessoais. Salientamos que
alguns programas têm a capacidade de abrir remotamente o sistema e permitem com
facilidade que os cibernéticos, tenham acesso a todas as informações sem o conhecimento
dos utilizadores.
Excluir sempre o correio eletrónico que pareça
suspeito, ou que provenha de pessoas desconhecidas.
Estamos muitas vezes rodeados de pessoas, mas tão
longe uns dos outros que deixamos de nos conhecer através dessa linguagem
fantástica que é a fala. Conhecemo-nos antes, através de uma linguagem escrita
(e, às vezes, tão mal escrita!) de telemóveis, de redes sociais, … pessoas sem
rosto que são “amigas” de milhares de amigos nossos, eternos desconhecidos!
No final da atividade, que decorreu ontem na escola,
ficámos com um sentimento de dever cumprido. Sem dúvida que os cartazes que
afixamos e os marcadores de páginas de livros com dicas de utilização dos meios
de comunicação social que foram oferecidos a todos, alunos, pessoal docente e
não docente, são importantes. Porém, julgamos que a ação direta que dinamizámos
em sala de aula, particularmente a apresentação da fotografia de um dos alunos
da turma, retirada do seu facebook, chocou a comunidade educativa e trouxe uma
nova perspetiva face à utilização das redes sociais.
Os nossos colegas e mesmo professores louvaram a iniciativa.
Contudo, esperamos ter passado a mensagem, não apenas aos nossos colegas,
através da nossa ação na Escola, mas, também ter contribuído para que, na nossa
rubrica semanal do programa Supermanhã, os ouvintes, bem como todos os leitores
d’O Ciclista possam fazer um melhor
uso e com maior segurança dos meios de comunicação e informação.
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