Senti todos agitados à minha volta e ouvi o mano mais
velho dizer que era hora de sair. Como ansiei a chegada daquele momento mágico!
No quentinho lá de dentro, imaginei todos os dias como
seria o mundo lá fora. Eu queria pular, queria correr, queria brincar e, mais
que tudo, queria muito conhecer o rosto da mamã, que todos os dias nos
transportava na barriguinha, mesmo sendo nós tão pesados!
E, foi aí que ouvi o seu latido. A mamã esforçou-se muito
para nos pôr lá fora.
Eu e os manos guinchámos de alegria, a mamã era linda. Com
a sua língua lavava-nos, mesmo cansadinha do parto, enquanto nos amamentava e
que bom que era o seu leite quentinho. Mas, de repente, senti uma mão puxar-me,
uma mão que me tirou dali, do conforto da minha família. Com os meus irmãos,
fui brutalmente levado para longe da mamã. Ainda consegui ouvir o seu latido,
cada vez mais longe, a chamar por nós. Depois, senti aquela mesma aterradora
mão, largar-me e uma dor terrível preencheu o meu corpo. Uma forte pancada fez-me
cair naquele escuro, profundo e frio abismo. Consegui encontrar os meus irmãos.
Aninhámo-nos todos e gritámos, chorámos pela mamã. Estávamos gelados, doloridos
e com muita fome. Numa agonia interminável, os meus olhinhos fechavam-se, até
que eu deixei de sentir qualquer tipo de fome, de frio e de dor… e tudo
desapareceu.
Não sei onde estou, daqui pergunto-me que mão cruel me
tirou da minha mamã, para me colocar naquele buraco escuro e frio, onde tanto
sofri. Que mão perversa foi aquela que me assassinou a esperança de pular,
correr e brincar. Pergunto-me porquê? Eu tinha acabado de nascer…
Adriana
Matos, nº 2, 10º D /O Ciclista
Nota:
Infelizmente, os maus-tratos e abandono de animais são uma
realidade muito dura, ainda vivenciada nos dias de hoje.
Escrevi esta história depois de presenciar a terrível
situação de uma recém-nascida ninhada de cachorros que foi deitada no caixote
de lixo e que já não consegui salvar. Quero, com esta história, sensibilizar as
pessoas para a crueldade deste tipo de atitudes, pois choca-me imenso a
insensibilidade dos seres humanos que praticam estas ações.
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