O grupo de Geografia, mais
propriamente a Dra. Graça Matos, em colaboração com os professores que lecionam
o 9.º ano do grupo de Físico-Química, organizaram toda a dinâmica para tornar
possível que os alunos do 9.º ano e alguns do 10.º ano da Escola Básica e
Secundária de Anadia assistissem à conferência sobre mudanças climáticas.
Porém, esta conferência intitulada “Clima em Direto” foi bem diferente de
qualquer uma já realizada. A Sala Multiusos da Escola foi o local que prendeu a
atenção dos alunos ao ecrã, naquela que foi a primeira transmissão em live
streaming realizada em Escolas do Agrupamento.
Esta tecnologia permitiu aos
alunos e professores de vários pontos do país, interagissem em tempo real com
especialistas na área das alterações climáticas.
A transmissão do
evento, assegurada pela equipa da Unidade de Tecnologias Educativas da
Universidade do Porto, foi dinamizada pela equipa do Clima@EduMedia.
A tecnologia utilizada possibilita
um número ilimitado de participantes, permitindo acompanhar este evento em
tempo real, a partir da web, pelo que permitiu a ligação da nossa e de muitas
outras escolas do país ao Porto, local onde a Conferência decorreu. Para
assistir à conferência em direto bastou à nossa, bem como a todas as escolas
que participaram na conferência, aceder a uma hiperligação disponibilizada pela
organização.
Esta iniciativa foi estruturada
com o objetivo de sensibilizar a comunidade educativa e estudantil para a
importância das alterações climáticas. Os especialistas convidados, Professor
Dr. Pedro Pinho e Professora Dra. Ana Margarida Faria, abordaram o tema da
Biodiversidade na perspetiva das mudanças do clima.
O Professor Dr. Pedro Pinho, doutorado
em Biologia-Ecologia, é investigador da Faculdade de Ciências da Universidade
de Lisboa e o seu trabalho centra-se na utilização da vegetação para perceber
os efeitos de diversas alterações ambientais na estrutura e funcionamento dos
ecossistemas.
A sua investigação recai sobre os
ecossistemas Mediterrânicos, sobretudo o montado, mas também sobre os ecossistemas
urbanos, centrando-se nas alterações da biodiversidade, incluindo a
biodiversidade funcional e estrutura dos ecossistemas, medidos no campo ou
através de imagens aéreas e de satélite.
Abordou as alterações ambientais
que estuda, nomeadamente as alterações globais e alterações climáticas, no
ciclo do azoto, do uso do solo e da biodiversidade.
Explicou o que era o IPCC (Intergovernmental
Panel on Climate Change - Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas),
tendo baseado algumas das explicações dadas nos relatórios/gráficos por eles
produzidos.
Falou sobre os gases de efeito de
estufa, particularmente o CO2, nomeadamente a participação das
atividades humanas na sua crescente emissão e na consequente alteração
climática. Neste ponto, apresentou as alterações climáticas portuguesas, bem
como os possíveis cenários, particularizando a situação de Portugal
Continental. Fez referência à vegetação aclimatada, especificando algumas
espécies arbóreas, como a azinheira, o sobreiro, o pinheiro bravo, e o
carvalho, cuja distribuição, segundo os estudos realizados, são influenciados
pelo clima. Denota-se que estas espécies tendem a emigrar em dois sentidos,
para o litoral e para Norte.
Este especialista debruçou-se,
também, sobre as ilhas de calor, que ocorrem em todos os centros urbanos,
mencionando os dois grandes centros nacionais, como Porto e Lisboa em que os
efeitos climáticos locais são uma realidade. Apresentou a situação particular
da cidade de Lisboa e mostrou que a variação entre o centro e a periferia das
cidades pode variar entre 4º C a 5º C.
Finalmente, expôs o problema da
mitigação e da adaptação, referindo que se diminuirmos o consumo energético
estamos a mitigar o efeito das alterações climáticas. Aludindo ao facto de esta
redução, levar a uma diminuição das emissões de CO2, que é um dos
objetivos das Nações Unidas.
A Profª. Dra. Ana Faria, a outra
especialista que conferenciou, após doutorar-se na área de Ecologia Marinha, na
Universidade do Algarve, em 2010, iniciou a sua investigação no Instituto
Universitário, integrando o Centro de Investigação MARE (Centro de Ciências do
Mar e do Ambiente). Atualmente mantém-se no MARE onde, a par da investigação, é
também docente na Licenciatura em Biologia e no Mestrado de Biologia Marinha e
Conservação. Recentemente ganhou uma Medalha de Honra L’Oréal Portugal para as
Mulheres na Ciência 2016, com um estudo sobre o impacte das alterações
climáticas no desenvolvimento dos peixes.
A investigadora começou por
referir que uma das ameaças aos ecossistemas marinhos é a acidificação dos
oceanos. Esta é, segundo referiu, um outro problema das alterações climáticas.
Acrescentou que atualmente se fala muito em alterações climáticas, dado serem
uma das maiores ameaças e dos maiores desafios que a humanidade enfrenta. Disse
que, embora já tenham ocorrido alterações em outros períodos da História da
Terra, aquelas que o nosso planeta está a sofrer atualmente são bastante graves
por ocorrerem a um ritmo muito mais rápido. Terá, por isso, de se perceber até
que ponto as espécies vão ser afetadas e se vão ter a capacidade de adaptação a
estas alterações.
Para ela, tudo começa nos
oceanos, dado estes serem os principais responsáveis pela absorção da maior
parte do calor que atinge a superfície terrestre, bem como pela absorção do CO2.
Ou seja, os oceanos são importantes pelo papel que detém no controlo da
temperatura. O problema é que o crescente aumento de CO2 na atmosfera
afeta a capacidade de regulação da temperatura por parte dos oceanos,
assistindo-se ao aquecimento global. Todavia, esta não é, como referiu, a única
alteração que decorre da alteração do CO2, pois acresce-se a
acidificação dos oceanos. O CO2 é absorvido pela água do mar e
provoca neste importantes alterações químicas.
Destacou como efeitos da
acidificação das águas dos oceanos a nível das espécies marítimas o seu lento
crescimento, as elevadas taxas de mortalidade, a incapacidade de reconhecer
odores de predadores e habitats, a incapacidade de reconhecer sons de habitats
e os maiores comportamentos de risco, o que os torna mais vulneráveis à
predação. Em termos ecológicos e económicos salientou a perda da biodiversidade.
Interessante foi o exemplo do Nemo,
sobre o desenvolvimento e comportamento dos peixes, em particular nas fases
iniciais de vida, para explicar a capacidade que os peixes têm em rececionar
estímulos do meio ambiente. Segundo estes estímulos, o pequeno peixinho teria
chegado a casa, sem necessitar da ajuda dos seus amigos. Referiu o facto de o
oceano não ser um ambiente silencioso, mas um ambiente cheio de sons, que são
utilizados pelos organismos como pistas sensoriais.
Após transmitidas as exposições,
as escolas tiveram 10 minutos de discussão e preparação de questões aos
especialistas. Embora, dado o escasso tempo e o elevado número de escolas que
estava em linha, e o consequente excessivo número de questões colocadas (cada
escola podia colocar até três) não foi possível responderem em tempo real.
Aguarda-se a resposta à questão colocada pela aluna, Maria Almeida, do 9.º A,
da nossa escola no sítio do Clima@EduMedia.
“Se há tantos problemas com a emissão de CO2
motivada pelas atividades humanos. Questionamos o motivo de não ter sido
abordada a emissão de CO2 pelos animais e pelos vulcões que sabemos
que é significativamente maior.”
Para visualizar a conferência siga a hiperligação:
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